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31/01/2001
-
03h39
MALU GASPAR, da Folha de S.Paulo
O ativista francês José Bové já estava na mira do governo federal antes mesmo de o deputado gaúcho Frederico Antunes, do PPB, apresentar a notícia-crime que motivou a prisão.
A cúpula da Polícia Federal já considerava enquadrar José Bové no Estatuto do Estrangeiro desde sexta-feira, quando o agricultor invadiu a Monsanto. Mas o governo temia parecer intransigente e ser acusado de agir em favor da multinacional de agronegócios.
A estratégia definida foi abordar Bové na segunda-feira, após evento do Fórum Social, enquanto ele estivesse só ou acompanhado de poucas pessoas, levá-lo à sede da PF em Porto Alegre e notificá-lo. A partir daí, ele teria 24 horas para sair do país e, imaginava-se, menos tempo para causar estardalhaço. A orientação era só divulgar alguma informação para a imprensa após o "fato consumado".
Depois da confusão causada pela divulgação da decisão da PF antes mesmo de Bové ser levado à delegacia, o governo federal ficou contrariado com a maneira como as coisas foram feitas.
A Folha apurou que tanto o ministro da Justiça, José Gregori, quanto o presidente Fernando Henrique Cardoso concordavam com a operação Bové.
No final da tarde, o porta-voz da Presidência, Georges Lamazière, disse que o presidente FHC não foi informado sobre o assunto. De acordo com ele, a decisão foi do Ministério da Justiça e da PF.
"Gângsteres"
José Bové comparou os policiais federais que o detiveram na noite de anteontem a "gângsteres". "Fiquei chocado com a forma como a polícia se comportou no hotel. Poderia ser um bando de gângsteres ou um grupo paramilitar. Teriam agido da mesma maneira", disse após ter ficado detido até a 1h40 de ontem.
Segundo Bové, os policiais "não se identificaram e usaram apenas a força". O ativista afirmou que teve seus braços imobilizados pelas costas e que foi arrastado até o banco traseiro de um carro sem identificação policial.
Bové disse que a polícia teria tentado induzi-lo a admitir que foi pago para ir a Porto Alegre. "Queriam dar a impressão de que foram gastos milhões no evento para descaracterizar sua vocação democrática e popular", afirmou.
Minutos antes de Bové voltar da PF ao hotel, o ministro francês da Economia Solidária, Guy Hascöet, também convidado do Fórum, disse: "Preciso conhecer melhor os fatos, mas parece ter havido uma desproporção entre o ato praticado por um camponês e a reação em defesa de uma grande empresa multinacional".
Colaborou FERNANDO DE BARROS E SILVA, enviado especial a Porto Alegre
Ativista já estava na mira do governo federal
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O ativista francês José Bové já estava na mira do governo federal antes mesmo de o deputado gaúcho Frederico Antunes, do PPB, apresentar a notícia-crime que motivou a prisão.
A cúpula da Polícia Federal já considerava enquadrar José Bové no Estatuto do Estrangeiro desde sexta-feira, quando o agricultor invadiu a Monsanto. Mas o governo temia parecer intransigente e ser acusado de agir em favor da multinacional de agronegócios.
A estratégia definida foi abordar Bové na segunda-feira, após evento do Fórum Social, enquanto ele estivesse só ou acompanhado de poucas pessoas, levá-lo à sede da PF em Porto Alegre e notificá-lo. A partir daí, ele teria 24 horas para sair do país e, imaginava-se, menos tempo para causar estardalhaço. A orientação era só divulgar alguma informação para a imprensa após o "fato consumado".
Depois da confusão causada pela divulgação da decisão da PF antes mesmo de Bové ser levado à delegacia, o governo federal ficou contrariado com a maneira como as coisas foram feitas.
A Folha apurou que tanto o ministro da Justiça, José Gregori, quanto o presidente Fernando Henrique Cardoso concordavam com a operação Bové.
No final da tarde, o porta-voz da Presidência, Georges Lamazière, disse que o presidente FHC não foi informado sobre o assunto. De acordo com ele, a decisão foi do Ministério da Justiça e da PF.
"Gângsteres"
José Bové comparou os policiais federais que o detiveram na noite de anteontem a "gângsteres". "Fiquei chocado com a forma como a polícia se comportou no hotel. Poderia ser um bando de gângsteres ou um grupo paramilitar. Teriam agido da mesma maneira", disse após ter ficado detido até a 1h40 de ontem.
Segundo Bové, os policiais "não se identificaram e usaram apenas a força". O ativista afirmou que teve seus braços imobilizados pelas costas e que foi arrastado até o banco traseiro de um carro sem identificação policial.
Bové disse que a polícia teria tentado induzi-lo a admitir que foi pago para ir a Porto Alegre. "Queriam dar a impressão de que foram gastos milhões no evento para descaracterizar sua vocação democrática e popular", afirmou.
Minutos antes de Bové voltar da PF ao hotel, o ministro francês da Economia Solidária, Guy Hascöet, também convidado do Fórum, disse: "Preciso conhecer melhor os fatos, mas parece ter havido uma desproporção entre o ato praticado por um camponês e a reação em defesa de uma grande empresa multinacional".
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