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08/11/2006 - 20h48

Bush perde principal 'falcão' da 'guerra ao terror'

da BBC Brasil

Donald Rumsfeld renunciou nesta quarta-feira ao cargo de secretário de Defesa dos Estados Unidos, um dia depois das eleições para o Congresso americano que representaram uma significativa derrota para o Partido Republicano.

Rumsfeld ficou conhecido como o principal "falcão", uma espécie de mentor, da "guerra contra o terrorismo" do governo Bush e da invasão do Iraque liderada por tropas americanas.

Ex-integrante da equipe de luta da Universidade de Princeton, Rumsfeld superou momentos de crise no passado e criou a máxima: "Se você não é criticado, não está fazendo o seu trabalho".

Rumsfeld realizou a façanha de ser o mais novo e o mais velho secretário de Defesa na história americana. Primeiro, ao ocupar o cargo no governo de Gerald Ford, entre 1975 e 1977. Depois, ao retornar à função no início do governo Bush.

Polêmico

Descrito como uma figura forte e obstinada, um genuíno político veterano, Donald Rumsfeld provavelmente foi também o mais polêmico secretário de Defesa dos Estados Unidos.

Em dezembro de 2004, admitiu ter utilizado uma máquina para reproduzir sua assinatura em cartas de condolências às famílias de soldados mortos.

Poucos dias antes, foi criticado por um fuzileiro naval americano que o acusou de permitir que soldados em combate recebessem equipamentos inadequados.

Rumsfeld também recebeu críticas por levantar dúvidas sobre se algum dia houve alguma relação entre Saddam Hussein e a Al-Qaeda, um dos argumentos utilizados na tentativa de justificar a invasão do Iraque.

"Pelo que sei, não vi nenhuma evidência forte que ligasse os dois", afirmou. Mais tarde, no entanto, emitiu um comunicado em que dizia que foi mal-interpretado.

Em abril de 2004, quando as denúncias sobre abusos contra presos em Abu Ghraib foram divulgadas, Rumsfeld fez poucos comentários sobre o assunto, o que abriu espaço para especulações de que seu cargo estava ameaçado por causa do escândalo.

Doutrina militar

Antes dos atentados de 11 de setembro de 2001, o grande projeto de Rumsfeld era dar às forças militares americanas mais mobilidade e eficiência.

A idéia, no entanto, enfrentou resistência e incomodou grupos poderosos no Congresso americano e importantes figuras militares.

Rumsfeld previu que o Iraque seria um "trabalho árduo", e alguns jornais começaram a especular sobre seu sucessor.

Mas, depois dos atentados em Nova York e Washington e da dramática e bem-sucedida ofensiva militar no Afeganistão, a cotação de Rumsfeld subiu.

Vencer a guerra no Iraque parecia ser o sucesso seguinte da doutrina Rumsfeld de mobilizar tropas mais leves, menos numerosas e com alta capacidade tecnológica.

Mas o secretário de Defesa americano irritou países europeus com sua franqueza ao descrever o ceticismo de França e Alemanha quanto à invasão do Iraque como uma voz da "velha Europa".

Sob seu comando, o Pentágono controlou boa parte da administração do Iraque. Por isso, críticos dizem que, se as coisas foram mal por lá, é díficil colocar a culpa pela situação de instabilidade no país sobre outra pessoa.

Rumsfeld também assumiu a tarefa de redirecionar a estratégia e o arsenal da maior potência militar do mundo para combater um inimigo invísivel e sem nacionalidade: o terrorismo global.

Para alguns analistas, a capacidade de Rumsfeld de cumprir tarefas tão amplas pode ter sido comprometida pelos danos que a situação no Iraque causou a sua reputação.

Regras

Donald Rumsfeld é lembrado, no entanto, como um pessoa dura e determinada, com os grandes recursos pessoais necessários para lidar com os rigores da função que ocupou.

Recentemente, escreveu um panfleto famoso nos círculos políticos americanos e conhecido como "As Regras de Rumsfeld", em que relaciona frases e reflexões suas e de outras personalidades colhidas ao longo de quase 30 anos.

Em um capítulo intitulado "Servindo ao Governo", Rumsfeld declara: "Na dúvida, não faça. Se a dúvida permanecer, faça o que é certo".

Ex-assessor de Rumsfeld, Paul Wolfowitz, o presidente do Banco Mundial, certa vez descreveu o chefe como "uma constante e ativa fonte de energia que gera uma mini-tempestade onde quer que vá".

Henry Kissinger, ex-secretário de Estado americano, chegou a dizer que Rumsfeld foi o homem mais "implacável" que já conheceu e acrescentou que tratava-se de um "hábil político-burocrata em tempo integral cuja ambição, capacidade e substância se fundem perfeitamente".

Rumsfeld passou três anos na Marinha americana antes de iniciar sua carreira política como assistente de um congressista.

Depois de quase vinte anos e após diversos empregos, foi nomeado secretário de Defesa pela primeira vez, em 1975, mais de 25 anos antes de voltar a ocupar o cargo.

No intervalo entre os governos Ford e Bush, Rumsfeld passou a maior parte do tempo em grandes empresas, incluindo fases como diretor-executivo da companhia farmacêutica GD Searle & Co, da empresa General Instrument Corporation e presidente da Gilead Sciences.

Além disso, continuou a atuar como conselheiro de governos republicanos e a exercer sua influência sobre assuntos de defesa nas décadas de 1980 e 1990.
 

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