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23/02/2001 - 03h26

Senador tem 29 cargos relevantes no governo

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FERNANDO RODRIGUES, da Folha de S.Paulo, em Brasília

Crítico feroz do presidente Fernando Henrique Cardoso, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) tem, pelo menos, 29 cargos de relevância no governo federal, segundo levantamento realizado pela Folha ao longo desta semana. Apesar das recentes críticas a FHC e a outros membros da administração tucana, ACM tem conseguido manter as indicações.

Os dois cargos mais vistosos são o Ministério das Minas e Energia e o Ministério da Previdência, ocupados pelos carlistas Waldeck Ornélas e Rodolpho Tourinho. Juntas, essas duas pastas têm um investimento previsto de R$ 278,4 milhões neste ano.

Logo abaixo dos dois ministérios, os cargos de destaque são as presidências da Eletrobrás, do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) e da Dataprev (empresa que processa os dados da Previdência).

Poder financeiro
Essas três posições concentram, na realidade, muito mais poder financeiro do que os dois ministérios de ACM. O Orçamento da União prevê para a Eletrobrás um gasto R$ 357,2 milhões neste ano (além das despesas de custeio, com o pagamento de salários e outros pagamentos fixos). A Dataprev deve investir R$ 55 milhões. E o INSS, R$ 28,8 milhões.

"Na Bahia, só o Ibama e a Codeba não são de ACM. Tudo aqui é indicado por ele. É claro que ele toma o cuidado de não mandar quase nada por escrito para um ministério. Geralmente manda um parlamentar assumir a indicação", diz o deputado estadual baiano Marcelo Nilo, líder do PSDB na Assembléia Legislativa do Estado.

De fato, segundo a Folha apurou, no registro informal mantido pelo governo federal aparecem bem menos indicações atribuídas a ACM -apenas 18- do que as verificadas na prática na Bahia ou em Brasília.

Em pelo menos um caso o nomeado é parente de ACM. Trata-se do seu sobrinho Luiz Roberto Magalhães. Ele é responsável pelo Departamento Jurídico do escritório do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) em Brasília.

A rede do carlismo é extensa na Bahia. Pelo levantamento da Folha, ACM teve influência direta na nomeação para 20 cargos federais no seu Estado.

O poder de ACM também não se restringe aos órgãos relacionados aos dois ministérios em que colocou auxiliares. O senador baiano consegue fazer nomeações em outras sete pastas: Fazenda, Agricultura, Transportes, Integração Nacional, Comunicações, Saúde e Justiça.

Feudos
Essa penetração do carlismo se deve a décadas de atuação no poder federal. ACM criou feudos que vários presidentes não quiseram alterar.

Por exemplo, o representante da ECT (Empresa de Correios e Telégrafos) na Bahia é sempre uma pessoa da confiança de ACM desde os anos 80, quando ele foi ministro das Comunicações. Não importa que hoje essa empresa esteja sob o comando de um ministro tucano, no caso, Pimenta da Veiga (Comunicações).

O caso que chama mais a atenção é a presença de carlistas em órgãos supostamente controlados por um dos seus maiores inimigos, o ministro dos Transportes, Eliseu Padilha, do PMDB.

ACM influenciou na indicação de dois diretores da Codeba (Companhia de Docas do Estado da Bahia) -o diretor de Infra-Estrutura e Gestão Portuária (Geraldo Luz) e o diretor administrativo (Joel Lopes Fernandes).

Além dessas duas nomeações, ACM também participou da nomeação do diretor do DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem) da Bahia. Trata-se de João Sílvio Monteiro, que assumiu em setembro de 99.

No ano em que Sílvio assumiu, o DNER baiano gastou R$ 49,3 milhões. No ano seguinte, 2000, o valor foi a R$ 79,7 milhões -um acréscimo de 61,7% sobre os valores de 99.
 

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