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15/12/2000
-
03h30
da Folha de S.Paulo
O Ministério Público Federal e a Polícia Federal estão investigando a possibilidade de o ex-juiz Nicolau dos Santos Neto ter negociado um carro importado a fim de custear sua fuga. O ex-juiz não aparece legalmente como proprietário do veículo, um Porsche preto, mas seria o verdadeiro dono.
O Porsche estava registrado em nome de Carlos Morais Sarmento, que foi sócio de uma das filhas do ex-juiz, Maria Cristina, na franquia The Dent Wizard ("O Mágico Amassado"), que trabalha com carros importados.
Por causa da participação na franquia, Maria Cristina, funcionária pública no Tribunal Regional do Trabalho, teve de responder a um processo administrativo (servidores têm dedicação exclusiva). O caso foi arquivado ontem.
Investigações da Polícia Federal apuraram que, ao longo da semana passada, o carro foi negociado duas vezes. Sarmento teria vendido o Porsche para Diogo Rogério Talocchi, que o revendeu para a locadora de veículos Pontiplat, localizada em Barueri (Grande São Paulo). A sede dessa empresa fica no Uruguai.
Os donos da Pontiplat seriam dois advogados que trabalham no escritório Oliveira Neves e Associados, contratado por Nicolau para defendê-lo da acusação de ter sonegado R$ 10 milhões.
Uruguai
Parte das investigações em andamento no Ministério Público Federal e na Polícia Federal já envolviam o Uruguai. Segundo rastreamento do Banco Central, parte dos R$ 169,5 milhões desviados da obra do Fórum Trabalhista de São Paulo por meio do Uruguai.
A PF também está investigando o uruguaio residente no Brasil Wilker Washington Tabo Mosegue. Na última quinta, ele foi visto saindo da sede do escritório Oliveira Neves, onde teria ido encontrar a filha mais velha de Nicolau, Maria Inês Bairão dos Santos, segundo a PF, para buscar dinheiro.
"Foi formada uma ponte entre eles. Temos agora a suspeita de que essas ligações existem para pagar advogado ou dispersar o bem. Temos que saber até ponto o advogado colaborou com ele nestes meses", afirmou a procuradora Janice Barreto Ascari.
Prova
O Ministério Público Federal tenta agora provar que o Porsche pertencia a Nicolau. Em depoimento à Justiça Federal em abril, Nicolau admitiu ter sido proprietário de um Porsche entre 1993 e 1995, pelo qual pagou US$ 70 mil. No mesmo período, o ex-juiz disse ter sido dono de uma Mercedes-Benz, de US$ 30 mil.
A hipótese é que o carro, supostamente comprado em 1996, teria sido registrado em nome de Sarmento a pedido de Nicolau, para que não pudesse ser bloqueado pela Justiça. Bens bloqueados por determinação judicial não podem ser repassados para terceiros.
No ano passado, em depoimento na CPI do Judiciário, Marco Aurélio Gil de Oliveira, ex-genro de Nicolau, disse que Sarmento havia vendido para o ex-juiz um Nissan biturbo por US$ 30 mil.
A Folha não conseguiu localizar ontem o advogado Newton de Oliveira Neves para comentar a participação de funcionários de seu escritório no caso. Sarmento também não foi localizado.
Caso TRT: Negócio com Porsche envolveria Nicolau
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O Ministério Público Federal e a Polícia Federal estão investigando a possibilidade de o ex-juiz Nicolau dos Santos Neto ter negociado um carro importado a fim de custear sua fuga. O ex-juiz não aparece legalmente como proprietário do veículo, um Porsche preto, mas seria o verdadeiro dono.
O Porsche estava registrado em nome de Carlos Morais Sarmento, que foi sócio de uma das filhas do ex-juiz, Maria Cristina, na franquia The Dent Wizard ("O Mágico Amassado"), que trabalha com carros importados.
Por causa da participação na franquia, Maria Cristina, funcionária pública no Tribunal Regional do Trabalho, teve de responder a um processo administrativo (servidores têm dedicação exclusiva). O caso foi arquivado ontem.
Investigações da Polícia Federal apuraram que, ao longo da semana passada, o carro foi negociado duas vezes. Sarmento teria vendido o Porsche para Diogo Rogério Talocchi, que o revendeu para a locadora de veículos Pontiplat, localizada em Barueri (Grande São Paulo). A sede dessa empresa fica no Uruguai.
Os donos da Pontiplat seriam dois advogados que trabalham no escritório Oliveira Neves e Associados, contratado por Nicolau para defendê-lo da acusação de ter sonegado R$ 10 milhões.
Uruguai
Parte das investigações em andamento no Ministério Público Federal e na Polícia Federal já envolviam o Uruguai. Segundo rastreamento do Banco Central, parte dos R$ 169,5 milhões desviados da obra do Fórum Trabalhista de São Paulo por meio do Uruguai.
A PF também está investigando o uruguaio residente no Brasil Wilker Washington Tabo Mosegue. Na última quinta, ele foi visto saindo da sede do escritório Oliveira Neves, onde teria ido encontrar a filha mais velha de Nicolau, Maria Inês Bairão dos Santos, segundo a PF, para buscar dinheiro.
"Foi formada uma ponte entre eles. Temos agora a suspeita de que essas ligações existem para pagar advogado ou dispersar o bem. Temos que saber até ponto o advogado colaborou com ele nestes meses", afirmou a procuradora Janice Barreto Ascari.
Prova
O Ministério Público Federal tenta agora provar que o Porsche pertencia a Nicolau. Em depoimento à Justiça Federal em abril, Nicolau admitiu ter sido proprietário de um Porsche entre 1993 e 1995, pelo qual pagou US$ 70 mil. No mesmo período, o ex-juiz disse ter sido dono de uma Mercedes-Benz, de US$ 30 mil.
A hipótese é que o carro, supostamente comprado em 1996, teria sido registrado em nome de Sarmento a pedido de Nicolau, para que não pudesse ser bloqueado pela Justiça. Bens bloqueados por determinação judicial não podem ser repassados para terceiros.
No ano passado, em depoimento na CPI do Judiciário, Marco Aurélio Gil de Oliveira, ex-genro de Nicolau, disse que Sarmento havia vendido para o ex-juiz um Nissan biturbo por US$ 30 mil.
A Folha não conseguiu localizar ontem o advogado Newton de Oliveira Neves para comentar a participação de funcionários de seu escritório no caso. Sarmento também não foi localizado.
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