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08/12/2006 - 18h39

Cúpula da América do Sul quer avançar em integração física

CAROLINA GLYCERIO
da BBC Brasil, em Cochabamba

A Comunidade Sul-Americana de Nações (Casa) inicia nesta sexta-feira sua 2ª reunião presidencial, em Cochabamba, na Bolívia, a fim de discutir como avançar no processo de integração regional proposto na fundação da comunidade, há exatos dois anos, na cidade peruana de Cuzco.

Com a chegada dos presidentes ao longo do dia, cerca de três mil membros de delegações oficiais são esperados na cidade para participar do maior evento já realizado em Cochabamba.

Contando os policiais mobilizados de La Paz para ajudar na segurança da cúpula, há quatro mil pessoas envolvidas na organização.

Hotéis de todas as classes estão lotados e os taxistas aproveitam para fazer o máximo de corridas com os estrangeiros que desembarcam na cidade.

Um deles não escondia a frustração com informações divulgadas pela imprensa boliviana de que apenas oito dos 12 presidentes sul-americanos compareceriam.

As ausências do presidente colombiano, Álvaro Uribe, e do argentino, Nestor Kirchner, já eram esperadas. Na véspera do início do evento, os presidentes do Suriname, Ronald Venetiaan, e do Equador, Alfredo Palacio, também teriam cancelado a sua participação.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá chegar nesta sexta-feira à tarde e ser recebido pelo presidente boliviano, Evo Morales, antes da cerimônia oficial de abertura. Lula também deverá se reunir com a presidente chilena, Michelle Bachelet, durante a cúpula.

Integração física

A cooperação energética e a integração física da região estão entre os temas destacados na pauta oficial, embora não haja nenhuma indicação de que a declaração final produza resultados mais concretos do que 1ª reuniãorealizada em Brasília em setembro do ano passado, quando o presidente venezuelano, Hugo Chávez, ameaçou não assiná-la justamente por considerar seus termos muito vagos.

Segundo a imprensa boliviana, a declaração que será assinada pelos presidentes ao final do encontro deverá expressar apoio a uma proposta de unir as estatais do setor energético da América do Sul e criar um grupo de trabalho para estudar o assunto.

De acordo com informações da edição desta sexta-feira do jornal La Razón, o texto também deverá mencionar a dispensa de vistos para sul-americanos viajando pela região. O diário cita como fonte diplomatas da Venezuela e do Equador.

Um dos pontos em discussão diz respeito a como financiar projetos de infra-estrutura de grande porte na região – seja por meio de instituições já existentes, como a Corporação Andina de Fomento (CAF), ou de novas, como o Banco Sul defendido por Chávez.

Apesar das dificuldades, o discurso do governo brasileiro, principal articulador da comunidade sul-americana, é de que a integração é o destino natural para a região, que, unida, teria mais poder de barganha no cenário internacional, especialmente em negociações comerciais.

Nesse assunto, no entanto, as discussões atuais passam longe da idéia de uma zona de livre-comércio sul-americana, expressa como um dos objetivos finais da Casa na declaração de Brasília.

Representantes do Itamaraty reconheceram que a comunidade está num estágio "muito incipiente", e o próprio vice-chanceler Samuel Pinheiro disse que a "dificuldade" de integração é natural, dada a "assimetria de territórios, populações e recursos naturais" entre os países da região.

"Estamos ainda discutindo os mecanismos sul-americanos de integração", disse uma fonte do Itamaraty.

Termômetro

O governo boliviano sugeriu que os êxitos da comunidade sejam medidos de acordo com o avanço em índices sociais como saúde, emprego e educação, ao invés de indicadores econômicos como renda per capita – em que a Bolívia fica atrás de todos os outros países da região.

Em um discurso na Cúpula Social, evento paralelo à reunião oficial e realizado também em Cochabamba, Pablo Solón, embaixador de Morales para Temas de Integração e Comércio, disse que a integração tem de servir para o bem dos povos sul-americanos.
 

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