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14/01/2007 - 15h55

Candidato, Sarkozy promete "ruptura tranqüila" na França

CAROLINA MORAES

da BBC Brasil, em Paris

O ministro do Interior francês e presidente do partido governista Union pour um Mouvement Populaire (UMP), Nicolas Sarkozy, lançou oficialmente, neste domingo, sua campanha à sucessão do atual presidente, Jacques Chirac.

A confirmação de Sarkozy como o candidato de centro-direita acrescenta cores à disputa para o Palácio do Eliseu, em abril deste ano.

Defensor de uma ruptura com a era Chirac, Sarkozy acabou preferindo adotar o conceito de "ruptura tranqüila", em uma tentativa de seduzir os eleitores de centro, que poderiam se deixar tentar pela rival, a candidata socialista Ségolène Royale.

Analistas afirmam, entretanto, que a idéia de ruptura é relativa, já que Nicolas Sarkozy faz parte do cenário político francês há cerca de 30 anos.

"As diferenças mais profundas se observam nas escolhas políticas do candidato da UMP", aponta William Emmanuel, jornalista e autor de um livro sobre a trajetória política de Sarkozy.

"Caso Sarkozy seja eleito, podemos esperar, no que diz respeito à política externa, uma aproximação com os Estados Unidos e uma retração da tradicional diplomacia pró-arabe francesa."

Opinião que diverge da análise do cientista político Stéphane Monclaire, da Universidade da Sorbonne, que não vê diferença entre a atual política externa do presidente Chirac e os projetos tanto de Sarkozy quanto de Ségolène Royal.

Plataforma

A campanha eleitoral do candidato de centro-direita deve enfatizar a questão da segurança pública e o combate à imigração clandestina, duas das principais frentes de batalha do ministro, que privilegia uma política securitária repressiva em detrimento de uma campanha preventiva.

Stéphane Monclaire diz que Sarkozy vai explorar sua principal imagem: "a de um homem de ordem e de ação".

O balanço das ações do Ministério do Interior, divulgado por Sarkozy na última quinta-feira, pode ser favorável à sua candidatura, mesmo sob críticas da esquerda.

Os números anunciados indicam que a delinqüência recuou 1,3% na França em 2006, mas as agressões contra pessoas aumentaram em 5,5% no período.

Se as idéias defendidas por Sarkozy para combater a criminalidade e reprimir a imigração clandestina expressam claramente uma tendência da direita conservadora, o programa econômico do candidato é mais controverso.

Analistas divergem sobre o grau de liberalismo que um eventual governo de Sarkozy injetaria na economia francesa.

Para o jornalista William Emmanuel, Sarkozy se apresenta como um liberal, mas quando esteve à frente do Ministério das Finanças, em 2004, chegou a ser acusado de nacionalista ao praticar o que seus críticos chamaram de "patriotismo econômico", tentando proteger empresas francesas das ofertas de compra de companhias estrangeiras.

O próprio Sarkozy declara sua propensão a um "liberalismo enquadrado" e afirma ser, antes de tudo, um pragmático.

Por outro lado, segundo Etienne Schweisguth, do Instituto de Estudos Políticos de Paris, Nicolas Sarkozy mostra uma tendência mais liberal ao propor reformas no sistema previdenciário e no código do trabalho.

Ele defende a redução de impostos para empresas e a criação de um contrato de trabalho único, que se situa entre o polêmico Contrato do Primeiro Emprego (CPE), do primeiro-ministro Dominique de Villepin, e o chamado Contrato de Duração Indeterminada (o CDI), que oferece mais garantias aos trabalhadores.

Corrida presidencial

A menos de cem dias das eleições presidenciais francesas, a paisagem eleitoral no país ainda não está definida. O presidente Jacques Chirac mantém o suspense e ainda não revelou se vai concorrer a um terceiro mandato.

A lista completa de candidatos será conhecida em meados de março, quando termina o prazo legal para a inscrição nas listas eleitorais.

Além de Segolène Royale e Nicolas Sarkzoy, que disputam a liderança nas pesquisas de opinião, três candidatos já estão em campanha: François Bayrou, presidente do partido de centro UDF, que disputou as últimas eleições; Marie George Buffet, que dirige o Partido Comunista; e Arlette Laguiller, da Luta Operária, formação de extrema esquerda, que concorre pela sexta vez.
 

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