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04/01/2007 - 19h01

Análise: Após um ano de coma, Israel vive nostalgia por Sharon

KATYA ADLER
da BBC Brasil, em Jerusalém

Faz um ano que ex-premiê isralense Ariel Sharon, um homem que ficou conhecido como "o trator", está em coma, depois de ter tido um derrame cerebral.

Amado e odiado --primeiro como um militar de carreira, depois como um político-- atualmente Sharon é visto com nostalgia e como "um gigante adormecido" por muitos israelenses.

Canais de televisão e rádio em Israel estão transmitindo programas especiais a respeito de Sharon e fazendo suposições sobre o que teria acontecido se ele ainda estivesse na ativa.

"Se Sharon acordasse hoje do coma, ele ficaria decepcionado e chocado", disse Dan Bielki, editor da rádio Kol Israel.

"Tivemos uma guerra com o Hezbollah no Líbano que acabou muito mal, o Hamas está liderando o governo palestino, aqui em Israel estão ocorrendo escândalos de corrupção constantemente."

"Isto sem mencionar o presidente e o ministro da Justiça de Israel, suspeitos de crimes sexuais", disse Belki.

Kadima

Ariel Sharon pode estar fora da política atual de Israel, mas ele deixou um legado. Ele fundou o partido político Kadima (Avante), apenas um mês antes de entrar em coma.

Zeev Boim seguiu Ariel Sharon, abandonando o partido de direita Likud e se juntando ao Kadima.

"Sentimos falta de Ariel Sharon e seria melhor se ele ainda estivesse entre nós, continuando sua liderança. Mas, como um político e membro do governo, preciso olhar para frente", disse.

Mas o líder do Likud, Binyamin Netanyahu, um adversário de longa data de Sharon e também um ex-premiê, afirmou que 2006 provou que Sharon estava errado.

"As coisas que falamos antes das eleições, como a ameaça ser o Irã, tiveram, inicialmente, sua importância reduzida, mas agora são aceitas pelo público", disse.

"Também alertamos quando aos foguetes, no norte, do Hezbollah, e no sul, vindos da Faixa de Gaza. O público diz quem está certo e quem está errado e, se Ariel Sharon estivesse entre nós hoje, ele teria que revisar suas posições, pois, em algum momento, ele levaria um golpe da realidade."

Sem mudança

Ariel Sharon ficou célebre por mudar de direção política.

Antes visto como o defensor dos colonos israelenses em terras que os palestinos alegavam ser deles, ele retirou todos os colonos e soldados israelenses da Faixa de Gaza em 2005.

Um ano depois, soldados israelenses estavam de volta depois que um de seus cabos foi capturado por militantes palestinos.

Na Cidade de Gaza, no Café Deleece, os estudantes palestinos Wissam e Walaah afirmam que sua decepção continua a mesma, não importa quem esteja no governo de Israel.

"O partido político que Olmert está liderando foi criado por Ariel Sharon. Eu considero Olmert um péssimo aluno de Sharon, esta é a única diferença", disse Wissam.

Walaah acrescenta que a "política de Israel é igual, mesmo que o rosto tenha mudado".

Adormecido

Para o analista político Daniel Ben Simon, essa "nostalgia" em relação a Sharon estaria impedindo Israel de seguir em frente.

"Não podemos saber o que teria acontecido se Sharon tivesse ficado conosco. Mas, com certeza, ele se transformou em uma figura paterna."

"Infelizmente, agora os israelense precisam presenciar um funeral para ver o fim de Sharon. Enquanto não acontecer um funeral, haverá a nostalgia de Sharon", disse.

Atualmente Sharon está em uma clínica em Tel Aviv.

A lei israelense não permite que as máquinas que mantém o ex-premiê vivo sejam desligadas, mas médicos afirmam que é muito improvável que Sharon volte à consciência.

Especial
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