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07/03/2001 - 20h23

Camponesas prometem protestos no Dia da Mulher

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da Agência Folha

Cerca de 19 mil camponesas pretendem transformar a comemoração do Dia Internacional da Mulher, amanhã, em um ato de protesto em 21 capitais brasileiras. Não está descartada a invasão de prédios públicos durante as marchas programadas.

O objetivo da ANMTR (Articulação Nacional das Mulheres Trabalhadoras Rurais) era reunir 40 mil sem-terra e pequenas agricultoras em acampamentos espalhados por 23 Estados nesta semana.

Mas a mobilização fracassou em Brasília e foi adiada em São Paulo, nesse caso devido à morte do governador Mário Covas.

"A data é festiva, mas as trabalhadoras rurais não têm o que comemorar diante da política agrária do governo que instalou a miséria no campo", diz Nina Tonin, 30, da direção nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), uma das entidades que compõem a ANMTR.

Estão previstas marchas em São Luiz (2.000 mulheres), Salvador (1.500), Teresina (1.500), Porto Velho (1.500), Cuiabá (1.500), Campo Grande (1.500), Curitiba (1.500), Aracaju (500), Fortaleza (500) Vitória (400), Belém (300), Belo Horizonte (200) e João Pessoa (100). O alvo final das caminhadas são os palácios de
governo e as superintendências regionais do Incra.

Em outras capitais, as mulheres optaram por atos públicos, palestras ou panfletagens contra os alimentos transgênicos (modificados geneticamente).

Os movimentos rurais vêm, desde o final do ano passado, voltando suas baterias contra os transgênicos, que facilitam culturas extensivas como a da soja, por protegê-las de pragas.

Esse tipo de plantação é vista como inimiga dos trabalhadores de pequenas propriedades e assentamentos, além de servir de ''símbolo do capitalismo'' a ser combatido, como provou a ação contra uma plantação experimental transgênica no Rio Grande do Sul promovida pelo MST e pelo líder agrário francês José Bové em janeiro.

"Se vamos ocupar ou não prédios públicos nessas caminhadas vai depender das respostas que teremos do governo e da mobilização das companheiras nos Estados", disse Tonin.

No final da tarde de hoje, uma comissão de trabalhadoras rurais teria audiência em Brasília com o ministro Raul Jungmann, do Desenvolvimento Agrário, para discutir a pauta de reivindicações. As mulheres contavam também com a presença na reunião do ministro da Casa Civil, Pedro Parente, mas a assessoria só confirmou o encontro com Jungmann.

Além de requerer mais crédito e terras para assentamento como os homens dos movimentos sociais do campo, as trabalhadoras têm reivindicações específicas. Uma delas é o reconhecimento da mulher como co-proprietária na posse da terra com o marido.

Cerca de 200 trabalhadores rurais paralisaram por meia hora, pela manhã, a principal rua do centro de Manaus, a avenida Eduardo Ribeiro, onde está situada uma loja da rede de supermercados Carrefour.

As mulheres estacionaram um pequeno trio elétrico na frente do estabelecimento para protestar contra os alimentos transgênicos. Os transgênicos também são alvo em Teresina. As manifestantes têm audiência prevista para tratar do assunto com representantes da Secretaria da Agricultura.

Em Curitiba, a concentração ocorre no centro da cidade. Segundo Margaret Maran Nunes, 34, uma das organizadoras do acampamento, a idéia é lembrar a dignidade feminina. "Estamos cansadas de receber flores e só ser lembradas no dia 8. Queremos rosas, mas também queremos ter nossos direitos respeitados", afirmou Margaret.
 

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