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20/04/2007
-
08h52
da BBC Brasil, em Caracas
O ministro de Relações Exteriores da Venezuela, Nicolas Maduro, negou que exista um "endurecimento" da relação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com seu colega venezuelano, Hugo Chávez e afirmou que as relações entre Brasil e Venezuela superam qualquer "eventual diferença".
"Os meios de comunicação tentam alimentar uma rivalidade que não existe. Lula e Chávez mantêm uma relação de confiança e amizade que vai além de qualquer diferença que eventualmente possa existir", afirmou Maduro.
Em entrevista exclusiva à BBC Brasil, o chanceler venezuelano admitiu que o debate sobre a produção de biocombustíveis entre os presidentes Lula e Chávez durante a Cúpula Sul-Americana de Energia, foi importante para que ambos os países se "posicionassem".
Maduro reafirmou o discurso de Chávez ao dizer que seu país não é contrário ao projeto brasileiro de produção de etanol e sim ao projeto dos Estados Unidos, que a seu ver, são "distintos".
"Conversamos muito sobre o tema e o presidente Lula deixou claro que o projeto brasileiro não coloca em risco a produção de alimentos para produzir biocombustível".
Diferente do projeto americano que, de acordo com Nicolas Maduro, pretende expandir a produção do etanol a partir da produção de milho para atender o que considera "o padrão de consumo desenfreado da sociedade estadunidense".
Maduro reiterou a disposição do governo venezuelano em comprar etanol do Brasil para ser mesclado à gasolina venezuelana, o que a seu ver "incrementará a demanda ao mercado brasileiro de biocombustível".
"Após a cúpula, os presidentes Lula e Chávez saíram ainda mais unidos e conscientes de que é necessário acelerar o processo de integração regional", disse Nicolas Maduro.
Banco do Sul
Outro projeto que supostamente desafinou as conversas entre Caracas e Brasília foi a criação do Banco do Sul, uma espécie de resposta sul-americana ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e ao Banco Mundial.
O presidente Lula disse que o Brasil analisaria sua adesão ao projeto por considerar que sua criação não foi discutida pelos presidentes durante a Cúpula Sul-Americana de Energia.
Sobre a decisão do presidente brasileiro, Maduro disse que haveria que "respeitar os processos de cada país".
"O Brasil preferiu analisar a proposta e por enquanto participará como observador, assim como o Equador e o Paraguai. Enquanto isso, estamos arquitetando o projeto junto com a Argentina e Bolívia", afirmou o chanceler venezuelano.
Uma das queixas de Lula é que o Brasil pretendia participar da concepção do projeto desde o começo e não integrar-se a um projeto já concebido.
Na avaliação de Maduro, no período de dois anos o Banco do Sul será a instituição financeira "mais importante para a América Latina". "Esperamos contar com a participação do Brasil neste projeto", reiterou.
Outro projeto que está sob análise do governo brasileiro é a Opegasur (Organização de Países Exportadores e Produtores de Gás de Sudamérica), uma espécie de Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) do gás.
Maduro afirma que neste momento, "apenas os países produtores e exportadores de gás integrarão o projeto. O Brasil será um dos grandes beneficiários da Opegasur".
Maduro, que assumiu a pasta do ministério de Relações Exteriores há oito meses, aproveitou para elogiar seu colega, o chanceler brasileiro Celso Amorim. "O Brasil tem uma excelente política externa, da qual devemos aprender", destacou.
Questionado sobre a suposta influência que a Venezuela poderia exercer junto à Bolívia com relação à nacionalização dos hidrocarbonetos, Nicolas Maduro negou qualquer participação de seu governo, ressaltando a autonomia de cada país.
"Uma das virtudes dos governos latino-americanos é a autonomia. Anteriormente, todos os países tinham que prestar contas aos Estados Unidos, agora não. Cada presidente tem a autonomia de tomar decisões soberanas que considere oportunas", afirmou.
"Não temos nada a ver com as decisões do presidente Evo Morales", afirmou o chanceler venezuelano.
Estados Unidos
Com relação aos Estados Unidos, as tensões, que são permanentes, parecem estar longe do fim. "É o pior momento das relações com o governo dos Estados Unidos", analisa Nicolas Maduro.
A seu ver, a vitória dos democratas no Congresso norte-americano não representou mudança alguma nas relações diplomáticas.
Para o chanceler da Venezuela, país que é o quarto principal fornecedor de petróleo para os Estados Unidos, "melhorar as relações com o governo Bush, por enquanto, não é prioridade". "Nos interessa a América Latina", destacou.
