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08/03/2007 - 12h46

Morre bebê que sobreviveu a aborto na Itália

VALQUÍRIA REY, de Roma
da BBC Brasil

Morreu em Florença, na Itália, na manhã desta quinta-feira, o bebê que lutava pela vida na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital Pediátrico Meyer, depois de ter sobrevivido a uma tentativa de aborto no quinto mês de gravidez.

A mãe tinha optado pelo aborto depois que dois exames indicaram a possibilidade de malformação do feto. Após a cirurgia, feita na última sexta-feira (2), veio o choque: o bebê não apresentava qualquer problema- além dos causados pelo aborto- e ainda estava vivo.

Segundo os médicos do hospital, o bebê, pesando apenas 500 gramas e medindo 20 centímetros, morreu devido a complicações cardio-respiratórias. Sobreviveu durante seis dias com uma hemorragia cerebral.

Exames

Giancarlo Scarselli, diretor do Departamento de Ginecologia do hospital, explicou que a opção pelo aborto foi feita pela mãe respeitando a lei italiana que regula as condições e procedimentos para a interrupção voluntária da gravidez.

Conforme Scarselli, o primeiro exame pré-natal, feito na 11ª de gravidez, indicava um problema de malformação.

Na 20ª semana, foi feita uma nova ecografia em que não era possível ver o estômago e surgiram as primeiras dúvidas de que poderia tratar-se de uma atresia do esôfago --desenvolvimento incompleto do órgão--, malformação que ocorre em um a cada 3,5 mil bebês.

Segundo Scarselli, a mulher se negou a fazer uma ressonância e a consultar um cirurgião pediátrico, como teriam aconselhado os médicos do hospital.

"Infelizmente, somente depois do aborto, descobrimos que o bebê era saudável", afirmou.

Na avaliação dos médicos que acompanharam o caso, estampado nas capas dos jornais de Florença, foram seguidos todos os procedimentos normais de uma gravidez.

Eles dizem que a opção pela interrupção voluntária foi tomada pela mãe.

Lei

Na Itália, o aborto é legal desde 1978 em algumas situações.

Até 90 dias de gravidez, a mulher pode interrompê-la se trouxer perigo a sua saúde física, psíquica ou problemas a sua condição econômica, social ou familiar. O aborto também pode ser feito quando se prevêem anomalias ou malformações do feto.

Depois de 90 dias, é permitido em casos de grave risco à mãe e/ou de malformações.

Segundo a lei 174, o Estado italiano também garante à mãe que decide fazer um aborto assistência clínica e psicológica.

Apesar da decisão pelo aborto ter sido tomada pela mãe, as autoridades médicas de Florença decidiram formar uma comissão para analisar o que ocorreu durante a gravidez, interrompida no quinto mês.

Eles querem saber se a mulher recebeu atendimento adequado com relação a assistência, diagnóstico, informação e comunicação.
 

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