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16/11/2000 - 07h44

Contas de Estevão nos EUA movimentaram US$ 19 mi

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MALU GASPAR
da Folha de S.Paulo

As três contas que o ex-senador Luiz Estevão abriu no Delta Bank de Miami, sob os nomes de Leo Green e James Tower, movimentaram (entrada e saída de dinheiro) cerca de US$ 19 milhões enquanto estiveram ativas. Elas foram abertas em 1992. Em 1996, as contas já estavam inativas.

Do valor total de US$ 19 milhões, US$ 13 milhões foram movimentados nas duas contas em nome de Leo Green. Anteontem, a força-tarefa montada pelo governo federal para tentar reaver o dinheiro revelou três remessas, que juntas somavam US$ 1 milhão, feitas diretamente das contas do ex-senador no Delta Bank de Miami para contas do ex-juiz Nicolau dos Santos Neto na Suíça.

Os documentos obtidos também revelaram o esquema pelo qual as contas de Luiz Estevão receberam US$ 3 milhões do dinheiro desviado da obra do fórum trabalhista do TRT de São Paulo.

O dinheiro veio da Contrec, empresa montada por Fábio Monteiro de Barros que simulava ser importadora de livros, para a Manaus Trading Corporation, empresa montada em Miami, para a conta de Estevão. As procuradoras ainda investigam quem é o verdadeiro dono da empresa, mas dizem ter indícios de que ele seria Fábio Monteiro de Barros.

No registro da Divisão de Corporações da Flórida, a Manaus Trading Corporation está inativa desde agosto de 1994. Ela foi fundada em 1992.

O fechamento coincide com os últimos repasses para a conta de Nicolau na Suíça. Foi na mesma época que os técnicos do Tribunal de Contas da União apontaram as primeiras irregularidades na obra do TRT.

Operações como a da Manaus Trading estão nas mais de mil páginas de documentos enviados ao Brasil pelo Departamento de Justiça dos EUA no início da semana.

Os documentos contêm a movimentação bancária diária das contas de Leo Green e James Tower e os nomes-fantasia escolhidos pelo ex-senador Luiz Estevão para suas contas no Delta Bank de Miami e são parte da resposta que o governo espera sobre os depósitos realizados entre 1991 e 1994 na conta Nissan (iniciais de Nicolau dos Santos Neto), mantida pelo ex-juiz no banco Santander de Genebra, na Suíça.

Outras oito contas que fizeram depósitos em nome do ex-juiz ainda devem ser identificadas. O MP suspeita que todas fossem controladas por Nicolau, Monteiro de Barros ou Luiz Estevão e servissem apenas para disfarçar o destino final do dinheiro que saiu do Tesouro Nacional por meio de ordens bancárias que estão sendo rastreadas pela força-tarefa.

Segundo o Ministério Público, os extratos que chegaram esta semana contêm várias empresas fazendo repasses para as contas em nome de Leo Green e James Tower. O próximo passo é tentar identificar que empresas são essas e descobrir se elas são de fachada.

O Ministério Público avalia já ter fortes indícios de um esquema para tornar legal ("lavar") os R$ 169,5 milhões desviados da obra do Tribunal Regional do Trabalho paulista. O esquema utilizaria uma rede de contas bancárias no exterior e empresas de fachada controladas por Estevão, Monteiro de Barros e o ex-juiz Nicolau.

O mecanismo apurado pelas procuradoras é típico da "lavagem" de dinheiro: o dinheiro sai de contas no Brasil e vai para empresas de fachada que supostamente prestaram serviços ou venderam mercadorias para os depositantes brasileiros. Dali, vai para contas numeradas no exterior.

Outro lado
O ex-senador Luiz Estevão foi procurado ontem pela Folha em sua casa, em Brasília, mas não foi encontrado. A reportagem ligou para a casa do ex-senador e esteve no local, mas não conseguiu falar com ele.

Anteontem, Luiz Estevão havia dito, em entrevista por telefone, que os documentos que comprovam a abertura de contas no Delta National Bank de Miami, na Flórida, "não existem". "Isso não existe, não sei de nada disso", afirmou. Estevão disse ainda que estava tranquilo.

Em São Paulo, a reportagem procurou o empresário Fábio Monteiro de Barros e o advogado do juiz aposentado Nicolau dos Santos Neto, Alberto Toron, mas não conseguiu localizá-los.


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