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29/12/2006
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08h08
É chegada a hora, a triste hora, de se fazer (mais uma) lista. Resumo do ano. Uma das grandes enganações da imprensa escrita, falada e televisada.
Eu vôo para o capítulo daqueles que bateram as botas. Nada melhor para se sentir vivo do que ler e reler sobre a morte dos outros. Adeus, Braguinha! Adeus, Gerald Ford! Saíram de campo bem no apagar das luzes.
Mas deixemos as notícias simpáticas para lá e vamos catar nos jornais informaticamente informalmente distribuídos os tópicos que mais renderam papo aqui por estas ilhas bravias.
Não é muito diferente do que houve aí, só que no Brasil vocês tem o Lula e nós o Blair e, pelo menos por mais um tempinho, o Saddam Hussein, com o segredo da precisa localização de suas “armas de destruição em massa” prestes a ser levado consigo para o túmulo.
Gozado, por aqui pelo menos, foi como cresceu o movimento ateísta. Nas rodas pagãs não se fala de outra coisa.
Muitos culpam o livro de Dan Brown (aquele, o do código da Vinci), mas estão mal informados. Importante mesmo para dar uma “estopada” nessa história de Deus foi o volume de Richard Dawkins, “A ilusão de Deus”, mal traduzindo.
Nele, Dawkins culpa a religião por todos os males deste mundo e de outros também, se é que há outros mundos (um assunto que não preocupou ninguém).
Dawkins deixou de lado o fascismo e o comunismo como os grandes laterais direitos da várzea do século XX e partiu de porrada para cima de Deus. O assunto foi muito popular entre as pessoas que bebem mal e lêem pior ainda.
Uma boa parte da turma do bate-boca ateíssimo nem tocou no islamismo. Medo de homem-bomba por certo. De qualquer forma, assim como certos cantores e bandas voltam à moda, o ateísmo foi um dos primeirões nas paradas de sucesso.
Menos votados
Não é bem votação, é critério de quem edita os segundos cadernos desta vida.
Mas outras questões que foram o sucesso de reuniões sociais e mesmo anti-sociais foram os blogs e tudo relacionado com computador, principalmente o fato de que a Google comprou o YouTube.
Todo mundo sabe a importância do fato e a importância paga pela primeira pela segunda: 1 bilhão e 600 milhões de dólares.
Os computadores registraram uma pronunciada queda de preço. Os celulares registraram tudo e todo mundo comentou por seu intermédio (dos celulares, claro) o fato.
A falta de assunto, e não saber como expressá-la, será sempre uma vencedora em qualquer língua ou sotaque.
Por isso mesmo é que o novo James Bond, o ator e ex-pedreiro (acho, é o que parece ter sido) Daniel Craig, é louro e tem todo jeito de ser mais chegado a um chope duplo do que a um martini batido e não misturado.
O resto
O resto foi tudo bobagem. Como a Terra está cada vez mais quente. Como se está jogando pela Internet. Como o multiculturalismo virou “já era” com tanta rapidez.
Como é antipático esse papa alemão. Como em matéria de sexo todo mundo já deu (deram?) tudo que tinha para dar. Como o Bill Gates pode distribuir tanto dinheiro entre os pobres e continuar a ser não só menosprezado como também odiado.
Como o terrorismo é a coqueluche – não, não, a Gripe Espanhola! – de nos jours. Como o francês continuou sua lenta queda, passando de língua mais franca para, com algum esforço, continuar sendo usado em menu mesmo em terras de Racine, Boileau e La Fontaine.
Como Londres está cada vez mais perto de Tóquio como a cidade mais cara do mundo. Como a conjunção civil entre pessoas do mesmo sexo passou a ser vista com a maior naturalidade por parte de todos os interessados.
Como a digitalização mudou nossas vidas. Como a energia nuclear passou de vilã a heroína. Como os aeroportos do mundo inteiro vivem dia de caos após dia de caos. Como tem gente feia falando bem do neoconservadorismo.
Conclusões
Não há conclusões. O ano foi chato. Melhorzinho um pouco que 2005, mas bem pior do que vai ser 2007. Durma-se com um barulho desses quem estiver na avenida Atlântica na passagem do ano.
