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14/12/2000 - 04h02

Acusado nega ter parceria com Nicolau

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JOSÉ MASCHIO, da Agência Folha, em Montevidéu

O advogado Raul Julio Cervini Sanchez, 56, apontado como sendo uma das "conexões" do juiz aposentado Nicolau dos Santos Neto, no Uruguai, negou ser seu "parceiro" em qualquer esquema. Disse apenas que foi consultado pelos advogados do ex-juiz.

Sobre a atuação da polícia na busca a Nicolau, ele diz que "eles não puderam ou não quiseram prendê-lo". Também disse não acreditar que o juiz aposentado tenha desviado R$ 169 milhões. Segundo ele, Nicolau dos Santos Neto tem US$ 3,7 milhões na Suíça e não US$ 8 milhões, "como divulgam os federais brasileiros".

Ele chorou ao falar dos prejuízos morais que estaria sofrendo com o a ligação de seu nome ao esquema internacional de lavagem de dinheiro. "Fui acusado sem direito de defesa pela mídia e pela Polícia Federal brasileiras".

A seguir os principais trechos da entrevista à Agência Folha em sua sala no escritório Guyer e Regules, no centro de Montevidéu.

Agência Folha - O sr. deu retaguarda ao juiz Nicolau dos Santos Neto no Uruguai?
Cervini Sanchez -
Nunca tive contato com ele. Fui apenas consultado por seus advogados, Alberto Toron e Francisco Azevedo, que é também seu genro. Foi uma consulta de solidariedade profissional, não para lavagem de dinheiro, como estou sendo acusado no Brasil. Nem cobrei nada.

Agência Folha - Foram quantas e quando essas consultas?
Sanchez -
Há um ano e meio, Toron e Azevedo me pediram um parecer sobre a legislação americana e sua política confiscatória de bens. Cinco meses depois, Azevedo pediu que eu indicasse o melhor, veja bem, o melhor especialista em direito penal econômico na Europa. Ele disse que estava gastando muito com advogados na Europa, sem resultados. Indiquei Andrea Castaldo, um papa na Europa. Pedi ao Castaldo e ele indicou um outro italiano, o Paolo Berlasconi, que é o maior quando se fala em direito penal bancário suíço. Azevedo queria evitar o bloqueio do dinheiro do ex-juiz Nicolau dos Santos Neto na Suíça.

Agência Folha - Essas consultas levaram a Polícia Federal a apontá-lo como fazendo parte do esquema de lavagem do dinheiro desviado do Brasil. O que o sr. tem a dizer?
Sanchez -
Olha, para mim o juiz nunca esteve no Uruguai. Seria fácil prendê-lo, o país é pequeno e é fácil descobrir pessoas. Não sei se eles (a PF) não quiseram ou não puderam prendê-lo. Agora querem arrumar uma desculpa e eu acabei como bode expiatório.

Agência Folha - O sr. está afirmando que houve incompetência na busca do ex-juiz?
Sanches -
Não me pergunte. Mas existem muitos aspectos, dá para enumerar vários, que levam a crer que ele não saiu do Brasil: ele está doente, sua mãe é muito velha e ele não ficaria longe da família.

Agência Folha - O sr. conhece bem o juiz Nicolau para saber isso?
Sanchez -
Nunca vi ou tive contato. O que sei do juiz foi o Francisco Azevedo que me falou.

Agência Folha - O sr. acredita que o ex-juiz desviou R$ 169 milhões dos cofres públicos?
Sanchez -
Não creio nesse volume. Olha, a Polícia Federal tem divulgado que ele tem US$ 8 milhões na Suíça. O Berlasconi (advogado de Nicolau na Suíça) disse que ele só tem US$ 3,7 milhões, o que pode ser muito para nós, mas não para quem é acusado de desviar esse volume de dinheiro.

Agência Folha - O sr. trabalha com consultoria?
Sanchez -
Sou um consultor internacional de grandes corporações, bancos e governos. Estou sofrendo desgaste físico e mental pelo jeito como estou sendo tratado pela mídia de seu país. Mas (chora) estou recebendo solidariedade de minha família e de meus clientes do Uruguai, do Brasil e da Europa. Isso está fazendo com que eu suporte esse massacre de ver meu nome ligado à lavagem internacional de dinheiro.
 

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