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04/01/2007
-
18h17
da BBC Brasil, em Bagdá
Foi uma semana difícil para o primeiro-ministro do Iraque, Nouri Maliki.
Como a maioria dos iraquianos, o premiê esperava passar o tradicional festival muçulmano do final do ano, o Eid al-Adha, descansando e se preparando para um novo ano.
Segundo o roteiro original, seu inimigo, Saddam Hussein, seria executado e, efetivamente, cortado do cenário político.
Os partidários do ex-líder fizeram uns poucos e pequenos protestos, mas uma vez que estes protestos fossem encerrados, o caminho estaria aberto para negociações com figuras mais moderadas no partido ilegal de Saddam, o Baath.
Mas, no Iraque, o roteiro quase nunca é seguido.
O embaraço causado pela forma com que a execução de Saddam Hussein foi conduzida já foi muito ruim.
Mas, em alguns momentos, a versão oficial dos eventos foi enfraquecida, às vezes justamente por aqueles de quem Maliki esperava mais lealdade.
Isto deu a impressão de que existe pouca disciplina dentro do governo iraquiano, e que seus companheiros de coalizão curdos e sunitas são pouco mais do que adornos para o que é, essencialmente, um governo xiita.
O resultado foi a condenação de todo mundo, protestos inflamados de líderes tribais sunitas defendidos por Saddam durante seu governo e reclamações até mesmo dos partidários xiitas mais moderados, que afirmaram que esta não é maneira de conduzir uma democracia moderna.
Não é de espantar o fato de Maliki estar farto.
Estratégia
Em uma entrevista ao jornal americano Wall Street Journal publicada na terça-feira, o premiê disse que apenas aceitou o cargo por senso de dever, e que ele iria deixar o cargo antes do fim de seu mandato de quatro anos, em 2009.
"Queria que isso pudesse ser feito até mesmo antes do fim deste termo", disse ele ao jornal.
A entrevista foi concedida antes do Natal - quase uma semana antes da execução.
Pode existir uma estratégia cuidadosamente pensada nas observações aparentemente casuais de Maliki.
As declarações foram feitas pouco antes do anúncio, planejado pelo presidente americano George W. Bush, de uma nova estratégia para o Iraque.
Ainda não há uma explicação oficial antecipando o que será este plano, mas a maioria dos analistas acredita que vai incluir um aumento no número de soldados para ajudar no combate à violência.
As alegações de Maliki também destacam que qualquer novo plano militar será inútil sem uma mudança radical nas estratégias políticas.
Então, talvez as palavras do líder iraquiano serão interpretadas em Washington como: "se você não me der o apoio que preciso, vou renunciar".
O que quer que esteja por trás destes comentários, parece claro que estamos nos aproximando de um momento importante na luta pelo controle do país.
Veja o especial da BBC Brasil sobre a morte de Saddam
Premiê iraquiano estaria pedindo mais apoio dos EUA
PETER GRESTEda BBC Brasil, em Bagdá
Foi uma semana difícil para o primeiro-ministro do Iraque, Nouri Maliki.
Como a maioria dos iraquianos, o premiê esperava passar o tradicional festival muçulmano do final do ano, o Eid al-Adha, descansando e se preparando para um novo ano.
Segundo o roteiro original, seu inimigo, Saddam Hussein, seria executado e, efetivamente, cortado do cenário político.
Os partidários do ex-líder fizeram uns poucos e pequenos protestos, mas uma vez que estes protestos fossem encerrados, o caminho estaria aberto para negociações com figuras mais moderadas no partido ilegal de Saddam, o Baath.
Mas, no Iraque, o roteiro quase nunca é seguido.
O embaraço causado pela forma com que a execução de Saddam Hussein foi conduzida já foi muito ruim.
Mas, em alguns momentos, a versão oficial dos eventos foi enfraquecida, às vezes justamente por aqueles de quem Maliki esperava mais lealdade.
Isto deu a impressão de que existe pouca disciplina dentro do governo iraquiano, e que seus companheiros de coalizão curdos e sunitas são pouco mais do que adornos para o que é, essencialmente, um governo xiita.
O resultado foi a condenação de todo mundo, protestos inflamados de líderes tribais sunitas defendidos por Saddam durante seu governo e reclamações até mesmo dos partidários xiitas mais moderados, que afirmaram que esta não é maneira de conduzir uma democracia moderna.
Não é de espantar o fato de Maliki estar farto.
Estratégia
Em uma entrevista ao jornal americano Wall Street Journal publicada na terça-feira, o premiê disse que apenas aceitou o cargo por senso de dever, e que ele iria deixar o cargo antes do fim de seu mandato de quatro anos, em 2009.
"Queria que isso pudesse ser feito até mesmo antes do fim deste termo", disse ele ao jornal.
A entrevista foi concedida antes do Natal - quase uma semana antes da execução.
Pode existir uma estratégia cuidadosamente pensada nas observações aparentemente casuais de Maliki.
As declarações foram feitas pouco antes do anúncio, planejado pelo presidente americano George W. Bush, de uma nova estratégia para o Iraque.
Ainda não há uma explicação oficial antecipando o que será este plano, mas a maioria dos analistas acredita que vai incluir um aumento no número de soldados para ajudar no combate à violência.
As alegações de Maliki também destacam que qualquer novo plano militar será inútil sem uma mudança radical nas estratégias políticas.
Então, talvez as palavras do líder iraquiano serão interpretadas em Washington como: "se você não me der o apoio que preciso, vou renunciar".
O que quer que esteja por trás destes comentários, parece claro que estamos nos aproximando de um momento importante na luta pelo controle do país.
Veja o especial da BBC Brasil sobre a morte de Saddam
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