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12/02/2001 - 00h00

Lafer quer apoio da Argentina e do Uruguai na disputa com o Canadá

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JOSÉ ALAN DIAS
da Folha de S.Paulo
DE BUENOS AIRES

O ministro Celso Lafer buscará apoio da Argentina e do Uruguai na disputa comercial que o Brasil mantém com o Canadá.

Duas semanas atrás, o governo canadense fechou as fronteiras às exportações de carne brasileira, sob o argumento de que suspeitava que o produto poderia estar contaminado pelo mal da vaca louca (doença crônica degenerativa).

A suspeita foi sustentada pela demora do governo em enviar documentos atestatórios de que o gado brasileiro não estaria infectado. O Brasil sustenta que a decisão canadense não foi baseada em critérios técnicos.

"Entendo que a Argentina e o Uruguai, que também são exportadores de carne, tenham interesse de que decisões como essa não sejam resultado de uma postura arbitrária, mas baseadas em rigor técnico", disse Lafer.

O ministro argumentou que defenderá junto aos parceiros de bloco comercial que o Mercosul solicite nos debates sobre a Alca a inclusão de normas de fiscalização sanitária, que deveriam reger em toda a futura zona de livre comércio das Américas.

"A opinião pública dos EUA e do Canadá já está percebendo que a decisão (de proibir a entrada de carne) foi tomada não como defesa da saúde do consumidor, mas por outras razões que nós conhecemos", comentou, em referência à disputa comercial em outro campo, o de aviação, entre a canadense Bombardier e a Embraer.

Para o governo brasileiro, o embargo à carne teria sido motivado como forma de represália canadense, no meio da guerra que envolve as duas companhias fabricantes de jatos.

Depois do anúncio dos canadenses, seus parceiros de Nafta (EUA e México) decidiram também fechar as fronteiras. "Dizer hoje que (o gado) tem vaca louca é a mesma coisa que, durante a Idade Média, apontar que você tem peste. É uma observação gravíssima", afirmou Lafer.

De acordo com ele, técnicos canadenses chegarão esta semana ao Brasil para analisar laudos e dados da Fiscalização Sanitária. ""Essa missão permitirá esclarecer completamente o assunto."

Além dos canadenses, a missão será composta por analistas mexicanos e norte-americanos. Os técnicos devem desembarcar no Brasil até quarta-feira.

Em meio ao imbróglio brasileiro com o Canadá nem a Argentina nem o Uruguai saíram em defesa do parceiro. Curiosamente, as declarações mais contundentes partiram da Câmara dos Exportadores de Carne da Argentina.

"Com o Brasil fora do mercado, ainda que provisoriamente, haverá um jogador a menos", disse Miguel Schiariti, presidente da entidade. Para, em seguida, emendar: "A Argentina precisa privilegiar o Mercosul. A disputa pelo mercado de carne não pode ser um elemento que vá nos separar. A única forma de conseguirmos uma boa negociação com a Alca é fortalecendo o bloco, não isolados. Podemos ter alguma vantagem no curto prazo e perder muito depois".

Os EUA dominam as vendas no mercado mundial, com 15,7% do total, contra 7,9% do Brasil e 5% da Argentina.
 

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