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11/11/2006 - 22h02

Demora da ONU pode gerar crise em Kosovo, diz ONG

da BBC Brasil

A demora da ONU em definir de uma vez o status de Kosovo pode gerar uma nova crise entre a província separatista e a Sérvia, país do qual tecnicamente faz parte, alertou a organização International Crisis Group (ICG), sediada em Bruxelas.

"Quanto mais os albaneses de Kosovo tiverem de esperar (por uma decisão da ONU), maiores as chances de (haver) tentativas unilaterais de independência ou protestos”, disse o responsável por Kosovo da organização, Alex Anderson.

O separatismo é apoiado pelos cerca de 1,5 milhão de albaneses que vivem em Kosovo – mais de 80% do total dos habitantes desta província sérvia, um dos recantos mais pobres da Europa, apesar dos recursos naturais.

O mediador da ONU na questão, o ex-presidente finlandês, Martti Ahtisaari, deveria anunciar até o fim deste ano um plano para ser votado no Conselho de Segurança da ONU.

Na sexta-feira, porém, ele disse que só apresentará a proposta depois das eleições parlamentares da Sérvia – marcadas para 21 de janeiro de 2007 – por temer que o parecer seja explorado por ultra-nacionalistas sérvios durante a corrida eleitoral.

O problema é que, segundo o ICG, a demora "fragiliza a coesão dos albaneses de Kosovo", enquanto permite um aumento de "ideologias retrógradas" e ultranacionalistas da Sérvia.

Guerra

A crise em Kosovo impressionou o mundo na segunda metade dos anos 90, quando o então presidente sérvio, Slobodan Milosevic, lançou uma brutal repressão ao Exército para a Libertação de Kosovo (ELK), braço armado da causa separatista.

Em 1999, tropas da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) obrigaram os sérvios a deixar a província, e a crise passou a ser gerenciada por um grupo formado por Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Itália e Rússia.

Milosevic foi deposto e submetido a um tribunal internacional, acusado de tentar executar limpeza étnica. Morreu na prisão, em março deste ano.

"A relativa estabilidade de Kosovo não deve encorajar a comunidade internacional a imaginar que tem o luxo de agradar ambos os lados albanês e sérvio", disse Alex Anderson, do ICG.

Ele afirmou que, em Kosovo, "os políticos (pró-separatismo) prometeram a seus eleitores que a independência viria neste ano, e não articularam saídas para o período posterior".

Anderson lembrou que, na Sérvia, os nacionalistas têm avançado, chegando a aprovar em plebiscito, no fim de outubro, uma nova Constituição que determina que Kosovo deve permanecer como parte do país.

Para o ICG, o aumento das tensões pode levar a uma crise como a de 2004, quando uma série de confrontos entre sérvios e albaneses deixou mais de 20 mortos e centenas de feridos.

Os distúrbios - os piores desde o fim da guerra civil - acenderam temores quanto ao processo de paz entre albaneses e sérvios.
 

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