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29/11/2006
-
13h49
da BBC Brasil, em São Paulo
Ex-embaixadores brasileiros criticaram nesta terça-feira a política externa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a chamada “diplomacia Sul-Sul”, que prioriza a interação do Brasil com países em desenvolvimento.
Os diplomatas Sergio Amaral, José Botafogo Gonçalves e Rubens Barbosa – que assumiram embaixadas brasileiras durante a Presidência de Fernando Henrique Cardoso – também disseram que não acreditam que a política externa de Lula mudará no segundo mandato.
Os ex-embaixadores participaram de um seminário em São Paulo sobre a internacionalização das empresas brasileiras, promovido pela organização não-governamental Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).
No primeiro mandato de Lula, o Itamaraty – sob a liderança do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim – deu ênfase às relações com países do hemisfério sul, com iniciativas como a criação da Comunidade Sul-Americana de Nações (Casa) e viagens presidenciais à África.
“Sou favorável ao comércio com qualquer país, você vende para todos que queiram comprar. O que eu não acho bom é priorizar um grupo de países em detrimento de outros”, disse Sergio Amaral, que foi embaixador do Brasil em Londres (1999-2001) e representante brasileiro na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (2003-2005).
Amaral disse que a participação das exportações para os Estados Unidos caiu recentemente de 25% para 18% na pauta brasileira.
“Isso é ruim, pois vendemos para os Estados Unidos produtos com valor agregado, e nesse campo acabamos perdendo espaço para a China”, disse Amaral, que atualmente é diretor do Centro de Estudos Internacionais da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP).
Iniciativa privada
O presidente do Cebri, José Botafogo Gonçalves, concorda com a avaliação de Sergio Amaral. Ele não acredita que o Brasil vai passar a priorizar as relações com mercados de países em desenvolvimento – como Estados Unidos e Europa – em vez do “eixo Sul-Sul”, focado pelo governo Lula.
Botafogo Gonçalves também criticou setores da iniciativa privada brasileira que, segundo ele, ainda “funcionam com uma mentalidade de substituição de importações”, e preferem protecionismo governamental em vez de competição e abertura.
"Se você visitar muitas empresas e entidades empresariais, eles não querem abertura, querem é proteção do governo para seus produtos", disse o embaixador brasileiro na Argentina (2002-2004) à BBC Brasil durante o evento do Cebri.
No seminário, Botafogo Gonçalves afirmou que “mudanças na mentalidade do governo” só vão acontecer a partir de pressões do setor privado.
“Aguardar que o governo vá atrás sozinho é errado. O setor privado tem que ser o motor na mudança de pensamento do governo”, diz ele.
Estados Unidos
“O Itamaraty já desmentiu todas as notícias de que poderia mudar a política externa. Muito pelo contrário, vai seguir no mesmo caminho do primeiro mandato”, disse Rubens Barbosa, que serviu como embaixador do Brasil em Washington (1999-2004) e Londres (1994-1999).
Nem mesmo a recente substituição do embaixador brasileiro nos Estados Unidos – Antonio Patriota está entrando no lugar de Roberto Abdenur – sinalizaria uma mudança da política do Itamaraty em relação a países desenvolvidos.
“Foi apenas uma mudança de rotina dentro do Itamaraty. Ambos foram nomeados pelo Lula, não há diferença na política”, disse Barbosa, que trabalha atualmente na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), onde preside o Conselho Superior de Comércio Exterior.
Ex-embaixadores criticam política externa do governo Lula
DANIEL GALLASda BBC Brasil, em São Paulo
Ex-embaixadores brasileiros criticaram nesta terça-feira a política externa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a chamada “diplomacia Sul-Sul”, que prioriza a interação do Brasil com países em desenvolvimento.
Os diplomatas Sergio Amaral, José Botafogo Gonçalves e Rubens Barbosa – que assumiram embaixadas brasileiras durante a Presidência de Fernando Henrique Cardoso – também disseram que não acreditam que a política externa de Lula mudará no segundo mandato.
Os ex-embaixadores participaram de um seminário em São Paulo sobre a internacionalização das empresas brasileiras, promovido pela organização não-governamental Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).
No primeiro mandato de Lula, o Itamaraty – sob a liderança do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim – deu ênfase às relações com países do hemisfério sul, com iniciativas como a criação da Comunidade Sul-Americana de Nações (Casa) e viagens presidenciais à África.
“Sou favorável ao comércio com qualquer país, você vende para todos que queiram comprar. O que eu não acho bom é priorizar um grupo de países em detrimento de outros”, disse Sergio Amaral, que foi embaixador do Brasil em Londres (1999-2001) e representante brasileiro na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (2003-2005).
Amaral disse que a participação das exportações para os Estados Unidos caiu recentemente de 25% para 18% na pauta brasileira.
“Isso é ruim, pois vendemos para os Estados Unidos produtos com valor agregado, e nesse campo acabamos perdendo espaço para a China”, disse Amaral, que atualmente é diretor do Centro de Estudos Internacionais da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP).
Iniciativa privada
O presidente do Cebri, José Botafogo Gonçalves, concorda com a avaliação de Sergio Amaral. Ele não acredita que o Brasil vai passar a priorizar as relações com mercados de países em desenvolvimento – como Estados Unidos e Europa – em vez do “eixo Sul-Sul”, focado pelo governo Lula.
Botafogo Gonçalves também criticou setores da iniciativa privada brasileira que, segundo ele, ainda “funcionam com uma mentalidade de substituição de importações”, e preferem protecionismo governamental em vez de competição e abertura.
"Se você visitar muitas empresas e entidades empresariais, eles não querem abertura, querem é proteção do governo para seus produtos", disse o embaixador brasileiro na Argentina (2002-2004) à BBC Brasil durante o evento do Cebri.
No seminário, Botafogo Gonçalves afirmou que “mudanças na mentalidade do governo” só vão acontecer a partir de pressões do setor privado.
“Aguardar que o governo vá atrás sozinho é errado. O setor privado tem que ser o motor na mudança de pensamento do governo”, diz ele.
Estados Unidos
“O Itamaraty já desmentiu todas as notícias de que poderia mudar a política externa. Muito pelo contrário, vai seguir no mesmo caminho do primeiro mandato”, disse Rubens Barbosa, que serviu como embaixador do Brasil em Washington (1999-2004) e Londres (1994-1999).
Nem mesmo a recente substituição do embaixador brasileiro nos Estados Unidos – Antonio Patriota está entrando no lugar de Roberto Abdenur – sinalizaria uma mudança da política do Itamaraty em relação a países desenvolvidos.
“Foi apenas uma mudança de rotina dentro do Itamaraty. Ambos foram nomeados pelo Lula, não há diferença na política”, disse Barbosa, que trabalha atualmente na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), onde preside o Conselho Superior de Comércio Exterior.
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