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12/03/2002 - 14h40

Serra e Roseana ainda dividem Wall Street

TETÉ RIBEIRO
da BBC, em Nova York

A sete meses das eleições presidenciais brasileiras, a comunidade financeira de Wall Street ainda não decidiu qual dos atuais pré-candidatos apoiar.

Parte dos investidores e economistas baseados em Nova York ouvidos pela BBC prefere que o pré-candidato governista, o ex-ministro da Saúde José Serra, seja o vencedor.

Parte vê com bons olhos a ascensão da governadora do Maranhão, Roseana Sarney, do PFL, que disputa o primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto.

Uma coisa parece não mudar: o receio de que o provável candidato da esquerda, o petista Luiz Inácio Lula da Silva, ganhe as eleições.

Medos
"Os investidores temem uma vitória do Lula principalmente porque eles ainda associam o petista à figura que ele propagou no final da década de 1980, início dos anos 90, quando pregava pela moratória da dívida e era contra as privatizações", disse Emy Shayo, analista sênior para a América Latina do banco de investimentos Bear Sterns.

Para a economista, porém, esse medo pode ser fruto da falta de conhecimento dos representantes do capital estrangeiro em relação às novas diretrizes do Partido dos Trabalhadores.

"O Lula e o pessoal econômico dele falaram várias vezes que são contra uma moratória da dívida e a agenda deles hoje em dia é muito mais centrista do que se pensa", diz Shayo.

Paulo Vieira da Cunha, economista sênior para a América Latina e vice-presidente sênior da Lehman Brothers, concorda com ela.

"Sem dúvida os investidores estão apreensivos e pensam que seria melhor para a economia haver uma vitória da situação", diz o representante da corretora.

"Pior do que o Lula, no entanto, seria uma vitória do governador fluminense, Anthony Garotinho, mas o petista também geraria muita apreensão."

Mudança
Cunha também acha que a situação de Lula mudou no exterior. "Houve uma aproximação do PT com o empresariado, principalmente o empresariado paulista, e essas notícias se espalharam."

Para ele, o PT se moveu para o centro, "portanto há menos preocupação com as questões dos fundamentos econômicos".

É o que pensa também de Graham Stock, chefe de estratégia para a América Latina do J.P. Morgan: "Os investidores estão querendo ver uma continuação das reformas que vimos durante a década de 1990".

"A maioria dos nossos clientes está razoavelmente confortável que a vitória será mesmo de José Serra", afirma Stock, apesar de o candidato governista estar em um desconfortável terceiro lugar nas pesquisas.

Essa vitória não desanimaria o capital estrangeiro, concorda Shayo, do Bear Sterns.

"Serra é muito associado ao FHC e o pessoal acha que ele garantiria a continuidade da política econômica atual", diz ela.

Para Santiago Millan, chefe dos economistas para a América Latina do HSBC, os investidores se sentem mais confortáveis com Serra.

"O mercado gosta de continuidade e, acima de tudo, de estabilidade", diz ele.

"O candidato do governo traz tanto continuidade como estabilidade, portanto o Serra seria a opção preferida."

Cunha, da Lehman Brothers, abre o leque: "O que predomina é uma confiança em FHC, portanto o candidato que ele apoiar vai ser com certeza o preferido".

Assim, diz ele, "também há muita simpatia pela Roseana Sarney". Simpatia, sim, mas até certo ponto.

O atual imbróglio em que se meteu a filha do ex-presidente Sarney, por conta de suspeita de envolvimento de seu marido com desvio de recursos da Sudam, levantou as orelhas de Wall Street.

"O mercado está assistindo atento ao que está acontecendo agora no Brasil", disse Stock, do JP Morgan.

"Provavelmente vai reagir muito calmamente se duas coisas importantes acontecerem", continua o economista.

"A primeira é que a saída do PFL do governo não coloque em risco a agenda do legislativo, principalmente a renovação da CPMF. A segunda é que essa saída não coloque em risco as chances de colaboração entre os dois partidos mais para a frente na campanha."
 

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