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27/10/2006
-
15h39
da BBC Brasil, em São Paulo
A eleição brasileira de 2006 está "sem graça" e desperta pouco interesse no exterior, segundo correspondentes estrangeiros de imprensa ouvidos pela BBC Brasil.
“De todas as eleições que cobri na América Latina este ano, esta é a menos interessante”, diz o correspondente do jornal italiano Corriere della Sera, Rocco Cotroneo.
Para Cotroneo, os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, e Geraldo Alckmin, do PSDB, não conseguiram mostrar ao eleitorado as diferenças entre seus programas de governo, como ocorreu em outros países.
“No México, (o candidato Andrés Manuel) López Obrador e (o presidente eleito Felipe) Calderón conseguiram dividir o país politicamente entre uma plataforma de centro-esquerda e outra de centro-direita. Na Bolívia e no Peru, também houve essa divisão”, disse.
Segundo ele, é difícil explicar para os leitores internacionais as diferenças entre políticas prometidas por Alckmin e Lula, pois os dois têm “programas muito parecidos”.
“O sistema político brasileiro não deixa claro o que é direita e o que é esquerda. A política é muito personalista, e as trocas de acusações mostraram isso”, disse Cotroneo.
‘Romance’
Para os correspondentes, o público internacional também perdeu interesse em Lula.
“Em 2002, quando Lula chegou ao poder, havia um pouco de romance. Tratava-se de uma história de sucesso, de um trabalhador que passou anos tentando chegar ao poder”, diz o jornalista Andrew Downie, que escreve para a revista americana Time e para o jornal britânico Daily Telegraph.
“Hoje, Lula perdeu essa aura que tinha, muito em função dos escândalos”, diz.
“Lula perdeu muito do seu brilho”, concorda Jens Glusing, jornalista da revista alemã Der Spiegel, que cobre a política brasileira desde o governo Fernando Collor.
Segundo ele, as campanhas de reeleição são “geralmente mornas” em todo o mundo.
“O que deu uma certa pimenta na campanha do Brasil foi a corrupção”, disse. “Mas logo a disputa caiu numa batalha de dossiês.”
Para Downie, o interesse internacional sobre a política brasileira diminuiu bastante nos últimos anos, em função da agenda política internacional.
“O 11 de setembro e a guerra no Iraque sugaram muitos recursos dos jornais americanos, deixando pouco espaço para cobrir outras partes do mundo”, aifrma Downie, que está no Brasil há sete anos.
Eleição está sem graça e não desperta interesse, dizem correspondentes
DANIEL GALLASda BBC Brasil, em São Paulo
A eleição brasileira de 2006 está "sem graça" e desperta pouco interesse no exterior, segundo correspondentes estrangeiros de imprensa ouvidos pela BBC Brasil.
“De todas as eleições que cobri na América Latina este ano, esta é a menos interessante”, diz o correspondente do jornal italiano Corriere della Sera, Rocco Cotroneo.
Para Cotroneo, os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, e Geraldo Alckmin, do PSDB, não conseguiram mostrar ao eleitorado as diferenças entre seus programas de governo, como ocorreu em outros países.
“No México, (o candidato Andrés Manuel) López Obrador e (o presidente eleito Felipe) Calderón conseguiram dividir o país politicamente entre uma plataforma de centro-esquerda e outra de centro-direita. Na Bolívia e no Peru, também houve essa divisão”, disse.
Segundo ele, é difícil explicar para os leitores internacionais as diferenças entre políticas prometidas por Alckmin e Lula, pois os dois têm “programas muito parecidos”.
“O sistema político brasileiro não deixa claro o que é direita e o que é esquerda. A política é muito personalista, e as trocas de acusações mostraram isso”, disse Cotroneo.
‘Romance’
Para os correspondentes, o público internacional também perdeu interesse em Lula.
“Em 2002, quando Lula chegou ao poder, havia um pouco de romance. Tratava-se de uma história de sucesso, de um trabalhador que passou anos tentando chegar ao poder”, diz o jornalista Andrew Downie, que escreve para a revista americana Time e para o jornal britânico Daily Telegraph.
“Hoje, Lula perdeu essa aura que tinha, muito em função dos escândalos”, diz.
“Lula perdeu muito do seu brilho”, concorda Jens Glusing, jornalista da revista alemã Der Spiegel, que cobre a política brasileira desde o governo Fernando Collor.
Segundo ele, as campanhas de reeleição são “geralmente mornas” em todo o mundo.
“O que deu uma certa pimenta na campanha do Brasil foi a corrupção”, disse. “Mas logo a disputa caiu numa batalha de dossiês.”
Para Downie, o interesse internacional sobre a política brasileira diminuiu bastante nos últimos anos, em função da agenda política internacional.
“O 11 de setembro e a guerra no Iraque sugaram muitos recursos dos jornais americanos, deixando pouco espaço para cobrir outras partes do mundo”, aifrma Downie, que está no Brasil há sete anos.
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