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09/06/2000 - 06h00

PF descobre plano de fuga de ex-deputado Hildebrando Pascoal

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ALEXANDRE OLTRAMARI
da Folha de S.Paulo

A Polícia Federal descobriu um plano de fuga para libertar o ex-deputado federal Hildebrando Pascoal da prisão.

Detentos da Cadeia Pública Federal, em Rio Branco (AC), onde Hildebrando e outras 39 pessoas acusadas de integrar seu bando estão presos, pretendiam tomar um agente da Polícia Federal como refém durante o banho de sol dos condenados para usá-lo como moeda de troca para exigir a libertação do grupo.

Desde que o plano foi descoberto, há duas semanas, a rotina da prisão de Rio Branco mudou.

Antes, os 40 detentos da Cadeia Pública Federal, conhecida como Papudinha (uma referência à penitenciária da Papuda, localizada no Distrito Federal), tomavam o banho de sol juntos. Agora, eles se revezam em grupos de no máximo oito presos no pátio.

Condenado a cinco anos e seis meses de prisão por sonegação de impostos e acusado de envolvimento com o tráfico de drogas e de liderar um grupo de extermínio no Estado, Hildebrando está cumprindo sua pena na Cadeia Pública Federal desde janeiro deste ano.

Entre os 40 detentos, todos eles acusados de integrar o grupo do ex-deputado Hildebrando Pascoal, existem 22 policiais militares e 10 policiais civis.

Experiência inédita

A penitenciária foi construída às pressas, no final do ano passado, para abrigar o grupo liderado por Hildebrando. Desde então, numa experiência inédita no país, a Polícia Federal é responsável pela administração de uma cadeia.

Trinta policiais federais, armados de pistolas, metralhadoras e até fuzis de uso militar, cuidam da segurança do presídio.

A Polícia Federal foi expressamente designada para administrar a cadeia porque havia o temor de que Hildebrando fugisse caso a Polícia Militar do Acre ficasse responsável por vigiá-lo.

O ex-deputado já comandou a Polícia Militar no Estado e até hoje mantém ligações na corporação policial. A cadeia administrada temporariamente pela Polícia Federal fica dentro de um batalhão da PM. A guarda externa é feita por policiais militares.

No início de julho, porém, termina o convênio do Ministério da Justiça com o governo do Acre para que a PF administre a cadeia em que o grupo de Hildebrando está detido. Ninguém sabe quem vai administrar o presídio depois.

A PF está insatisfeita com a atribuição. O governo do Acre diz não ter condições de garantir a segurança do presídio e quer que o convênio, que já foi prorrogado uma vez, tenha o prazo dilatado.

O governo federal gasta cerca de R¹ 200 mil por mês com a manutenção da cadeia pela PF.

Policiais deslocados

Todos os policiais envolvidos na operação foram deslocados de outros Estados. Recebem, além do salário, diárias que elevam os seus ganhos em R$ 3 mil por mês.

"É um absurdo colocar policiais especializados para trabalhar como carcereiros simplesmente porque a polícia do Estado não é confiável", diz o superintendente da PF no Acre, Glorivan Bernardes de Oliveira. "Eles poderiam estar trabalhando em ações de combate ao narcotráfico e ações contra a lavagem de dinheiro."

Um exemplo disso é o delegado da PF Marcos Van Der Veen Cotrim, do Rio Grande do Sul. Cotrim está no Acre desde janeiro, onde exerce a função de diretor do presídio.

Sua função original era a de delegado de Polícia Fazendária _responsável pela investigação dos crimes financeiros contra a União. "Para defender a população do Acre, carente de segurança, vale o sacrifício", afirma.

A secretária de Justiça e Segurança Pública do Acre, Salete Maia, disse à Folha que o Estado está negociando com o governo federal a prorrogação do convênio com a Polícia Federal.

"Não temos condições de fazer a segurança da penitenciária", afirmou. "Como eu posso colocar a PM, que já foi comandada pelo Hildebrando, para vigiá-lo?"

A secretária teme que uma eventual fuga do ex-deputado comprometa a estabilidade política no Acre.

Depois da prisão de Hildebrando, segundo ela, o governo obteve depoimentos de pessoas que foram contratadas pelo grupo para matar o governador Jorge Viana (PT) e alguns de seus parentes.

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