Ministro venezuelano nega "endurecimento" de Lula
CLAUDIA JARDIMda BBC Brasil, em Caracas
O ministro de Relações Exteriores da Venezuela, Nicolas Maduro, negou que exista um "endurecimento" da relação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com seu colega venezuelano, Hugo Chávez e afirmou que as relações entre Brasil e Venezuela superam qualquer "eventual diferença".
"Os meios de comunicação tentam alimentar uma rivalidade que não existe. Lula e Chávez mantêm uma relação de confiança e amizade que vai além de qualquer diferença que eventualmente possa existir", afirmou Maduro.
Em entrevista exclusiva à BBC Brasil, o chanceler venezuelano admitiu que o debate sobre a produção de biocombustíveis entre os presidentes Lula e Chávez durante a Cúpula Sul-Americana de Energia, foi importante para que ambos os países se "posicionassem".
Maduro reafirmou o discurso de Chávez ao dizer que seu país não é contrário ao projeto brasileiro de produção de etanol e sim ao projeto dos Estados Unidos, que a seu ver, são "distintos".
"Conversamos muito sobre o tema e o presidente Lula deixou claro que o projeto brasileiro não coloca em risco a produção de alimentos para produzir biocombustível".
Diferente do projeto americano que, de acordo com Nicolas Maduro, pretende expandir a produção do etanol a partir da produção de milho para atender o que considera "o padrão de consumo desenfreado da sociedade estadunidense".
Maduro reiterou a disposição do governo venezuelano em comprar etanol do Brasil para ser mesclado à gasolina venezuelana, o que a seu ver "incrementará a demanda ao mercado brasileiro de biocombustível".
"Após a cúpula, os presidentes Lula e Chávez saíram ainda mais unidos e conscientes de que é necessário acelerar o processo de integração regional", disse Nicolas Maduro.
Banco do Sul
Outro projeto que supostamente desafinou as conversas entre Caracas e Brasília foi a criação do Banco do Sul, uma espécie de resposta sul-americana ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e ao Banco Mundial.
O presidente Lula disse que o Brasil analisaria sua adesão ao projeto por considerar que sua criação não foi discutida pelos presidentes durante a Cúpula Sul-Americana de Energia.
Sobre a decisão do presidente brasileiro, Maduro disse que haveria que "respeitar os processos de cada país".
"O Brasil preferiu analisar a proposta e por enquanto participará como observador, assim como o Equador e o Paraguai. Enquanto isso, estamos arquitetando o projeto junto com a Argentina e Bolívia", afirmou o chanceler venezuelano.
Uma das queixas de Lula é que o Brasil pretendia participar da concepção do projeto desde o começo e não integrar-se a um projeto já concebido.
Na avaliação de Maduro, no período de dois anos o Banco do Sul será a instituição financeira "mais importante para a América Latina". "Esperamos contar com a participação do Brasil neste projeto", reiterou.
Outro projeto que está sob análise do governo brasileiro é a Opegasur (Organização de Países Exportadores e Produtores de Gás de Sudamérica), uma espécie de Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) do gás.
Maduro afirma que neste momento, "apenas os países produtores e exportadores de gás integrarão o projeto. O Brasil será um dos grandes beneficiários da Opegasur".
Maduro, que assumiu a pasta do ministério de Relações Exteriores há oito meses, aproveitou para elogiar seu colega, o chanceler brasileiro Celso Amorim. "O Brasil tem uma excelente política externa, da qual devemos aprender", destacou.
Questionado sobre a suposta influência que a Venezuela poderia exercer junto à Bolívia com relação à nacionalização dos hidrocarbonetos, Nicolas Maduro negou qualquer participação de seu governo, ressaltando a autonomia de cada país.
"Uma das virtudes dos governos latino-americanos é a autonomia. Anteriormente, todos os países tinham que prestar contas aos Estados Unidos, agora não. Cada presidente tem a autonomia de tomar decisões soberanas que considere oportunas", afirmou.
"Não temos nada a ver com as decisões do presidente Evo Morales", afirmou o chanceler venezuelano.
Estados Unidos
Com relação aos Estados Unidos, as tensões, que são permanentes, parecem estar longe do fim. "É o pior momento das relações com o governo dos Estados Unidos", analisa Nicolas Maduro.
A seu ver, a vitória dos democratas no Congresso norte-americano não representou mudança alguma nas relações diplomáticas.
Para o chanceler da Venezuela, país que é o quarto principal fornecedor de petróleo para os Estados Unidos, "melhorar as relações com o governo Bush, por enquanto, não é prioridade". "Nos interessa a América Latina", destacou.
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