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21/11/2006 - 15h14

Iraque e Síria iniciam mudanças diplomáticas no Oriente Médio

PAUL REYNOLDS
da BBC Brasil

O reatamento das relações entre Iraque e Síria é parte de uma série de manobras nas quais os novos horizontes diplomáticos no Oriente Médio estão sendo testados por todos os lados.

O Irã se ofereceu simultaneamente para abrigar uma cúpula tripartite com o Iraque e a Síria neste fim de semana.

O presidente iraquiano, Jalal Talabani, deve ir a Teerã, mas ainda não se sabe se o presidente sírio, Bashar al-Assad, comparecerá.

O porta-voz de Talabani disse que não haveria uma cúpula, mas que o presidente se reuniria com Assad em outra ocasião.

Para o frágil governo iraquiano, essas ações dão alguma esperança de que seus vizinhos acreditem que ele é estável e que precisarão se entender com ele.

O Iraque também está usando o restabelecimento de seus laços com a Síria para seus próprios propósitos de segurança e enfatiza que a Síria precisa agir para impedir militantes estrangeiros de cruzar suas fronteiras com o Iraque.

Influência

Para a Síria, a movimentação aumenta sua influência sobre a região e pode ajudar a melhorar suas difíceis relações com os Estados Unidos.

Este é um grande passo da Síria, já que o país foi hostil em relação ao Iraque por muitos anos.

Os sírios se aliaram com o Irã, que não é árabe nem sunita, durante a guerra entre Irã e Iraque, apesar de que isso foi em grande parte devido à animosidade entre o então presidente sírio, Hafez al-Assad, e Saddam Hussein, rivais no movimento panárabe Baath.

A Síria também participou da coalizão contra o Iraque na Guerra do Golfo de 1991.

O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, é um mestre da tática do inesperado e espera, presumivelmente, posicionar o Irã como uma influência-chave na história futura do Iraque.

Dificuldades para os EUA

As movimentações apresentam algumas dificuldades para o governo americano.

Acredita-se que o Grupo de Estudos sobre o Iraque encabeçado por James Baker e Lee Hamilton poderia recomendar que o Irã e a Síria sejam envolvidos nas tentativas de estabilizar o Iraque, mas o governo está relutante em se aproximar demais de dois países aos quais se opõe fortemente.

O governo exige, por exemplo, que o Irã interrompa seu programa de enriquecimento de urânio para poder ser considerado um parceiro diplomático pelos Estados Unidos, algo que o Irã dificilmente aceitaria.

Conseguir que as Nações Unidas ou algum país aliado imponham sanções ao Irã por causa de suas atividades nucleares se tornará mais difícil se o Irã e o Iraque se transformarem eventualmente em vizinhos mais amigáveis.

Por outro lado, os Estados Unidos não podem impedir as ações do governo iraquiano, já que a soberania do Iraque é ponto de honra.

Washington tem, assim, poucas alternativas a não ser aceitar tudo isso, especialmente desde que a posição do presidente George W. Bush foi enfraquecida por causa da derrota que sofreu nas eleições para o Congresso.

Palavras e ações

Até agora, o Departamento de Estado dos Estados Unidos reagiu a essas movimentações simplesmente enfatizando a diferença entre palavras e ações.

“Podem ter havido declarações positivas do governo iraniano sobre querer ter um papel positivo no Iraque, mas essas declarações não foram apoiadas por ações”, disse o porta-voz do Departamento do Estado Tom Casey.

Sobre a Síria, ele disse: “A questão agora não são as palavras, são as ações que são tomadas, e certamente que o que gostaríamos de ver seria os sírios tomando ações para, entre outras coisas, evitar que combatentes estrangeiros cruzem a fronteira com o Iraque”.

Os Estados Unidos ficarão ao menos satisfeitos de ver que em uma declaração anunciando a retomada das relações, a Síria aceita a fórmula iraquiana e das Nações Unidas sobre a presença das tropas americanas no Iraque.

Ao invés de exigir a retirada imediata das tropas americanas, a Síria concordou que elas devem ser retiradas gradualmente quando não forem mais necessárias.

Opções militares

Enquanto isso, há mais discussões em Washington sobre as próximas movimentações militares dos Estados Unidos no Iraque.

O Pentágono teria apresentado três opções, conhecidas como “Go Big, Go Long and Go Home” (algo como “Vá grande, Vá por bastante tempo e Vá para casa”).

O “Go Big” veria o envio de mais 20 mil soldados americanos para reforçar o contingente de 140 mil já no país. Isso permitiria no curto-prazo combater os problemas de segurança.

O “Go Long” enfatizaria o reforço e treinamento gradual das tropas iraquianas com a ajuda americana.

O “Go Home” estabeleceria um prazo para a retirada.

O Grupo de Estudos sobre o Iraque deve publicar seu relatório no mês que vem, e deve ser seguido por decisões do governo americano.
 

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