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Apagão provoca divisão entre governo e oposição no Chile
VERONICA SMINK
da BBC Mundo, em Buenos Aires (Argentina)
Há poucos dias, o novo presidente do Chile, Sebastián Piñera, assumia o poder em meio a promessas da oposição de trabalhar em conjunto para reconstruir o país, depois do terremoto devastador de 27 de fevereiro.
Mas essa união prometida parece haver durado pouco. Nesta segunda-feira, choveram críticas da Concertación --a coalizão que governava o Chile até a semana passada-- sobre a forma como as autoridades administraram o corte de energia elétrico que afetou grande parte do país no domingo.
O apagão, que por algumas horas deixou sem energia cerca de 90% do país, provocou grande pânico, já que muitos acreditavam que se tratava de um outro terremoto.
Vários integrantes da oposição acusaram a nova administração de incompetência por demorar mais de uma hora para avisar as pessoas sobre as causas do apagão.
O senador socialista Juan Pablo Letelier considerou "inaceitável" o atraso e disse que isso mostrava uma "improvisação e uma falta de experiência e profissionalismo por parte do novo governo".
No entanto, os novos ocupantes do Palácio de La Moneda --o palácio presidencial chileno-- defenderam seus atos.
"Estamos reagindo rapidamente frente a todas as crises que estamos tendo", respondeu a porta-voz do governo, Ena Von Baer.
Para Rodrigo Alvarez Valdés, pesquisador da Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais, estes confrontos são um sinal de que a Concertación começa a fazer o papel de oposição, algo que não precisou fazer nas últimas duas décadas.
Ainda assim, o analista disse à BBC Mundo que apesar de ter distintas "visões do país" é de se esperar que o governo e a oposição deixem de lado suas diferenças mais profundas durante os próximos seis meses para se concentrarem na reconstrução do país.
Efeitos do tremor
Por sua parte, o presidente Piñera disse nesta segunda-feira que o sistema de energia elétrica do país seguirá instável durante os próximos sete dias devido ao terremoto.
Segundo o ministério de Energia, a debilidade do sistema pode durar mais seis meses. Por esse motivo, o ministro, Ricardo Raineri, pediu à população que reduza seu consumo de energia.
De acordo com as autoridades, o corte de energia ocorreu por causa de uma falha em um transformador em uma subestação de energia no sul do país que foi afetada pelos tremores.
Se estima que cerca de 17 milhões de pessoas ficaram sem luz por horas devido à falha.
A agência de emergência (Onemi, em espanhol) garante que 98% dos afetados já tiveram o serviço restabelecido.
Poucas horas depois do apagão, a zona sul do país se viu em meio a um novo tremor, de 6 graus.
O epicentro foi a 110 quilômetros de Concepción, que foi devastada pelo primeiro terremoto. Segundo a Onemi, não houve relatos de danos pessoais ou materiais neste novo tremor.
Na noite desta segunda-feira, um novo tremor de magnitude 6,7 atingiu o sul do Chile a 72 quilômetros de Concepción. Também não houve relatos sobre danos.
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