Torneio de hipismo no Rio reúne cavalos que somam R$ 405 milhões

Mais de 90 cavalos ficaram reunidos no aeroporto de Frankfurt, na Alemanha, no último fim de semana. Aguardaram no "animal lounge", algo como uma sala de embarque VIP para animais, o voo que chegou ontem ao Rio.

Eles, mais outros cavalos que já estavam no Brasil, valem 150 milhões, cerca de R$ 405 milhões. Da próxima sexta até domingo, vão disputar a etapa brasileira do Global Champions Tour, a copa do mundo de hipismo, na Sociedade Hípica Brasileira, no Jardim Botânico, zona sul do Rio.

	Fernando Donasci/Folha Imagem
	Cavalos na hípica do Rio, sede do torneio que leva o nome da bilionária Athina Onassis, mulher de Doda Miranda

Aqui, a prova ganhou o nome de Athina Onassis International Horse Show, ou AOIHS, em homenagem à amazona bilionária, que "não fala" com a imprensa. "Não é tipo. Ela é mesmo "low profile" [não gosta de aparecer]!", diz Maria Beatriz Cabañas, assessora do evento.

A fortuna pessoal de Athina está estimada em R$ 2 bilhões, e, no concurso do Rio, ela poderá concorrer a 285 mil, cerca de R$ 769 mil (ao todo, o concurso entregará R$ 2,2 milhões aos campeões).

A etapa nacional, diz o cavaleiro Doda Miranda, marido de Athina, é seu "sonho desde criança". "Não era só um sonho pessoal. Eu pensava na realização minha e na da maioria dos brasileiros." Como assim? "Eu ia para os torneios e sentia muito que os brasileiros não pudessem viajar e ver os melhores cavaleiros do mundo."

Agora, ele sente que o evento consegue "dar oportunidade para as pessoas viverem isso com um simples ingresso". Por R$ 100, senta-se num dos 1.760 lugares da arquibancada; por R$ 300, no camarote, e, por R$ 16 mil, compra-se uma mesa VIP de oito cadeiras. São cifras "simples" para quem está ambientado no hipismo.

Para manter um cavalo na hípica do Rio, por exemplo, é preciso ter título (R$ 20 mil) e pagar aproximadamente R$ 800 de mensalidade, R$ 1.000 de trato, R$ 200 de ferrador, R$ 200 de veterinário, R$ 200 de alimentos extras, R$ 1.000 de aula de montaria. A conta no fim do mês: R$ 3.600.

Nos dias do Athina Onassis, os 280 cavalos dos "sócios mortais" ficam separados dos animais em competição ou... vão para um spa. Os condomínios de hipismo cobram cerca de R$ 1.000 por mês por cavalo.

"Glamour único"

Pela primeira vez, o Athina Onassis, até então sediado em São Paulo, será no Rio. O evento fez uma permuta com a Sociedade Hípica: usou R$ 2 milhões para reformar pisos da pista e do picadeiro e, em troca, fará do local sua sede até 2010.

Com fibra de poliéster, caulim (argila) e areia, o piso segue padrão internacional, o mesmo do Complexo Desportivo de Deodoro, área de hipismo construída no Rio para o Pan e considerada muito distante do centro pela organização do AOIHS.

Rodrigo Rivelino, parceiro de André Beck na organização, diz que o custo pesou na mudança, mas que, "mais do que isso, o Rio tem um glamour único". Da hípica, é possível ver a Lagoa Rodrigo de Freitas e o Cristo.

Nos 12 mil m2 de estrutura, haverá bulevar com restaurantes e lojas, como Osklen e uma "pocket Daslu"-com roupas criadas só para o Athina Onassis. A boate Disco, de São Paulo, fará baladas toda noite. Na quinta, o barco Pink Fleet, do empresário Eike Batista, terá festa para os cavaleiros.

Entre eles, estão o filho do governador Sérgio Cabral, João Pedro Cabral, um dos filhos de Roberto Marinho (1904-2003), João Roberto Marinho, e um de seus netos, Rodrigo Marinho. Rodrigo diz que o evento ajuda a popularizar o hipismo que, "por essência, é caro". "Há um mito de que é só para ricos, o que não é verdade. Tem gente que começa a montar sem condições financeiras e pega cavalo emprestado para competir."