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30/10/2006 - 14h37

'Herança maldita' não desculpará erros do 2º mandato, diz jornal

da BBC Brasil

O expediente de jogar a culpa em governos anteriores e na própria falta de bagagem administrativa não poderá mais ser usado para justificar eventuais problemas que o presidente Lula venha a enfrentar em seu segundo mandato, afirma o jornal francês Les Echos.

"Os problemas do primeiro mandato (de Lula) puderam ser debitados na conta da descoberta das surpresas do poder e da dificuldade de governar um gigante complexo como o Brasil", diz o Les Echos. "Agora não é o caso."

Comparando a economia brasileira a uma baleia – "forte mas pesada" – o diário econômico lista os pontos positivos e negativos do primeiro mandato do governo petista. Entre os primeiros, estão a redução da dívida pública combinada com a luta contra a pobreza.

No entanto, escreve o jornal, "o nível de poupança continua insuficiente e a infra-estrutura é um quebra-cabeças. Os atrasos se acumulam em matéria de educação. Sem falar nas reformas que, da agricultura ao sistema previdenciário, foram postergadas para dias melhores".

Dúvidas

Outros jornais europeus levantaram dúvidas sobre os rumos econômicos do segundo mandato do presidente Lula.

"A retórica antiliberal do PT durante a campanha do segundo turno causou consternação entre vários economistas, que vêem nela um sinal de que o corte de gastos, necessário para liberar recursos para investimentos, são menos prováveis (daqui para frente)", escreveu o diário econômico britânico Financial Times.

O espanhol ABC também se mostrou confundido pelos sinais emitidos no segundo turno da campanha petista. "Como governará Lula? Apagará com a mão esquerda o que escreveu com a direita", questiona o diário.

Mas, para o também espanhol El País, o governo "enfrentará no segundo mandato os mesmos problemas do primeiro: economia, educação, corrupção e reforma agrária".

'Mal menor'

Em editoriais dedicados à eleição brasileira, os jornais portugueses sustentaram que Lula ganhou as eleições por se apresentar como "o mal menor" diante de Geraldo Alckmin, identificado com as privatizações impopulares do governo FHC.

"Nos tempos da 'viradeira', quando o Marquês de Pombal foi deposto e perseguido, um refrão popular dizia que 'mal por mal, antes o Pombal'. Na verdade, deve ser mais ou menos isto que o Ocidente pensa sobre a eventual vitória de Lula", escreveu em seu espaço opinativo o Expresso.

"Quando comparado com (o presidente boliviano) Evo Morales ou (o venezuelano) Hugo Chávez, o ex-sindicalista parece um fino estadista de enorme recorte político e diplomático."

Fim da utopia

O Diário de Notícias foi na mesma linha, e disse, em editorial, que foi "essa lógica do mal menor que provavelmente determinou um julgamento político benévolo do governo de Lula".

"A agressividade dos ataques (a Lula no segundo turno) destoou na figura de Alckmin, o apoio do casal Garotinho, envolvido em casos de corrupção no Rio de Janeiro, desfez o seu compromisso ético com o eleitorado, o julgamento moral de Lula dissipou-se e o eleitorado começou a pensar de forma mais pragmática", relatou o DN.

"É, afinal, mais o cálculo de ganhos e perdas do que a utopia de uma nova esquerda que Lula transportava que marca este segundo mandato. Essa utopia que fez sonhar uma parte da esquerda mundial ficou enterrada nos escombros dos sucessivos escândalos e Lula e o Brasil começam a entrar na normalidade da política."
 

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