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27/02/2001
-
19h51
CONSTANÇA TATSCH
da Folha Online
MÁRIO TONOCCHI
da Folha Online, em Campinas
O foneticista Ricardo Molina de Figueiredo, 44, disse hoje que vincula sua demissão do Laboratório de Fonética da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) com a relação entre o Palácio do planalto e a universidade por meio do PSDB.
Para o foneticista sua demissão começou a ser articulada depois que ele divulgou um novo laudo sobre o massacre de Eldorado dos Carajás, no final do ano passado. "Depois da divulgação do laudo que incrimina a polícia, passei a sofrer restrições dentro da universidade", afirma.
"É muito estranho, na terça e quarta-feira passada recebi contatos da revista Isto é para analisar a fita da reunião entre o senador Antônio Carlos Magalhães e procuradores. Na quinta-feira fui demitido. Todo mundo sabe da ligação que o reitor da universidade tem com o partido", afirma.
A assessoria de imprensa da Unicamp informou que o reitor Hermano Tavares não vai se pronunciar sobre o assunto e que os motivos do da demissão do foneticista serão informados por meio de nota oficial ainda esta semana.
A portaria da demissão publicada no Diário Oficial do Estado "por justa causa" por ter cometido "falta gravíssima" por "empregar material do serviço para fins particulares" e "valer-se de sua qualidade de servidor, direta ou indiretamente, para lograr qualquer proveito". O foneticista nega irregularidades.
Na perícia que Molina espera fazer nas fitas da conversa entre o senador e os procuradores o foneticista que mantém um laboratório em casa, tentará identificar a voz do senador Antonio Carlos Magalhães e dos procuradores Guilherme Schelb, Eliana Torelly e Luiz Francisco de Souza, que participaram da reunião.
A gravação foi feita por Luiz Francisco, que teria utilizado um aparelho de bolso. O caso gerou uma crise no governo e no próprio Ministério Público Federal.
No Ministério Público Federal, os procuradores Eliana Torelly e Guilherme Schelb desautorizaram, em nota oficial, a atitude de Luiz Francisco. ACM negou que tenha conversado com os procuradores sobre o governo FHC.
São Bernardo do Campo
Outra suspeita de Molina a respeito da ligação entre o governo e a Unicamp nas questões que envolvem a política está no laudo que ele estava realizando na Unicamp a respeito da veracidade de uma fita de vídeo que envolve um esquema de corrupção do vice-prefeito de São Bernardo do Campo, Willian Dib (PPS).
Uma denúncia do candidato derrotado do PSDB Carlos Pastoriza e do PT Vicente Paula da Silva, o Vicentinho nas eleições para prefeito do ano passado afirma que o candidato à vice na chapa de Soares, William Dib, teria aliciado cerca de 15 candidatos a vereador, na tentativa de que renunciassem às candidaturas em troca de dinheiro, o que favoreceria a candidatura do atual prefeito Maurício Morais.
A fita com a gravação das conversas entre o vice-prefeito e vereadores foi entregue a Molina, que confirmou sua autenticidade. "Nesse trabalho a reitoria tinha muito interesse de que fosse concluído, apesar das retaliações que estava sofrendo dentro da Unicamp", completa Molina.
Outro lado
Para o deputado estadual do PSDB Nilton Flávio, professor universitário da Unesp e há seis anos no partido, o foneticista de Campinas perdeu a razão. "Ele está delirando. O Molina está tentando valorizar um assunto administrativo da Unicamp", afirmou.
Segundo o deputado o PSDB não interfere em questões administrativas na política das universidades. "A único momento em que tomamos contato com a universidade é no momento da votação do orçamento. Mesmo assim a porcentagem repassada pelo governo é fixa e somente depois os reitores debatem a divisão do repasse. Não há como fazer ameaças ou pressionar a universidade", disse o deputado.
Perito diz que ligação entre o PSDB e Unicamp motivou demissão
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da Folha Online
MÁRIO TONOCCHI
da Folha Online, em Campinas
O foneticista Ricardo Molina de Figueiredo, 44, disse hoje que vincula sua demissão do Laboratório de Fonética da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) com a relação entre o Palácio do planalto e a universidade por meio do PSDB.
Para o foneticista sua demissão começou a ser articulada depois que ele divulgou um novo laudo sobre o massacre de Eldorado dos Carajás, no final do ano passado. "Depois da divulgação do laudo que incrimina a polícia, passei a sofrer restrições dentro da universidade", afirma.
"É muito estranho, na terça e quarta-feira passada recebi contatos da revista Isto é para analisar a fita da reunião entre o senador Antônio Carlos Magalhães e procuradores. Na quinta-feira fui demitido. Todo mundo sabe da ligação que o reitor da universidade tem com o partido", afirma.
A assessoria de imprensa da Unicamp informou que o reitor Hermano Tavares não vai se pronunciar sobre o assunto e que os motivos do da demissão do foneticista serão informados por meio de nota oficial ainda esta semana.
A portaria da demissão publicada no Diário Oficial do Estado "por justa causa" por ter cometido "falta gravíssima" por "empregar material do serviço para fins particulares" e "valer-se de sua qualidade de servidor, direta ou indiretamente, para lograr qualquer proveito". O foneticista nega irregularidades.
Na perícia que Molina espera fazer nas fitas da conversa entre o senador e os procuradores o foneticista que mantém um laboratório em casa, tentará identificar a voz do senador Antonio Carlos Magalhães e dos procuradores Guilherme Schelb, Eliana Torelly e Luiz Francisco de Souza, que participaram da reunião.
A gravação foi feita por Luiz Francisco, que teria utilizado um aparelho de bolso. O caso gerou uma crise no governo e no próprio Ministério Público Federal.
No Ministério Público Federal, os procuradores Eliana Torelly e Guilherme Schelb desautorizaram, em nota oficial, a atitude de Luiz Francisco. ACM negou que tenha conversado com os procuradores sobre o governo FHC.
São Bernardo do Campo
Outra suspeita de Molina a respeito da ligação entre o governo e a Unicamp nas questões que envolvem a política está no laudo que ele estava realizando na Unicamp a respeito da veracidade de uma fita de vídeo que envolve um esquema de corrupção do vice-prefeito de São Bernardo do Campo, Willian Dib (PPS).
Uma denúncia do candidato derrotado do PSDB Carlos Pastoriza e do PT Vicente Paula da Silva, o Vicentinho nas eleições para prefeito do ano passado afirma que o candidato à vice na chapa de Soares, William Dib, teria aliciado cerca de 15 candidatos a vereador, na tentativa de que renunciassem às candidaturas em troca de dinheiro, o que favoreceria a candidatura do atual prefeito Maurício Morais.
A fita com a gravação das conversas entre o vice-prefeito e vereadores foi entregue a Molina, que confirmou sua autenticidade. "Nesse trabalho a reitoria tinha muito interesse de que fosse concluído, apesar das retaliações que estava sofrendo dentro da Unicamp", completa Molina.
Outro lado
Para o deputado estadual do PSDB Nilton Flávio, professor universitário da Unesp e há seis anos no partido, o foneticista de Campinas perdeu a razão. "Ele está delirando. O Molina está tentando valorizar um assunto administrativo da Unicamp", afirmou.
Segundo o deputado o PSDB não interfere em questões administrativas na política das universidades. "A único momento em que tomamos contato com a universidade é no momento da votação do orçamento. Mesmo assim a porcentagem repassada pelo governo é fixa e somente depois os reitores debatem a divisão do repasse. Não há como fazer ameaças ou pressionar a universidade", disse o deputado.
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