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19/02/2010 - 18h17

Níger é suspenso da União Africana após golpe de Estado

da BBC Brasil

A União Africana (UA) suspendeu o Níger da organização nesta sexta-feira como uma forma de condenação ao golpe de Estado ocorrido no país ontem (18). "O Níger está suspenso de todas as atividades da UA. Enquanto isso, continuaremos com o processo de ajudá-los a retornar à ordem constitucional", disse Mull Sebujja Katende, chefe do Conselho de Paz e Segurança da União Africana.

Segundo ele, a organização estaria impondo sanções contra o Níger e teria ordenado o retorno à ordem constitucional.

Mais cedo, outra organização africana, a Comunidade Econômica das Nações do Oeste da África (Ecowas, na sigla em inglês), que reúne 16 países, "condenou totalmente" a derrubada do presidente, Mamadou Tandja, e enviou uma missão para conversar com os autores do golpe. Um ativista da oposição, no entanto, disse à BBC que os soldados eram "patriotas honestos" que estavam lutando contra a tirania.

"Situação estável'

Nesta sexta-feira, um porta-voz da junta militar que tomou o poder, Goukoye Abdoulkarim, disse à BBC que a situação no país está "sob controle". Segundo ele, as fronteiras teriam sido abertas e o toque de recolher foi suspenso. "Nesse momento, a situação é calma, estável e todas as nossas tropas que estão nas ruas são capazes de controlar a situação", disse.

A declaração foi feita um dia após o tumulto causado pelo golpe na capital, Niamey.

Em um pronunciamento transmitido pela TV na noite de quinta-feira, um porta-voz dos golpistas anunciou que a Constituição foi suspensa e todas as instituições do Estado foram dissolvidas. Os golpistas disseram que o objetivo deles é restaurar a democracia e resgatar a população "da pobreza, do engodo e da corrupção".

Segundo os relatos locais, os tiroteios no entorno do palácio presidencial deixaram vários mortos na quinta-feira. Militares capturaram o presidente Tandja enquanto ele participava de sua reunião ministerial semanal, afirmou à BBC uma fonte do governo.

Pouco se sabe sobre o líder do golpe, coronel Djibo. Como comandante da "zona militar 1", encarregada de Niamey e das regiões de Dosso e Tillaberi, ele controla 40% do arsenal militar. Um outro golpista, coronel Djibrilla Hima Hamidou, foi porta-voz da junta responsável pelo último golpe militar no país, em 1999.

O presidente do Níger foi assassinado durante aquela tomada de poder, mas a democracia foi restaurada em menos de um ano.

Um ativista da oposição, Mahamadou Karijo, cujo Partido para a Democracia e Socialismo vem fazendo uma oposição ferrenha ao regime de Tandja, elogiou os soldados por "lutar contra a tirania". "Eles se comportam como dizem --eles não estão interessados em liderança política. Eles vão lutar para salvar o povo nigerino de qualquer tipo de tirania", afirmou à BBC.

Artilharia pesada

Tandja provocou uma crise política em agosto passado quando alterou a Constituição do país, que é rico em urânio, para permitir que ficasse no poder indefinidamente. A Ecowas, que suspendeu o Níger da organização depois da iniciativa de Tandja, disse ter "tolerância zero" em relação a mudanças constitucionais feitas por governos.

"Nós condenamos o golpe de Estado, assim como condenamos o golpe de Estado à Constituição dado por Tandja", disse Abdel Fatau Musa, representante da Ecowas, em entrevista à BBC. Ele disse que o grupo já enviou uma equipe para o Níger e vai manter sanções "até que a ordem constitucional seja restaurada".

O correspondente da BBC na capital do Níger, Idy Baraou, disse na manhã desta sexta-feira que as pessoas parecem estar agindo de maneira normal na cidade, indo a mesquitas e a lojas. Segundo Baraou, não há uma presença militar óbvia nas ruas, mas foi instalada artilharia pesada em volta do palácio presidencial.

A rádio estatal vem transmitindo marchas militares pela madrugada, e a emissora de TV estatal Tele Sahel continua a exibir ao vivo um campeonato tradicional de luta livre.

História de instabilidade

O governo e a oposição vêm mantendo um diálogo intermitente desde dezembro para tentar resolver a crise política do país. Tandja, ex-oficial do Exército, foi eleito pela primeira vez em 1999 e ganhou novo mandato em uma eleição em 2004. Seu atual paradeiro é desconhecido, mas acredita-se que os soldados o estejam mantendo em uma base militar no subúrbio de Niamey.

O Níger vem vivendo longos períodos de regime militar desde que ficou independente da França, em 1960. É um dos países mais pobres do mundo, mas os partidários de Tandja alegam que sua década no poder trouxe um grau de estabilidade econômica. Em sua gestão, a empresa energética francesa Areva começou a trabalhar na segunda maior mina de urânio do mundo, investindo o que se estima ser US$ 1,5 bilhão no projeto.

A Corporação Nacional de Petróleo da China assinou em 2008 um contrato de exploração de petróleo de US$ 5 bilhões com o país e com duração de três anos.

 

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