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03/11/2006 - 07h13

Investimento chinês na África triplicou em um ano

MARINA WENTZEL
da BBC Brasil, em Hong Kong

O investimento estrangeiro direto da China na África cresceu 300% entre 2003 e 2004 (dados mais recentes disponíveis para comparação) quando ficou em cerca US$ 900 milhões (quase R$ 2 bilhões), segundo um estudo do Banco Mundial.

O volume, apesar de pequeno quando comparado ao total de investimentos chineses no resto do mundo – de 45 bilhões em 2004 – continua crescendo e chegou a US$ 1,18 bilhão (R$ 2,53 bilhões) no primeiro semestre de 2006.

"A China sozinha investe mais em infra-estrutura na África do que todos os países ricos juntos", disse à BBC Brasil David Dollar, diretor nacional da representação do Banco Mundial para China e Mongólia.

Para aprofundar ainda mais as relações econômicas entre o continente africano e a potência emergente, chefes de estado e representantes de 48 países se encontram em Pequim para o Fórum de Cooperação África e China que vai até domingo.

"A explosão do comércio e dos investimentos é realmente uma marca distinta da nova tendência das relações econômicas sul-sul", disse à imprensa Gobin Nankani, vice-presidente para a região da África do Banco Mundial, ao divulgar, às vésperas do encontro, o relatório 2006-Africa’s Silk Road: China and India’s New Frontier.

Comércio

Em 2005, o comércio entre a China e a África foi da ordem de US$ 21 bilhões (R$ 45 bilhões), de acordo com estatísticas oficiais chinesas, e deve chegar a US$ 50 bilhões (R$ 107 bilhões) neste ano.

"O comércio bilateral entre a China e a África deve chegar a US$ 100 bilhões nos próximos cinco anos", avaliou David Dollar.

Um número impressionante, se comparado com os US$ 11 bilhões (R$ 23,5 bilhões) negociados em 2000.

Ainda assim, a África é um continente a "ser explorado", pois representa meros 2,3% de todo comércio exterior da China, de acordo com os números do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Para a África, o comércio com a China ainda representa apenas 10% do total de trocas comerciais com o exterior. A Europa segue como principal parceira, com pouco mais de 30% das trocas, enquanto os Estados Unidos vêm em segundo lugar, com quase 20%.

No entanto, as importações e exportações para a Ásia têm crescido, ao passo que os negócios com parceiros tradicionais do norte estão em declínio.

Interesses

A China tem interesse em abrir novos mercados para suas exportações manufatureiras e busca parceiros que forneçam matérias-primas, especialmente petróleo e minérios, riquezas fundamentais para alimentar o acelerado ritmo de crescimento da economia.

A África, em contrapartida, quer levantar investimento direto e ter acesso a crédito facilitado, além de incrementar as exportações.

Politicamente, a China espera receber apoio à política da "China Única", que reconhece Taiwan como província rebelde. Por outro lado, os parceiros da África desejam um aliado econômico que não se intrometa na maneira como devem governar seus países.

"Eu acredito que a parceria entre a África e a China é positiva, pois os dois lados ganham. A África pode vender suas commodities por melhores preços, e a China encontrou um comprador para os seus produtos", pondera Dollar.

Crítica

A China vem sendo criticada por liberar empréstimos, fazer investimentos e investir em relações comerciais sem exigir comprometimento de alguns países com princípios como a proteção ao meio ambiente e o respeito a direitos humanos.

A China argumenta que as críticas são "inaceitáveis". Liu Jianchao, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, argumentou que os acordos feitos com a África têm sempre por base o benefício mútuo.

Jianchao sustentou ainda que os negócios ajudam o povo africano a melhorar a situação social e a economia local. Ele enfatizou que não é papel da China interferir na situação interna dos países.

Dollar compatilha o ponto de vista chinês. "Corrupção é um problema presente em todos os países. Eu não acho que a boa governança deva ser imposta por alguém vindo de fora", afirmou.
 

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