Ivan Lessa: De que se falou em 2006?
da BBC BrasilÉ chegada a hora, a triste hora, de se fazer (mais uma) lista. Resumo do ano. Uma das grandes enganações da imprensa escrita, falada e televisada.
Eu vôo para o capítulo daqueles que bateram as botas. Nada melhor para se sentir vivo do que ler e reler sobre a morte dos outros. Adeus, Braguinha! Adeus, Gerald Ford! Saíram de campo bem no apagar das luzes.
Mas deixemos as notícias simpáticas para lá e vamos catar nos jornais informaticamente informalmente distribuídos os tópicos que mais renderam papo aqui por estas ilhas bravias.
Não é muito diferente do que houve aí, só que no Brasil vocês tem o Lula e nós o Blair e, pelo menos por mais um tempinho, o Saddam Hussein, com o segredo da precisa localização de suas “armas de destruição em massa” prestes a ser levado consigo para o túmulo.
Gozado, por aqui pelo menos, foi como cresceu o movimento ateísta. Nas rodas pagãs não se fala de outra coisa.
Muitos culpam o livro de Dan Brown (aquele, o do código da Vinci), mas estão mal informados. Importante mesmo para dar uma “estopada” nessa história de Deus foi o volume de Richard Dawkins, “A ilusão de Deus”, mal traduzindo.
Nele, Dawkins culpa a religião por todos os males deste mundo e de outros também, se é que há outros mundos (um assunto que não preocupou ninguém).
Dawkins deixou de lado o fascismo e o comunismo como os grandes laterais direitos da várzea do século XX e partiu de porrada para cima de Deus. O assunto foi muito popular entre as pessoas que bebem mal e lêem pior ainda.
Uma boa parte da turma do bate-boca ateíssimo nem tocou no islamismo. Medo de homem-bomba por certo. De qualquer forma, assim como certos cantores e bandas voltam à moda, o ateísmo foi um dos primeirões nas paradas de sucesso.
Menos votados
Não é bem votação, é critério de quem edita os segundos cadernos desta vida.
Mas outras questões que foram o sucesso de reuniões sociais e mesmo anti-sociais foram os blogs e tudo relacionado com computador, principalmente o fato de que a Google comprou o YouTube.
Todo mundo sabe a importância do fato e a importância paga pela primeira pela segunda: 1 bilhão e 600 milhões de dólares.
Os computadores registraram uma pronunciada queda de preço. Os celulares registraram tudo e todo mundo comentou por seu intermédio (dos celulares, claro) o fato.
A falta de assunto, e não saber como expressá-la, será sempre uma vencedora em qualquer língua ou sotaque.
Por isso mesmo é que o novo James Bond, o ator e ex-pedreiro (acho, é o que parece ter sido) Daniel Craig, é louro e tem todo jeito de ser mais chegado a um chope duplo do que a um martini batido e não misturado.
O resto
O resto foi tudo bobagem. Como a Terra está cada vez mais quente. Como se está jogando pela Internet. Como o multiculturalismo virou “já era” com tanta rapidez.
Como é antipático esse papa alemão. Como em matéria de sexo todo mundo já deu (deram?) tudo que tinha para dar. Como o Bill Gates pode distribuir tanto dinheiro entre os pobres e continuar a ser não só menosprezado como também odiado.
Como o terrorismo é a coqueluche – não, não, a Gripe Espanhola! – de nos jours. Como o francês continuou sua lenta queda, passando de língua mais franca para, com algum esforço, continuar sendo usado em menu mesmo em terras de Racine, Boileau e La Fontaine.
Como Londres está cada vez mais perto de Tóquio como a cidade mais cara do mundo. Como a conjunção civil entre pessoas do mesmo sexo passou a ser vista com a maior naturalidade por parte de todos os interessados.
Como a digitalização mudou nossas vidas. Como a energia nuclear passou de vilã a heroína. Como os aeroportos do mundo inteiro vivem dia de caos após dia de caos. Como tem gente feia falando bem do neoconservadorismo.
Conclusões
Não há conclusões. O ano foi chato. Melhorzinho um pouco que 2005, mas bem pior do que vai ser 2007. Durma-se com um barulho desses quem estiver na avenida Atlântica na passagem do ano.
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