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17/04/2007
-
11h11
da BBC Brasil, em Paris
Apenas 1,5 milhão de eleitores franceses (menos de 4% do total) vão votar nas eleições presidenciais no próximo domingo utilizando urnas eletrônicas. Mesmo assim, mais de 59 mil pessoas já assinaram na internet uma petição contra o uso delas.
O motivo para a polêmica, segundo os críticos, é que o sistema seria pouco confiável já que, além de poder apresentar falhas, poderia também ser pirateado como qualquer computador.
Em algumas localidades, como em Hauts-de-Seine, na periferia de Paris, representantes de vários candidatos pediram aos prefeitos da região para que suspendam a utilização de urnas eletrônicas nessas eleições presidenciais.
O candidato do governo, o ex-ministro do Interior Nicolas Sarkozy, que vem liderando as pesquisas de opinião, é também presidente do conselho-geral de Hauts-de-Seine.
Sem urnas eletrônicas
O município de Vandoeuvre-lès-Nancy, no leste da França, decidiu abandonar as urnas eletrônicas já adquiridas e voltar a utilizar cédulas eleitorais no pleito presidencial.
A cidade de 32 mil habitantes utilizou urnas eletrônicas nas eleições européias em 2004 e no referendo sobre a Constituição Européia, em 2005.
Olivier Simon, diretor-geral de serviços da prefeitura dessa periferia de Nancy, explica a decisão de retomar o uso das cédulas, afirmando que 'certos candidatos e partidos políticos não têm confiança no sistema informatizado'.
No total, 82 cidades de mais de 3,5 mil habitantes foram equipadas com urnas eletrônicas para as eleições presidenciais na França.
O governo afirma que esse sistema reduz os custos da votação e acelera a contagem dos votos, além de ter um impacto positivo para o meio ambiente, em razão do menor consumo de papel.
Mas apesar dos argumentos plausíveis, as críticas ao sistema são inúmeras.
"Com essas urnas, o voto e a contagem ficam escondidos. Imersos nas entranhas da máquina, sem nenhum rastro físico que possa ser conferido. A verificação passo a passo do resultado do voto se torna impossível", escreveu em um longo artigo de opinião no renomado jornal "Le Monde" o professor de filosofia Jean-Jacques Delfour.
Cédulas
Já com as cédulas eleitorais, exceto casos pouco prováveis, a impossibilidade de fraude é praticamente garantida, diz Delfour.
Alguns acham, no entanto, que as reticências em relação ao sistema informatizado podem ser explicadas pelo fato de que os franceses são ligados à tradição dos documentos em papel.
Isso explicou o atraso, hoje já recuperado, dos franceses em relação ao uso da internet há alguns anos.
Os opositores ao sistema também alegam que a votação informatizada deixou de ser utilizada, em alguns casos temporariamente, em inúmeros países, como a Irlanda, Itália, Bélgica, Espanha e Finlândia.
Eles também lembram o episódio ocorrido no Quebec, no Canadá, no qual as máquinas contaram os votos duas vezes. E também o drama ocorrido na Flórida nas eleições presidenciais nos Estados Unidos em 2000, na qual George W. Bush foi eleito.
A França optou justamente por uma tecnologia americana para sua votação informatizada.
As urnas eletrônicas nas quais alguns franceses vão escolher o próximo presidente do país foram fabricadas pela empresa ES&S, dos Estados Unidos.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre eleições na França
Franceses fazem petição contra urna eletrônica
DANIELA FERNANDESda BBC Brasil, em Paris
Apenas 1,5 milhão de eleitores franceses (menos de 4% do total) vão votar nas eleições presidenciais no próximo domingo utilizando urnas eletrônicas. Mesmo assim, mais de 59 mil pessoas já assinaram na internet uma petição contra o uso delas.
O motivo para a polêmica, segundo os críticos, é que o sistema seria pouco confiável já que, além de poder apresentar falhas, poderia também ser pirateado como qualquer computador.
Em algumas localidades, como em Hauts-de-Seine, na periferia de Paris, representantes de vários candidatos pediram aos prefeitos da região para que suspendam a utilização de urnas eletrônicas nessas eleições presidenciais.
O candidato do governo, o ex-ministro do Interior Nicolas Sarkozy, que vem liderando as pesquisas de opinião, é também presidente do conselho-geral de Hauts-de-Seine.
Sem urnas eletrônicas
O município de Vandoeuvre-lès-Nancy, no leste da França, decidiu abandonar as urnas eletrônicas já adquiridas e voltar a utilizar cédulas eleitorais no pleito presidencial.
A cidade de 32 mil habitantes utilizou urnas eletrônicas nas eleições européias em 2004 e no referendo sobre a Constituição Européia, em 2005.
Olivier Simon, diretor-geral de serviços da prefeitura dessa periferia de Nancy, explica a decisão de retomar o uso das cédulas, afirmando que 'certos candidatos e partidos políticos não têm confiança no sistema informatizado'.
No total, 82 cidades de mais de 3,5 mil habitantes foram equipadas com urnas eletrônicas para as eleições presidenciais na França.
O governo afirma que esse sistema reduz os custos da votação e acelera a contagem dos votos, além de ter um impacto positivo para o meio ambiente, em razão do menor consumo de papel.
Mas apesar dos argumentos plausíveis, as críticas ao sistema são inúmeras.
"Com essas urnas, o voto e a contagem ficam escondidos. Imersos nas entranhas da máquina, sem nenhum rastro físico que possa ser conferido. A verificação passo a passo do resultado do voto se torna impossível", escreveu em um longo artigo de opinião no renomado jornal "Le Monde" o professor de filosofia Jean-Jacques Delfour.
Cédulas
Já com as cédulas eleitorais, exceto casos pouco prováveis, a impossibilidade de fraude é praticamente garantida, diz Delfour.
Alguns acham, no entanto, que as reticências em relação ao sistema informatizado podem ser explicadas pelo fato de que os franceses são ligados à tradição dos documentos em papel.
Isso explicou o atraso, hoje já recuperado, dos franceses em relação ao uso da internet há alguns anos.
Os opositores ao sistema também alegam que a votação informatizada deixou de ser utilizada, em alguns casos temporariamente, em inúmeros países, como a Irlanda, Itália, Bélgica, Espanha e Finlândia.
Eles também lembram o episódio ocorrido no Quebec, no Canadá, no qual as máquinas contaram os votos duas vezes. E também o drama ocorrido na Flórida nas eleições presidenciais nos Estados Unidos em 2000, na qual George W. Bush foi eleito.
A França optou justamente por uma tecnologia americana para sua votação informatizada.
As urnas eletrônicas nas quais alguns franceses vão escolher o próximo presidente do país foram fabricadas pela empresa ES&S, dos Estados Unidos.
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