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05/04/2002
-
09h17
O medo dos atentados suicidas está obrigando os israelenses a mudar seus hábitos, evitando frequentar restaurantes e cafés e deixando de andar de ônibus.
É o que conta o filósofo Marcelo Dascal, 60, um brasileiro que vive em Israel desde 1965 e diz ter escapado por muito pouco de um atentado realizado em Tel Aviv no ano passado.
Dascal mora em Jassa, uma cidade onde vivem árabes e judeus ao sul da capital israelense.
Seu primeiro contato pessoal com as consequências da Intifada foi em junho do ano passado, quando estava a 200 metros de uma discoteca de Tel Aviv onde um militante suicida palestino explodiu uma bomba, matando 17 pessoas.
Explosão
Dascal conta que estava caminhando na praia com a mulher quando ouviu a explosão e as sirenes da polícia e dos bombeiros.
"Normalmente nós caminhamos até lá, mas naquela noite ficamos olhando o mar, e foi isso que nos salvou."
Essa foi a primeira vez que Dascal chegou tão perto de um atentado, mas não foi a única.
"A bomba que explodiu na semana passada foi bem perto da casa da minha filha."
Ela estava na porta do prédio, saindo para se encontrar com os pais no cinema, quando ouviu o atentado.
"Quando chegamos no cinema, ela não estava lá, e soubemos que tinha acontecido um atentado no bairro dela. A sorte é que logo ela chegou e a preocupação, o medo, só durou alguns minutos."
Na mesma semana, um atentado em Haifa, no norte de Israel, também foi bem perto da casa de outra filha.
Rotina mudada
O medo mudou a rotina dos israelenses. Os cafés e restaurantes estão mais vazios e muitas pessoas telefonam para o lugar para onde estão indo para confirmar se há guardas na porta.
O movimento nos ônibus também caiu. "Os lugares públicos se transformaram na arena desta guerra. As pessoas evitam sair", conta Dascal.
Ele diz que a sensação de que pode ser a próxima vítima é o que marca a vida em Israel no momento.
"Quando você presencia um atentado, quando é vítima de um atentado, é uma coisa muito diferente de quando vê na televisão. Quando você vê a bomba, quando está lá ou quando é alguém da sua família, a sensação é completamente diferente", diz ele. "Você começa a perceber que amanhã pode ser você mesmo."
Raiva
Além de medo, Dascal diz que também sente raiva pela situação.
"Eu sinto raiva porque não somente eu nunca fiz pessoalmente nada contra nenhum palestino como também eu participo dos movimentos de paz", conta.
Nesta quarta-feira (3), por exemplo, Dascal participou do grupo que tentou levar alimentos e remédios para a população de Ramallah, na Cisjordânia, que está sendo atacada por tanques israelenses.
Ele acha que o medo, em vez de levar a um desejo de entendimento para acabar com a violência, resulta num radicalismo ainda maior. "Um lado não confia no outro", diz.
Leia mais no especial Oriente Médio
Brasileiro diz que escapou por pouco de bomba em Israel
da BBCO medo dos atentados suicidas está obrigando os israelenses a mudar seus hábitos, evitando frequentar restaurantes e cafés e deixando de andar de ônibus.
É o que conta o filósofo Marcelo Dascal, 60, um brasileiro que vive em Israel desde 1965 e diz ter escapado por muito pouco de um atentado realizado em Tel Aviv no ano passado.
Dascal mora em Jassa, uma cidade onde vivem árabes e judeus ao sul da capital israelense.
Seu primeiro contato pessoal com as consequências da Intifada foi em junho do ano passado, quando estava a 200 metros de uma discoteca de Tel Aviv onde um militante suicida palestino explodiu uma bomba, matando 17 pessoas.
Explosão
Dascal conta que estava caminhando na praia com a mulher quando ouviu a explosão e as sirenes da polícia e dos bombeiros.
"Normalmente nós caminhamos até lá, mas naquela noite ficamos olhando o mar, e foi isso que nos salvou."
Essa foi a primeira vez que Dascal chegou tão perto de um atentado, mas não foi a única.
"A bomba que explodiu na semana passada foi bem perto da casa da minha filha."
Ela estava na porta do prédio, saindo para se encontrar com os pais no cinema, quando ouviu o atentado.
"Quando chegamos no cinema, ela não estava lá, e soubemos que tinha acontecido um atentado no bairro dela. A sorte é que logo ela chegou e a preocupação, o medo, só durou alguns minutos."
Na mesma semana, um atentado em Haifa, no norte de Israel, também foi bem perto da casa de outra filha.
Rotina mudada
O medo mudou a rotina dos israelenses. Os cafés e restaurantes estão mais vazios e muitas pessoas telefonam para o lugar para onde estão indo para confirmar se há guardas na porta.
O movimento nos ônibus também caiu. "Os lugares públicos se transformaram na arena desta guerra. As pessoas evitam sair", conta Dascal.
Ele diz que a sensação de que pode ser a próxima vítima é o que marca a vida em Israel no momento.
"Quando você presencia um atentado, quando é vítima de um atentado, é uma coisa muito diferente de quando vê na televisão. Quando você vê a bomba, quando está lá ou quando é alguém da sua família, a sensação é completamente diferente", diz ele. "Você começa a perceber que amanhã pode ser você mesmo."
Raiva
Além de medo, Dascal diz que também sente raiva pela situação.
"Eu sinto raiva porque não somente eu nunca fiz pessoalmente nada contra nenhum palestino como também eu participo dos movimentos de paz", conta.
Nesta quarta-feira (3), por exemplo, Dascal participou do grupo que tentou levar alimentos e remédios para a população de Ramallah, na Cisjordânia, que está sendo atacada por tanques israelenses.
Ele acha que o medo, em vez de levar a um desejo de entendimento para acabar com a violência, resulta num radicalismo ainda maior. "Um lado não confia no outro", diz.
Leia mais no especial Oriente Médio
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