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09/11/2006 - 07h37

Chávez comemora resultado nos EUA e propõe renúncia de Bush

CLAUDIA JARDIM
da BBC Brasil, em Caracas

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse nesta quarta-feira que começou "a queda" do governo de George W. Bush e que o presidente americano "deveria renunciar". O comentário foi feito após o anúncio da saída do secretário de Defesa dos Estados Unidos, Donald Rumsfeld.

“Começou a queda. Acredito que começou a cair o governo de Bush. Por moral, ele (Bush) deveria renunciar”, afirmou Chávez nesta quarta-feira, em entrevista coletiva a correspondentes estrangeiros no Palácio Miraflores, na capital Caracas.

O presidente venezuelano comemorou a vitória do Partido Democrata - de oposição ao republicano Bush - nas eleições para a Câmara dos Estados Unidos. Ele sugeriu ao presidente Bush que se submeta a um referendo revogatório, para que os americanos decidam se ele deve continuar ou não no governo.

“Por que não fazem um referendo revogatório como nós fizemos aqui? Vocês querem que Bush continue sendo presidente? Isso (o referendo) seria uma saída digna”, afirmou Chávez.

Depois que a oposição venezuelana realizou um abaixo-assinado pedindo a realização de uma votação, o presidente venezuelano foi submetido a um referendo em agosto de 2004, do qual saiu vitorioso.

Após a Assembléia Constituinte realizada em 1999, passou a constar no texto da Constituição venezualana a figura do referendo revogatório. Ao atingir a metade do mandato, tanto o presidente como governadores e prefeitos podem ser levados a referendo para que a população decida se o governante deve ou não concluir seu mandato. Para realizar o referendo, os interessados precisa reunir um número mínimo de assinaturas.

Sobre as eleições nos Estados Unidos, Chávez disse ter “fé na nova correlação de forças” estabelecida pelas eleições e pediu ao Partido Democrata que "apresente o melhor de seus princípios" e que saiba "interpretar a consciência do povo" americano, que, a seu ver, condenou a guerra com o voto aos democratas.

“Tomara que o Partido Democrata interprete que esse voto é contra a guerra, contra Bush (...) e modifiquem a visão de que (eles) têm que ser a polícia do mundo”, disse o presidente venezuelano.

Visita de Lula

Chávez confirmou a visita do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, à Venezuela. Para o governo venezuelano, o fato de que a Venezuela ser o primeiro destino internacional de Lula após a reeleição é motivo de entusiamo.

Maximilien Arvelaiz, assessor de Assuntos Internacionais do presidente Chávez, disse à BBC Brasil que “é uma honra receber o presidente Lula depois de sua triunfal vitória nas urnas. É um sinal de que o processo de cooperação e integração entre nossos países está se aprofundando”, afirmou Arvelaiz.

O presidente brasileiro chega ao país na noite de domingo, mas apenas na segunda-feira estão previstas atividades públicas. Ambos presidentes devem inaugurar uma ponte construída pelo rio Orinoco pela empresa brasileira Odebrecht.

De acordo com Chávez, Lula também acompanhará a certificação de um dos 27 poços petroleiros da Faixa do Orinoco, onde as estatais petroleiras PDVSA e Petrobras desenvolvem um projeto em conjunto.

“Vamos conversar muitos temas. Lula e eu poderíamos nos classificar pela categoria da amizade perfeita. Primero o afeto. Quando nos vemos nos alegramos, que bom te ver companheiro! Dois, a amizade das idéias (...) e a amizade espiritual, quando se compartilha sentimentos como o amor aos pobres, que têm sido maltratados por sistemas excludentes”, disse.

“Eixo do mal”

Sobre a atual conjuntura latinoamericana conformada pelas recentes eleições presidenciais, Chávez afirmou não acreditar em uma divisão entre dois eixos - de aliados e não aliados aos Estados Unidos.

“O império não tem ética. Divide e reinarás, assim (eles) trabalham. Por isso não vamos cair nesse jogo. Não acredito que exista confrontação entre eixos. Alguns países podem ter enfoques diferentes, mas todos apontam pela integração”, disse Chávez.

A vitória de Daniel Ortega na Nicarágua, considerada como uma derrota para os Estados Unidos, foi comemorada em Caracas. Na noite da terça-feira durante um ato oficial, Chávez ligou para Daniel Ortega para felicitá-lo pela vitória nas eleições de domingo.

Ao mencionar a vitória de Ortega e a reeleição do presidente Lula, Chávez ironizou o termo “eixo do mal” - criado pelos Estados Unidos para designar países que supostamente colaboram com o terrorismo, como Coréia do Norte e Irã. Segundo Chávez, o “eixo do mal” latino-americano está em expansão.

“O eixo Caracas, Brasília e Buenos Aires, agora passou os Andes com a Bolívia. O eixo do mal como dizem, vai seguir crescendo por América Central e Caribe”, afirmou Chávez.
 

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