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15/01/2001 - 04h42

Florestópolis foi projeto piloto social da CNBB

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JOSÉ MASCHIO, da Agência Folha, em Florestópolis

As voluntárias da pastoral, em Florestópolis (norte do PR), cuidam hoje dos filhos das primeiras crianças que foram atendidas pela entidade no país.

A cidade serviu de projeto piloto para o trabalho de ação social da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).

A Pastoral da Criança foi implantada no município em 1983 e, a partir do sucesso da experiência, espalhou-se pelo Brasil e hoje está presente em dez países. No município, 86 voluntárias são responsáveis pelo acompanhamento de 860 famílias carentes, bóias-frias que trabalham no corte de cana.

Com 12.200 habitantes, o município sobrevive em razão da Usina Central de Porecatu (cidade próxima) e tem 80% de seus habitantes envolvidos no trabalho de corte de cana.

A atividade sazonal da maioria dos habitantes é um problema para o trabalho de acompanhamento das crianças pelas voluntárias da Pastoral da Criança.

Segundo Regilândia da Rocha Petile, 26, coordenadora da pastoral na cidade, na época de entressafra do corte de cana os bóias-frias migram para São Paulo e Minas Gerais, em busca de trabalho. "Isso prejudica o acompanhamento sistemático das crianças", afirma.

Além de fornecer a multimistura (um composto alimentar à base de farelo de cereais, folhas verdes e casca de ovo moída) às famílias, as voluntárias trabalham na orientação sobre cuidados no período de gestação, aleitamento materno, vacinação, utilização do soro caseiro e no controle do ganho de peso das crianças de 0 a 6 anos.

Petile disse estar "orgulhosa" com a indicação do trabalho voluntário da Pastoral da Criança para o Prêmio Nobel da Paz. "É gratificante, mas não podemos mascarar a situação crítica que vivem essas crianças depois que deixam de ser acompanhadas pela pastoral", afirmou Petile.

Segundo Laurinda Santos Silva, 55, há 16 anos como voluntária em Florestópolis, em muitos casos é necessário acompanhar crianças até 8 ou 10 anos, "pois do contrário ficariam totalmente abandonadas, já que não existem projetos para crianças e adolescentes".

Eunice Vicente Cardoso, 50, a primeira coordenadora da Pastoral da Criança no município, afirma que a falta de projetos semelhantes ao da Pastoral para atender outras fases do desenvolvimento das crianças cria uma situação de "desolação" entre os voluntários.

"Hoje é necessário um trabalho sério com crianças e adolescentes. Senão, livramos as crianças da fome na primeira infância e nada oferecemos a elas na adolescência", diz.

O problema social gerado pela falta desses programas sociais é visível em Florestópolis.

No ano passado, das 49 gestantes atendidas pela Casa da Mãe, um trabalho paralelo da Pastoral da Criança, 34 eram adolescentes solteiras.

Essas adolescentes fizeram parte da primeira clientela de carentes da Pastoral da Criança no município. Hoje são seus filhos que são atendidos.
 

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