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Forças Armadas da Bolívia adotam lema revolucionário cubano
da BBC Brasil
As Forças Armadas da Bolívia passaram a adotar, a partir desta terça-feira, um lema socialista controverso e novos símbolos nacionalistas em seus uniformes, após uma instrução do presidente, Evo Morales.
No início do mês, Morales causou polêmica ao ordenar o uso do lema "pátria ou morte, venceremos", seguido da tradicional frase "subordinação e constância, viva Bolívia".
"Este lema será de cumprimento obrigatório em todas as forças da instituição militar", disse o comandante-chefe das Forças Armadas, o general Ramiro de la Fuente.
Além do novo lema, Morales ainda instruiu a adoção da bandeira dos indígenas, conhecida como la wipahala nos uniformes dos militares, como o a nova bandeira de guerra das tropas bolivianas.
Segundo o presidente, as novas medidas são justificadas porque as Forças Armadas devem mudar sua doutrina. Morales argumenta que os novos inimigos dos militares devem ser os separatistas e os imperalistas, e não os movimentos sociais e indígenas.
Críticas
A decisão dos militares de aceitarem as instruções do presidente Morales foi duramente criticada por alguns ex-comandantes e pela oposição, que qualificam a medida como uma submissão e humilhação das Forças Armadas perante o poder político.
Mas, a principal crítica se refere ao fato de que o lema "pátria ou morte, venceremos" foi levado à Bolívia pelo guerrilheiro Ernesto Che Guevara e popularizado no mundo pelo ex-presidente cubano Fidel Castro.
O general Alvin Anaya, ex-comandante chefe das Forças Armadas, disse à BBC Mundo que "a imposição desse lema significa o desrespeito às mortes de nossos heróis que defenderam o país e a democracia de uma invasão estrangeira", em referência ao conflito entre a guerrilha de Guevara, derrotada pelas forças militares bolivianas em 1967.
Anaya fez um paralelo com a 2ª Guerra Mundial e disse que essa decisão seria equivalente à adoção do símbolo da suástica dos nazistas pelas tropas aliadas.
Em contrapartida, o atual comandante chefe das Forças Armadas defende que o lema "pátria ou morte, venceremos" pode ter semelhanças com os termos socialistas, mas o "significado e o conteúdo são completamente diferentes".
Segundo Fuente, o termo "venceremos", por exemplo, significaria o desejo de alcançar a vitória, não necessariamente no campo de batalha.
"A respeito das declarações sobre a submissão das Forças Armadas perante o poder político, nós as rechaçamos categoricamente porque não têm fundamento", disse ele em uma coletiva de imprensa.
Segundo ele, os militares viveram abandonados durante três décadas e agora, com o governo de Morales, "contamos com as Forças Armadas mais dignas e equipadas, com mais recursos para cumprir com nossa missão constitucional".
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