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11/12/2000 - 07h37

Rendição de Nicolau teve "entendimento", diz Gregori

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JOSÉLIA AGUIAR
ENVIADA ESPECIAL A ROMA
da Folha de S.Paulo

O ministro José Gregori (Justiça) voltou a negar ontem, em Roma, que a rendição do ex-juiz Nicolau dos Santos Neto tenha sido fruto de um acordo, mas disse que houve "entendimentos" com o delegado a que se rendeu.

Os "entendimentos" para a rendição de Nicolau começaram no dia 12 de novembro, a partir de sondagem feita pelo advogado do ex-juiz, Alberto Zacharias Toron, ao ministro Gregori.

"O advogado estava preocupado com a possibilidade de Nicolau sofrer represálias, já que havia cerco contra ele", relatou o ministro. A partir daí, relatou, o contato foi mantido com o delegado.

Na sexta-feira, dia em que Nicolau se apresentou à Polícia Federal, Gregori distribuiu nota afirmando que a apresentação "não resultou de nenhuma negociação ou acordo".

Anteontem, o delegado federal Roberto Precioso Júnior, a quem Nicolau se entregou, disse que uma semana antes da rendição foi informado que seria o responsável por formalizar a prisão do ex-juiz. A afirmação se contrapunha à versão de Gregori de que não haviam ocorrido negociações.

Na nota oficial divulgada sexta-feira, Gregori afirmou que o advogado de Nicolau ligou para Precioso Júnior naquele dia pedindo que o policial o acompanhasse até o esconderijo do ex-juiz, onde ele se entregaria.

A Folha apurou que o ex-juiz só concordou em se entregar diante da garantia de que não seria exposto à imprensa para ser fotografado e de que não seria algemado.

Sobre o motivo de o ex-juiz Nicolau não ter sido algemado ou fotografado, o ministro respondeu com outra pergunta: "E por que ele não foi assassinado, como Marighela?" Gregori explicou: "Cometer abusos em prisões não é o tipo de ação desse ministro".

Gregori disse que "nem todo mundo precisa ser algemado quando é preso, só quando há risco de fuga ou reação". "Não é pelo fato de ele ter fugido que vamos esbordoá-lo."

Sobre o fato de o delegado federal Roberto Precioso Júnior -que viajou a Bagé (RS) para encontrar Nicolau- ser próximo do ex-juiz e de seu advogado, Alberto Zacharias Toron, o ministro da Justiça disse tratar-se de "uma coincidência".

O delegado conheceu Nicolau quando este era juiz trabalhista. Precioso Jr. também conhecia Toron, por terem trabalhado juntos juntos em atividades de combate ao narcotráfico.

Em entrevista à Folha, o advogado Alberto Toron disse que não houve cerco, que teve a condução do processo de rendição durante todo o tempo e que o juiz nunca saíra do Brasil. "Isso é o que ele diz", afirmou Gregori ontem.

"É compreensível que, no papel de advogado, ele defenda seu cliente, mas isso não pode ser confundido com criar uma situação confortável", acrescentou.

Ontem, o ministro voltou a afirmar que a rendição ocorreu como resultado do trabalho da "força-tarefa integrada pelo Ministério da Justiça".

Cacciola
O ministro Gregori, que chegou a Roma no último sábado, viaja hoje para Palermo, na Sicília, onde participa do encontro da Convenção das Nações Unidas contra o crime organizado internacional.

Gregori afirmou que, durante o evento, pretende convencer as autoridades italianas a extraditarem para o Brasil o banqueiro Salvatore Cacciola, dono do Banco Marka, foragido na Itália. "Vou insistir nisso", afirmou.




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