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16/02/2001 - 03h21

Tasso reage à articulação de Serra e cancela ida a Brasília

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KENNEDY ALENCAR e RAQUEL ULHÔA, da Folha de S.Paulo, em Brasília

O presidenciável tucano e governador do Ceará, Tasso Jereissati, reagiu a uma articulação do concorrente José Serra, ministro da Saúde, para isolar seu grupo político dentro do PSDB.

Tasso cancelou uma viagem a Brasília para se encontrar com Fernando Henrique Cardoso, o que foi visto no governo como um recado duro ao presidente.

O governador cearense avalia que FHC está ajudando Serra para contrabalançar o apoio público do governador Mário Covas (PSDB-SP) à sua candidatura.

Serra fortaleceu seu projeto presidencial com a vitória da aliança PMDB-PSDB sobre o PFL na guerra congressual e agora busca ampliar espaço no seu próprio partido. No bastidor, FHC e Serra jogaram pela vitória da aliança tucano-peemedebista.

O presidente, porém, disse que foi neutro. Ontem, no Congresso, Serra declarou: "Não participei de disputa nenhuma".

Apesar de ter sido lançado candidato a presidente por Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), Tasso não ajudou o pefelista a derrotar Jader Barbalho (PMDB-PA), que se elegeu no Senado, para não ameaçar a candidatura do tucano Aécio Neves (MG) na Câmara.

Jader e Aécio vão comandar o Congresso até o final do mandato de FHC. Eles foram eleitos anteontem com maioria absoluta do Senado (41 dos 81 votos) e da Câmara ( 283 dos 512 votos).

O ex-presidente do Congresso foi o principal derrotado nas eleições de anteontem para as presidências da Câmara e do Senado.

Tasso avaliou que eleger Aécio era do interesse de FHC e barrou a aliança de senadores tucanos do Ceará com o PFL. Agora, crê que não está tendo reciprocidade, segundo um auxiliar do presidente com quem conversou.

FHC, porém, também está contrariado com Tasso, que fez críticas à equipe econômica em Davos, Suíça, no Fórum Econômico Mundial. O presidente acha que Tasso quer marcar diferenças com seu governo para ser um candidato menos dependente, o que não o agrada.

Lideranças
Para Tasso, Serra operou a recondução do líder do PSDB no Senado, Sérgio Machado, ao cargo e tentou eleger ontem Jutahy Magalhães (BA) líder da bancada tucana na Câmara dos Deputados. Machado é adversário de Tasso no Ceará.

Os senadores cearenses do PSDB que são seus aliados, Luiz Pontes e Lúcio Alcântara, acusaram a cúpula do partido de tentar isolar o grupo de Tasso.

E, apesar de FHC ser contra Jutahy, que apoiou o PT na eleição presidencial de 1994, Serra está conseguindo vencer a resistência do Palácio do Planalto ao baiano.

Perdida a batalha para Machado, Tasso conseguiu adiar a eleição de Jutahy até a próxima terça-feira. O tucano baiano está em vantagem na disputa em relação a Nárcio Rodrigues (PSDB-MG), preferido por Tasso.

"O Tasso não está contra mim. Tive o apoio de 9 dos 11 deputados do Ceará", disse Jutahy.

No entanto, há a possibilidade de Tasso tentar reverter esse apoio para compensar o acordo de Jutahy com 9 de 12 deputados federais paulistas.

Para minar o apoio de Covas a Tasso, Serra se aproximou de parlamentares covistas e costura um entendimento à margem do governador para ser o presidenciável preferido do PSDB paulista.

Acordo
"Cumprimos o acordo e votamos no Jader. O troco foi uma manobra para nos isolar e reconduzir o líder. Fomos usados", disse Lúcio Alcântara, referindo-se ao apoio que deram ao peemedebista Jader Barbalho para presidir o Senado.

Alcântara disse que o presidente do seu partido, o senador Teotonio Vilela (PSDB-AL), não cumpriu os compromissos assumidos com ele e Luiz Pontes em troca do apoio dos dois a Jader.

Foi feito um acordo por meio do presidente do PSDB.

Vilela e os aliados de Jader ofereceram a Alcântara a vaga que o PSDB teria na Mesa Diretora: a primeira vice-presidência ou a primeira secretaria, os únicos cargos com importância política, além da presidência.

Mas, na negociação dos partidos após a eleição de Jader Barbalho, o PSDB abriu mão desses dois cargos para facilitar a composição do PMDB com o PFL e com os partidos de oposição.

A primeira vice-presidência ficou com o PFL e a primeira secretaria, com o PPS. Alcântara foi surpreendido com o convite de Teotonio para que ocupasse a segunda vice-presidência. Depois, o presidente do PSDB voltou a ligar para Alcântara dizendo que o cargo seria outro, a segunda secretaria, mas ele recusou.

"A lógica é que o Sérgio (Machado) vá sair do PSDB, já que quer ser governador e pelo PSDB não será", disse Alcântara. O grupo de Tasso acha que Machado já tem acordo para trocar de partido e se candidatar pelo PMDB.

Machado negou que tivesse feito acordo com Alcântara e Pontes. Disse que
foi reconduzido por "decisão da maioria" e ironizou os colegas.

"Deveríamos todos estar comemorando a vitória do Aécio. Estou preocupado é com a vitória."
 

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