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13/01/2001 - 03h23

PMs são investigados por morte de índios

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FÁBIO GUIBU, da Agência Folha, em Recife

As Polícias Federal, Civil e Militar investigam o suposto envolvimento de policiais militares na morte de dois índios da tribo truká em Pernambuco. Os índios foram mortos a tiros e tiveram os corpos mutilados e carbonizados em Cabrobó, no sertão do Estado.

Os corpos das vítimas, José de Nô Félix Filho, 38, e o filho dele, José Nilson Gomes Félix, 16, foram encontrados no domingo em uma estrada do município vizinho de Santa Maria da Boa Vista.

Os índios foram enterrados anteontem no cemitério da aldeia truká na ilha da Assunção, no rio São Francisco, divisa com a Bahia.

Sequestro
As investigações, em princípio, se concentram na hipótese de que os índios tenham sido sequestrados e assassinados após um confronto, ocorrido no dia 4 de janeiro, envolvendo policiais militares e um grupo armado.

No confronto, dois dos quatro policiais que participavam de uma operação de busca a assaltantes e foragidos da Justiça na zona rural de Cabrobó foram mortos. Eles foram surpreendidos por homens armados com escopetas. Houve troca de tiros.

No mesmo dia, os índios desapareceram. A versão das lideranças da aldeia é que os índios foram sequestrados e assassinados por vingança, por policiais que acreditavam no envolvimento deles com a morte dos PMs.

A Funai (Fundação Nacional do Índio) comunicou o crime ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal, que abriu inquérito para investigar o caso.

Reconstituição
A Polícia Federal realizou a reconstituição anteontem, a partir do local onde foram encontrados os corpos dos dois índios. Cerca de 20 policiais federais participaram da operação.

Até ontem, pelo menos cinco pessoas haviam sido ouvidas, entre elas um motorista e uma enfermeira, supostas testemunhas do sequestro das vítimas. Os depoimentos não foram revelados.

A assessoria da Polícia Militar informou que a corporação também abriu inquérito para investigar o caso, mas disse que até ontem não havia chegado a nenhuma conclusão sobre o crime.

Segundo a assessoria, ainda não há como confirmar a eventual participação dos índios no confronto que provocou a morte dos policiais. O resultado da investigação deve ser divulgado em cerca de 30 dias.

Rigor
O governo de Pernambuco determinou rigor na apuração do duplo homicídio. A Corregedoria da Defesa Social, que apura os crimes envolvendo policiais militares e civis no Estado, informou que, se confirmada a participação de PMs no caso, eles poderão ser expulsos da corporação.

O deputado federal Fernando Ferro (PT-PE), integrante da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal, reuniu-se com a superintendente em exercício da PF no Estado, Joseny Simas, e pediu empenho da instituição no esclarecimento do crime.
 

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