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10/02/2001
-
04h25
LÉO GERCHMANN, da Agência Folha, em Porto Alegre
A viagem na qual o secretário da Agricultura do Rio Grande do Sul, José Hermeto Hoffmann, depôs a favor do ativista francês José Bové em julgamento no Tribunal Correcional de Montpellier (sul da França), anteontem, foi paga com recursos do próprio Estado.
Hoffmann tirou 2 dos 12 dias de sua presença na França e nos Estados Unidos para o julgamento de Bové, reservando o período restante para contatos institucionais e comerciais. A Secretaria da Agricultura diz que as diárias referentes aos dois dias do julgamento e as despesas de transporte (inclusive o aéreo) serão cobertas pela Confederação Camponesa da França, à qual Bové é filiado.
Segundo o ""Diário Oficial" do Estado, Hoffmann teve passagens de ida e volta e 12 diárias e meia, no valor de US$ 200 cada, pagas com dinheiro público.
O processo no qual Hoffmann depôs foi movido contra Bové pela invasão e destruição de lavouras de arroz transgênico em 1997, na cidade francesa.
As plantas estavam em uma estufa do Cirad (Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento), um órgão público.
Bové, que chegou ao Tribunal Correcional de Montpellier acompanhado do secretário gaúcho, poderá ser condenado a cinco anos de reclusão.
O Cirad pede, ainda, uma indenização no valor de US$ 600 mil, alegando que a destruição das plantas prejudicou pesquisas que vinham sendo realizadas há dez anos com os transgênicos.
José Hoffmann foi a segunda de dez testemunhas a depor. Falou sobre experiências com transgênicos promovidas por multinacionais no Terceiro Mundo.
Durante o Fórum Social Mundial, que se realizou no final do mês passado, em Porto Alegre, Bové esteve na capital gaúcha e participou de um ato semelhante, com invasão e destruição de uma plantação da Monsanto, acompanhado de integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
O episódio ocorreu em uma fazenda com soja transgênica experimental, localizada no município gaúcho de Não-Me-Toque (268 km de Porto Alegre).
Por ser francês, Bové foi notificado, no Brasil, sob as acusações de agressão à legislação brasileira, invasão de propriedade e destruição de coisa alheia.
Justamente a invasão ocorrida em Montpellier serviu de justificativa para a ação de Bové no Brasil. De acordo com o ativista francês, as propriedades foram invadidas pelo seu grupo acompanhado de indianos. Uma semana depois de terem entrado na primeira fazenda, as mesmas pessoas invadiram uma segunda fazenda, sem que, segundo Bové, os estrangeiros fossem ameaçados.
Após a invasão da fazenda da Monsanto no Rio Grande do Sul, os ativistas propuseram a desapropriação da propriedade ao governo gaúcho. Hoffmann declarou na época que não podia colocar a sugestão em prática: ""Tomar a fazenda não é possível. Uma desapropriação seria um prêmio em dinheiro para a Monsanto".
Além de depor no processo movido contra Bové, o Hoffmann aproveita a viagem para concretizar acordos de cooperação técnica e comercial com o Inra (Instituto de Pesquisas Agrícolas da França) e, ironicamente, o próprio Cirad. Em Washington, ele tem reuniões com representantes da Organização dos Estados Americanos e da Organização Pan-americana da Saúde.
Gasto será ressarcido, diz RS
Governo gaúcho pagou viagem de petista
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A viagem na qual o secretário da Agricultura do Rio Grande do Sul, José Hermeto Hoffmann, depôs a favor do ativista francês José Bové em julgamento no Tribunal Correcional de Montpellier (sul da França), anteontem, foi paga com recursos do próprio Estado.
Hoffmann tirou 2 dos 12 dias de sua presença na França e nos Estados Unidos para o julgamento de Bové, reservando o período restante para contatos institucionais e comerciais. A Secretaria da Agricultura diz que as diárias referentes aos dois dias do julgamento e as despesas de transporte (inclusive o aéreo) serão cobertas pela Confederação Camponesa da França, à qual Bové é filiado.
Segundo o ""Diário Oficial" do Estado, Hoffmann teve passagens de ida e volta e 12 diárias e meia, no valor de US$ 200 cada, pagas com dinheiro público.
O processo no qual Hoffmann depôs foi movido contra Bové pela invasão e destruição de lavouras de arroz transgênico em 1997, na cidade francesa.
As plantas estavam em uma estufa do Cirad (Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento), um órgão público.
Bové, que chegou ao Tribunal Correcional de Montpellier acompanhado do secretário gaúcho, poderá ser condenado a cinco anos de reclusão.
O Cirad pede, ainda, uma indenização no valor de US$ 600 mil, alegando que a destruição das plantas prejudicou pesquisas que vinham sendo realizadas há dez anos com os transgênicos.
José Hoffmann foi a segunda de dez testemunhas a depor. Falou sobre experiências com transgênicos promovidas por multinacionais no Terceiro Mundo.
Durante o Fórum Social Mundial, que se realizou no final do mês passado, em Porto Alegre, Bové esteve na capital gaúcha e participou de um ato semelhante, com invasão e destruição de uma plantação da Monsanto, acompanhado de integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
O episódio ocorreu em uma fazenda com soja transgênica experimental, localizada no município gaúcho de Não-Me-Toque (268 km de Porto Alegre).
Por ser francês, Bové foi notificado, no Brasil, sob as acusações de agressão à legislação brasileira, invasão de propriedade e destruição de coisa alheia.
Justamente a invasão ocorrida em Montpellier serviu de justificativa para a ação de Bové no Brasil. De acordo com o ativista francês, as propriedades foram invadidas pelo seu grupo acompanhado de indianos. Uma semana depois de terem entrado na primeira fazenda, as mesmas pessoas invadiram uma segunda fazenda, sem que, segundo Bové, os estrangeiros fossem ameaçados.
Após a invasão da fazenda da Monsanto no Rio Grande do Sul, os ativistas propuseram a desapropriação da propriedade ao governo gaúcho. Hoffmann declarou na época que não podia colocar a sugestão em prática: ""Tomar a fazenda não é possível. Uma desapropriação seria um prêmio em dinheiro para a Monsanto".
Além de depor no processo movido contra Bové, o Hoffmann aproveita a viagem para concretizar acordos de cooperação técnica e comercial com o Inra (Instituto de Pesquisas Agrícolas da França) e, ironicamente, o próprio Cirad. Em Washington, ele tem reuniões com representantes da Organização dos Estados Americanos e da Organização Pan-americana da Saúde.
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