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01/03/2001 - 04h05

Procurador admite que gravou conversa com ACM

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da Agência Folha, em Brasília

O procurador Luiz Francisco de Souza admitiu ontem, pela primeira vez em público, que gravou a conversa que ele e outros dois colegas tiveram com o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) há dez dias.

Em nota de esclarecimento, o procurador declarou: "Gravei a conversa usando um gravador em meu bolso, pois queria ter uma garantia de defesa, pessoal e institucional, caso houvesse alguma distorção posterior sobre
o que foi dito na reunião".

"Outra razão foi suspeitar de que o senador Antonio Carlos Magalhães poderia pretender utilizar a reunião com os procuradores para fins políticos e pessoais", afirmou Luiz Francisco na nota.

O procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, requisitou a fita para comprovar o teor da conversa e para "fins de investigação criminal e instrução processual penal", se for o caso.

Luiz Francisco deverá enviá-la a Brindeiro, não ao Senado, que já solicitara a gravação na semana passada. "Não cometi nenhum crime. A cada segundo, lá de Miami, ACM confirma o que foi falado aqui. A
correção da minha conduta está na minha consciência", afirmou Luiz Francisco.

Em entrevista à Folha, ACM disse que pedira somente a quebra do sigilo telefônico do ex-secretário-geral da Presidência Eduardo Jorge Caldas Pereira. No que foi divulgado sobre a conversa, o senador teria falado também em sigilo bancário.

Ao cobrar de Luiz Francisco a apresentação das fitas, ACM disse que havia trechos que poderiam comprometer os procuradores.

Também participaram da reunião os procuradores Guilherme Schelb e Eliana
Torelly, que cedeu o seu gabinete para receber ACM.

O comunicado não deixa claro se Schelb e Eliana sabiam da gravação. A Folha apurou que, como o encontro foi confirmado de última hora, os procuradores não chegaram a uma decisão sobre gravar ou não a conversa.
Só houve a certeza do registro depois que ACM deixou o prédio do Ministério Público.

Luiz Francisco entrou no gabinete de Eliana depois que a reunião tinha começado. No bolso, trazia um gravador. Ele disse que saiu da sala três vezes, quando teria trocado a fita para registrar inteiramente o conteúdo da conversa de uma hora e vinte minutos.

Ao todo, Luiz Francisco gravou três fitas, duas das quais no gravador que levava no bolso. Uma terceira foi produzida por outro aparelho, que o procurador deixou sobre uma estante de sua sala, separada do gabinete de Eliana por uma divisória de madeira.

Na nota, ele disse que pensou em utilizar dois aparelhos "por não ter prática com gravadores e gravações de conversas". Mas como não era possível colocar os dois aparelhos no bolso da camisa, deixou um em sua sala.

A fita que resultou deste segundo aparelho, segundo o procurador, está inaudível. Mas ele acredita ser possível recuperar o conteúdo utilizando aparelhos tecnologicamente avançados. Com esse propósito, utilizando um intermediário, entrou em contato com o perito Ricardo Molina.

Quanto às outras fitas, Luiz Francisco não afirma taxativamente tê-las destruído. Declarou na nota que, depois de uma acalorada discussão com os colegas, que o criticaram por ter divulgado o conteúdo da conversa, pisou "nas fitas com o pé, trincando o invólucro plástico... deixando os restos no chão para serem jogados no lixo".

O procurador disse acreditar que os colegas tenham jogado o que sobrou das fitas no lixo. Fez questão de declarar que "não destruiu as fitas", pois depois da pisada ainda seria possível recuperá-las. "Quebrei as fitas no calor da emoção. E também em respeito aos colegas".
 

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