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28/01/2001
-
12h23
CLÓVIS ROSSI
da Folha de S.Paulo
Enviado especial a Davos
O vice-presidente do Citigroup, William Rhodes, é menos otimista do que a maioria dos economistas que estão Davos sobre o pouso da economia norte-americana. Não espera uma recessão, mas imagina que "os próximos seis meses serão muito duros".
Rhodes cita o consenso entre economistas, inclusive os de seu próprio banco, de que, depois da desaceleração deste primeiro trimestre, a economia dos EUA se recuperará o suficiente para terminar o ano com um crescimento de entre 2% e 3%. E desconfia desse consenso: "Acho que será mais difícil do que pensam muitos economistas, inclusive os do banco".
Mesmo que haja crescimento de, por exemplo, 2%, será "uma grande redução" em relação à média de crescimento dos EUA nos últimos dez anos -acima de 4%. Pior: Rhodes acha que há fatores que podem causar impactos negativos capazes de aumentar as dificuldades que ele prevê. Cita:
1 - O preço do petróleo. "A Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) está agindo de maneira mais efetiva e mantendo os preços elevados."
2 - A crise na Califórnia, que está enfrentando escassez de energia.
3 - Continuará a volatilidade do Nasdaq, o índice que traz o comportamento da "nova economia".
4 - A atitude dos consumidores norte-americanos. "Não está claro para onde irão", diz Rhodes.
Há quem ache que está, sim, claro para onde irão os consumidores dos EUA: para o consumo.
Martin Feldstein, presidente do Escritório Nacional de Pesquisa Econômica dos EUA e ex-conselheiro do presidente George W. Bush, acha que os consumidores logo estarão gastando por conta da futura redução dos impostos prometida por Bush.
Se Feldstein estiver certo, fica mais lógico apostar em uma desaceleração de curta duração, como diz o consenso citado por Rhodes e muito repetido na 31ª edição do Fórum Econômico Mundial.
Seja como for, o vice-presidente do Citi prevê, para os mercados emergentes, "um ano pedregoso". Sofrerão pelo menos duas consequências: queda nos investimentos externos diretos e nas compras americanas de seus produtos de exportação.
Rhodes cita dados do IIF (Instituto de Finanças Internacionais), que dizem que as exportações, este ano, aumentarão apenas 6% em relação ao ano passado, quando aumentaram 22% sobre 1999.
Quanto ao investimento externo, o IIF calcula que os países emergentes receberão, em 2001, algo entre US$ 160 bilhões e US$ 170 bilhões -em 1997, na crise asiática, foram US$ 269 bilhões.
Leia especial sobre Fórum Econômico e Fórum Social
Citi prevê "6 meses muito difíceis"
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da Folha de S.Paulo
Enviado especial a Davos
O vice-presidente do Citigroup, William Rhodes, é menos otimista do que a maioria dos economistas que estão Davos sobre o pouso da economia norte-americana. Não espera uma recessão, mas imagina que "os próximos seis meses serão muito duros".
Rhodes cita o consenso entre economistas, inclusive os de seu próprio banco, de que, depois da desaceleração deste primeiro trimestre, a economia dos EUA se recuperará o suficiente para terminar o ano com um crescimento de entre 2% e 3%. E desconfia desse consenso: "Acho que será mais difícil do que pensam muitos economistas, inclusive os do banco".
Mesmo que haja crescimento de, por exemplo, 2%, será "uma grande redução" em relação à média de crescimento dos EUA nos últimos dez anos -acima de 4%. Pior: Rhodes acha que há fatores que podem causar impactos negativos capazes de aumentar as dificuldades que ele prevê. Cita:
1 - O preço do petróleo. "A Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) está agindo de maneira mais efetiva e mantendo os preços elevados."
2 - A crise na Califórnia, que está enfrentando escassez de energia.
3 - Continuará a volatilidade do Nasdaq, o índice que traz o comportamento da "nova economia".
4 - A atitude dos consumidores norte-americanos. "Não está claro para onde irão", diz Rhodes.
Há quem ache que está, sim, claro para onde irão os consumidores dos EUA: para o consumo.
Martin Feldstein, presidente do Escritório Nacional de Pesquisa Econômica dos EUA e ex-conselheiro do presidente George W. Bush, acha que os consumidores logo estarão gastando por conta da futura redução dos impostos prometida por Bush.
Se Feldstein estiver certo, fica mais lógico apostar em uma desaceleração de curta duração, como diz o consenso citado por Rhodes e muito repetido na 31ª edição do Fórum Econômico Mundial.
Seja como for, o vice-presidente do Citi prevê, para os mercados emergentes, "um ano pedregoso". Sofrerão pelo menos duas consequências: queda nos investimentos externos diretos e nas compras americanas de seus produtos de exportação.
Rhodes cita dados do IIF (Instituto de Finanças Internacionais), que dizem que as exportações, este ano, aumentarão apenas 6% em relação ao ano passado, quando aumentaram 22% sobre 1999.
Quanto ao investimento externo, o IIF calcula que os países emergentes receberão, em 2001, algo entre US$ 160 bilhões e US$ 170 bilhões -em 1997, na crise asiática, foram US$ 269 bilhões.
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