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05/01/2001
-
03h53
da Folha de S.Paulo
No depoimento prestado à Polícia Federal em 21 de dezembro, obtido na íntegra pela Folha, o ex-juiz Nicolau dos Santos Neto contraria a versão apresentada pelo ex-secretário da presidência da República Eduardo Jorge
Caldas Pereira e acrescenta novos detalhes à investigação sobre o desvio de R$ 169 milhões da obra do Fórum Trabalhista de São Paulo.
Questionado sobre seu envolvimento com Eduardo Jorge -investigado pelo Ministério Público Federal por suposta participação na liberação de verbas para a obra superfaturada-, Nicolau afirmou que mantinha um contato "estritamente funcional".
"Eduardo Jorge jamais indicou qualquer juiz para ser nomeado no TRT. Jamais houve qualquer acordo no sentido de que fossem nomeados juízes classistas simpáticos ao Plano Real, a fim de evitar a instabilidade do plano em decisões de dissídios coletivos", afirmou o ex-juiz.
Essa versão foi apresentada pelo ex-secretário ao Senado, no dia 3 de agosto de 2000, para justificar sua relação com Nicolau.
Na época, EJ disse que conversava com ele para conhecer a posição
jurídica e ideológica dos juízes, buscando preservar o Plano Real.
Outra contradição é sobre uma visita que Nicolau teria feito à casa de Eduardo Jorge. Ao Senado, o ex-secretário disse que recebeu Nicolau uma vez em sua casa, por cerca de dez minutos. "Foi uma gentileza dele", afirmou EJ.
À Polícia Federal, Nicolau negou qualquer visita à casa do ex-secretário. "Afirmo categoricamente que nunca estive na casa de Eduardo Jorge. Não sei onde é a casa dele."
Ao ser informado pela PF do teor da declaração de EJ, Nicolau voltou atrás. "Mesmo não me lembrando de tal visita, pode até ter acontecido".
O ex-juiz foi ouvido pela Polícia Federal em um inquérito que apura a a veracidade das fitas que registram um suposto diálogo de Nicolau com duas pessoas, com o relato de supostos crimes cometidos por funcionários do governo. Nicolau afirmou desconhecer o diálogo e negou ser um dos interlocutores.
Tuma
No depoimento, Nicolau entrou em contradição também com as declarações do senador Romeu Tuma -apontado nos diálogos gravados como um antigo amigo de Nicolau que teria indicado amigos para trabalhar no Tribunal Regional do Trabalho.
O ex-juiz afirmou conhecer Tuma, a mulher e o filho Robson Tuma (deputado federal) "há pelo menos 12 anos".
"Visitei o senador Romeu Tuma apenas duas vezes em sua residência,
localizada nas proximidades do aeroporto de Congonhas. Posso afirmar que o senador compareceu em minha residência talvez duas vezes", disse Nicolau.
No depoimento na Polícia Federal, Nicolau citou ainda um encontro que teve em um restaurante de Brasília com o senador Romeu Tuma.
"No restaurante, encontramos casualmente o senhor Luiz Estevão, que na época não era senador. Eu o apresentei para o senador Romeu Tuma. Em seguida, Luiz Estevão dirigiu-se para a mesa em que estava anteriormente", afirmou Nicolau.
Contrariando a versão de Nicolau, o senador Romeu Tuma sempre negou qualquer vínculo de amizade com o ex-juiz trabalhista e disse nunca ter frequentado a casa dele.
(LC)
Depoimento de Nicolau contradiz EJ e Tuma
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No depoimento prestado à Polícia Federal em 21 de dezembro, obtido na íntegra pela Folha, o ex-juiz Nicolau dos Santos Neto contraria a versão apresentada pelo ex-secretário da presidência da República Eduardo Jorge
Caldas Pereira e acrescenta novos detalhes à investigação sobre o desvio de R$ 169 milhões da obra do Fórum Trabalhista de São Paulo.
Questionado sobre seu envolvimento com Eduardo Jorge -investigado pelo Ministério Público Federal por suposta participação na liberação de verbas para a obra superfaturada-, Nicolau afirmou que mantinha um contato "estritamente funcional".
"Eduardo Jorge jamais indicou qualquer juiz para ser nomeado no TRT. Jamais houve qualquer acordo no sentido de que fossem nomeados juízes classistas simpáticos ao Plano Real, a fim de evitar a instabilidade do plano em decisões de dissídios coletivos", afirmou o ex-juiz.
Essa versão foi apresentada pelo ex-secretário ao Senado, no dia 3 de agosto de 2000, para justificar sua relação com Nicolau.
Na época, EJ disse que conversava com ele para conhecer a posição
jurídica e ideológica dos juízes, buscando preservar o Plano Real.
Outra contradição é sobre uma visita que Nicolau teria feito à casa de Eduardo Jorge. Ao Senado, o ex-secretário disse que recebeu Nicolau uma vez em sua casa, por cerca de dez minutos. "Foi uma gentileza dele", afirmou EJ.
À Polícia Federal, Nicolau negou qualquer visita à casa do ex-secretário. "Afirmo categoricamente que nunca estive na casa de Eduardo Jorge. Não sei onde é a casa dele."
Ao ser informado pela PF do teor da declaração de EJ, Nicolau voltou atrás. "Mesmo não me lembrando de tal visita, pode até ter acontecido".
O ex-juiz foi ouvido pela Polícia Federal em um inquérito que apura a a veracidade das fitas que registram um suposto diálogo de Nicolau com duas pessoas, com o relato de supostos crimes cometidos por funcionários do governo. Nicolau afirmou desconhecer o diálogo e negou ser um dos interlocutores.
Tuma
No depoimento, Nicolau entrou em contradição também com as declarações do senador Romeu Tuma -apontado nos diálogos gravados como um antigo amigo de Nicolau que teria indicado amigos para trabalhar no Tribunal Regional do Trabalho.
O ex-juiz afirmou conhecer Tuma, a mulher e o filho Robson Tuma (deputado federal) "há pelo menos 12 anos".
"Visitei o senador Romeu Tuma apenas duas vezes em sua residência,
localizada nas proximidades do aeroporto de Congonhas. Posso afirmar que o senador compareceu em minha residência talvez duas vezes", disse Nicolau.
No depoimento na Polícia Federal, Nicolau citou ainda um encontro que teve em um restaurante de Brasília com o senador Romeu Tuma.
"No restaurante, encontramos casualmente o senhor Luiz Estevão, que na época não era senador. Eu o apresentei para o senador Romeu Tuma. Em seguida, Luiz Estevão dirigiu-se para a mesa em que estava anteriormente", afirmou Nicolau.
Contrariando a versão de Nicolau, o senador Romeu Tuma sempre negou qualquer vínculo de amizade com o ex-juiz trabalhista e disse nunca ter frequentado a casa dele.
(LC)
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