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31/01/2001 - 19h07

Bové deixa país fazendo críticas ao governo brasileiro

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LÉO GERCHMANN
da Agência Folha, em Porto Alegre

O ativista francês José Bové deixou Porto Alegre hoje à tarde dizendo que o governo francês agiria diferente do brasileiro no episódio em que foi pedida sua saída do país.

Afirmou também que a Polícia Federal está ''a serviço das multinacionais'' que manipulam transgênicos.

A medida da PF teve como causa a participação de Bové na destruição de uma plantação transgênica da Monsanto no município de Não-Me-Toque. A ação foi promovida pelo MST na sexta-feira passada.

Ele foi notificado na noite de segunda a deixar o país, mas obteve um habeas corpus da Justiça Federal, permitindo sua estadia até hoje _quando deixou o país.

De acordo com Bové, em 1997 um grupo de ativistas, entre os quais estavam ele e outros franceses acompanhados de indianos, invadiu fazenda da empresa Aventis e destruiu plantações de arroz transgênico, não ocorrendo nada com os estrangeiros do grupo.

Uma semana depois, o mesmo grupo se dirigiu a outra fazenda e voltou a destruir plantação transgênica.

Quanto ao comportamento do governo federal, que determinou à PF tomar medidas para sua saída do Brasil, Bové afirmou: ''Enquanto o governo brasileiro protege os transgênicos, está a serviço das empresas de transgenia. Hoje, a Polícia Federal brasileira é uma auxiliar das multinacionais.''

''É um absurdo falar que estávamos defendendo os transgênicos. Eu mesmo gostei do Fórum Social Mundial, sou um cidadão com mulher e filhos. Por acaso vou ser a favor de alguma coisa que prejudique a saúde pública? Nossa preocupação é uma só: proteger a ordem e fazer a lei ser cumprida. Enquanto estivermos aqui, não podemos deixar um estrangeiro vir aqui fazer o que ele fez. Ele não pode achar que isso é normal'', disse o superintendente em exercício da Polícia Federal no Rio Grande do Sul, Dagoberto Garcia.

''Eu ouvi muito falar que esse cara (Bové) era inteligente. Já acho que não é.''

Bové deixou Porto Alegre no final da tarde de hoje, com rumo à França.

A AGU (Advocacia Geral da União) chegou a entrar com recursos anteontem à noite pedindo sua saída do país em 24 horas. A turma de férias do Tribunal Regional Federal, porém, apreciaria a questão apenas à tarde. Qualquer medida que fosse tomada, portanto, seria inócua, pois ele já teria viajado.

''Se for preciso, vou reivindicar novamente minha liberdade'', disse o ativista francês no início da tarde de ontem, ao visitar o governador Olívio Dutra (PT) no Palácio Piratini acompanhado de outros 14 ativistas, oriundos de locais como Espanha, Caribe, Indonésia, México, Argentina, Guatemala e Honduras.

Na audiência, marcada há uma semana, os ativistas pediram a Olívio que utilizasse a fazenda da Monsanto para criar um centro de experimentos com agricultura sustentável.

O secretário estadual da Agricultura, José Hermeto Hoffmann, disse que concorda com a sugestão do grupo de ativistas, mas não pode colocá-la em prática.

''Tomar a fazenda não é possível. Uma desapropriação seria um prêmio em dinheiro para a Monsanto'', disse Hoffmann, que vai à França (Montepellier) no próximo dia 8 para depor em favor de Bové, relatando o comportamento das multinacionais da área agrícola no Rio Grande do Sul.

Hoffmann disse, ainda, que as multinacionais plantam transgênicos no Estado porque querem ''sujar'' as plantações e prejudicar as exportações gaúchas.
 

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