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17/01/2010 - 12h56

Piñera pode levar a direita ao poder no Chile após 52 anos

MARCIA CARMO
enviada especial da BBC Brasil a Santiago (Chile)

Empresário, ex-senador e candidato pela segunda vez à Presidência do Chile, Sebastián Piñera, da Coalición para el Cambio (Frente para a Mudança), chega ao segundo turno das eleições no Chile, marcado para este domingo, como favorito em uma votação que promete ser apertada.

Se for eleito, ele será o primeiro representante da direita (ou centro-direita, como se define no país) a chegar ao Palácio Presidencial La Moneda desde 1958.

Desde o retorno da democracia no Chile, em 1990, a frente governista Concertación, de centro-esquerda, está à frente da Presidência.

"A Concertación está há vinte anos no poder. Peço uma oportunidade para governar e mudar o que se precisa para melhorar a vida dos chilenos", disse.

Piñera entrou nesta corrida para a sucessão da atual presidente, Michelle Bachelet, como o favorito e foi o mais votado no primeiro turno, em 13 de dezembro.

Ele recebeu 44% dos votos e o candidato do governo, o ex-presidente Eduardo Frei, cerca de 29%.

Apesar da preferência demonstrada no resultado do primeiro turno, as duas pesquisas de opinião mais recentes indicaram que a diferença entre os dois candidatos diminuiu. De acordo com a previsão do instituto Adimark, Piñera venceria com apenas 5% de diferença dos votos. Outra pesquisa, da Equipos Mori, sugere que ele alcançaria empate técnico com Frei e venceria por margem inferior a 2%.

Promessas

Na campanha para este segundo turno, Piñera ressaltou que pretende criar planos sociais nas áreas de saúde e educação para os mais carentes, além de permitir que universitários de famílias mais pobres tenham acesso à universidade, já que esta é cobrada no país.

Piñera prometeu ainda manter as medidas implementadas por Bachelet, como a presença de creches nas áreas populares e as facilidades para mães solteiras poderem trabalhar.

O candidato da oposição afirmou ainda que pretende criar "um milhão de empregos" nos quatro anos de mandato e combater a delinquência no país.

A campanha de Piñera para a segunda fase das eleições também foi marcada pelos contínuos questionamentos da imprensa a respeito de dois assuntos: os negócios pessoais do candidato e sua disposição para incluir políticos do partido que apoiou Augusto Pinochet em seu eventual governo.

Entre os negócios de Piñera estão a companhia aérea LAN, a TV Chilevisión e o time de futebol Colo, Colo.

"Eu já disse um milhão de vezes. Venderei meus negócios na LAN. Vamos transferir a Chilevisión para uma fundação sem fins lucrativos e, se a lei permitir, quero continuar sendo acionista e diretor do Colo, Colo", afirmou.

Piñera também insistiu que na formação de seu gabinete não estarão ex-membros do governo militar.

"O governo militar terminou há vinte anos e já é história. Vamos olhar para o futuro. Além disso, os que me apoiam não integraram o governo militar", disse.

Em 1988, Piñera votou "não" no plebiscito sobre a permanência de Pinochet --uma votação que abriu caminho para a democracia no Chile.

"Votei não e vocês sabem disso. Sempre fui contra e condenei crimes de direitos humanos. E após estudar em Harvard voltei para o Chile e trabalhei em projetos sociais na Cepal. A preocupação com direitos humanos e a área social não é exclusiva da esquerda", afirmou.

Analistas ouvidos pela BBC Brasil afirmam que Piñera venceu o primeiro turno e poderia chegar a ser eleito porque a Concertación enfrenta o "desgaste" de estar há duas décadas no poder.

O professor de Ciências Políticas da Universidade do Chile, Guillermo Holzmann afirma que além do desgaste do partido governista, o eleitor espera uma "melhor administração" dos recursos públicos num eventual governo Piñera.

"Piñera é um empresário com experiência política, que chega num momento de desgaste da Concertación, mas para um setor da sociedade seu discurso de mudanças não é suficiente", disse Holzmann.

 

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