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16/12/2000 - 04h13

PF suspeita que trio dirigiu fuga de ex-juiz

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JULIA DUAILIBI e MARIO CESAR CARVALHO, da Folha de S.Paulo

A Polícia Federal trabalha com a hipótese de que um trio dirigiu e ajudou a dar suporte financeiro aos 227 dias de fuga do ex-juiz Nicolau dos Santos Neto.

O trio seria formado, segundo a polícia, pela filha mais velha do ex-juiz, Maria Inês Bairão dos Santos, o namorado dela, Francisco Antonio de Azevedo, e um dos sócios do escritório de advocacia Oliveira Neves e Associados, Newton de Oliveira Neves.

O escritório de advocacia foi contratado em maio, dias após a fuga de Nicolau, em 25 de abril, para defender o ex-juiz de uma autuação de cerca de R$ 10 milhões da Receita por sonegação.

Maria Inês e Azevedo não atendem jornalistas. Oliveira Neves não havia se pronunciado até o fechamento desta edição.

Para a PF, o escritório foi além da defesa. Os delegados suspeitam que Nicolau tenha instruído os advogados a vender bens dele que estavam em nome de terceiros para financiar a fuga, mas não apresentam nada de concreto.

A suspeita surgiu a partir da transferência de um Porsche preto 96, que era usado pelo ex-juiz, para uma empresa de Barueri (Grande São Paulo) cujos sócios são funcionários do escritório Oliveira Neves.

A polícia suspeita que os R$ 130 mil obtidos com a transação do Porsche teriam ajudado a sustentar o ex-juiz em fuga.

Especializado em direito tributário, o Oliveira Neves é visto no mercado como um escritório audacioso. Com 150 advogados, ocupa um prédio próprio de dez andares numa das regiões mais valorizadas de São Paulo, na rua Bela Cintra, a uma quadra da avenida Paulista.

Ainda segundo a Polícia Federal, cada uma das pontas do triângulo exerceria uma função definida. Maria Inês, a filha, teria o comando da operação, teleguiada pelo pai. A PF viu-a inúmeras vezes no escritório Oliveira Neves. Tinha um álibi: estava cuidando da defesa do pai diante da Receita.

Seu namorado, Francisco Azevedo, cuidaria da parte operacional da fuga. Teria sido ele, conforme a PF, que contratou o uruguaio Wilker Washington Tabo Mosegue. Wilker é procurado pela PF porque seria o vínculo entre os uruguaios que teriam escondido Nicolau e o trio no Brasil.

A PF descobriu viagens de Azevedo para o Uruguai. Lá, ele teria encontrado o grupo responsável por esconder o ex-juiz. A PF chegou a procurar Nicolau numa fazenda de Azevedo em Minas.

Azevedo, que fez carreira como advogado em Campinas, passou a se apresentar como funcionário da Oliveira Neves, segundo profissionais que trabalhavam com ele naquela cidade. Exibia até um cartão de visitas do escritório.

Advogados do Oliveira Neves, para a PF, seriam alguns dos responsáveis pelo suporte financeiro durante a fuga. Na quinta-feira retrasada, na véspera de o ex-juiz se apresentar à PF, o uruguaio Wilker foi visto na sede do Oliveira Neves. Um dos delegados que caçava Nicolau diz que ele foi cobrar uma dívida de US$ 7.000, valor que teria sido gasto para trazer o ex-juiz de volta ao Brasil.

O uso do escritório Oliveira Neves na fuga seria o crime perfeito, segundo a PF. Como a relação do escritório com Nicolau é inviolável, seria virtualmente impossível provar que o Oliveira Neves atuou na fuga.
Maria Inês também é isentada pela lei por ser filha de Nicolau. Azevedo é o único que pode ser indiciado por favorecimento a um fugitivo.

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