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18/03/2001 - 04h09

Desvio de dinheiro teria conexão em duas cidades

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RONALDO SOARES
da Folha de S.Paulo

Investigações do Ministério Público do Paraná apontam conexão entre esquemas de desvio de dinheiro público nas Prefeituras de Maringá e Londrina, no norte do Estado.

A Promotoria de Defesa do Patrimônio Público de Maringá já identificou pelo menos 40 pessoas de Londrina que teriam se beneficiado do esquema de corrupção nos dois municípios.

Somente um dos beneficiados de Londrina, cujo nome não foi divulgado, teria recebido cerca de R$ 7 milhões desviados de Maringá, de acordo com levantamento feito a partir da quebra do sigilo dos dados nas contas da prefeitura da cidade.

Doleiro
O esquema de desvio em Maringá envolve pelo menos 130 pessoas em diversos Estados, segundo o Ministério Público.

As quantias desviadas podem ultrapassar os R$ 100 milhões. Em Londrina, o Tribunal de Contas do Estado identificou um rombo de R$ 70 milhões entre 1998 e 1999.

A promotoria suspeita que o principal elo entre os dois casos seja o empresário e doleiro de Londrina Alberto Youssef, o Beto, dono de uma casa de câmbio na cidade.

A pedido do órgão, o juiz da 3ª Vara Criminal de Maringá, Shiroshi Yendo, determinou na semana retrasada a apreensão de um computador e de documentos que estavam em poder do doleiro.

Em busca de documentos, promotores e oficiais de Justiça vasculharam o apartamento do doleiro, seu estabelecimento comercial _a Youssef Câmbio e Turismo_ e a casa da irmã dele.

Ex-secretário
O objetivo do Ministério Público é descobrir provas que liguem Youssef ao ex-secretário de Fazenda de Maringá Luís Antônio Paolicchi.
O ex-secretário é apontado como pivô do esquema de corrupção no município, e do ex-prefeito local Jairo Gianoto (sem partido, ex-PSDB), em cuja gestão teria se intensificado o desvio de recursos públicos. Paolicchi está preso na sede da Polícia Federal do Paraná.

O advogado de Youssef, João dos Santos Gomes Filho, afirmou que as acusações contra seu cliente são uma "leviandade".

O advogado de Paolicchi, Wagner Pacheco, também contesta as acusações contra o ex-secretário da Fazenda do município (leia texto nesta página).
Youssef é também peça-chave na investigação de Londrina.

A PIC (Promotoria de Investigações Criminais) suspeita que o doleiro controlava mais de 30 contas fantasmas no Banestado, por onde teriam passado cerca de R¹ 100 milhões desviados dos cofres públicos do município.

O doleiro chegou a ser preso em dezembro do ano passado e passou 14 dias na cadeia.

Youssef é acusado de "lavar" R$ 120 mil provenientes de licitação fraudulenta na AMA (Autarquia do Meio Ambiente), um dos órgãos municipais utilizados no esquema de corrupção.

Prefeitos

Os escândalos de corrupção no norte do Paraná derrubaram prefeitos na região. O de Londrina, Antônio Belinati (PFL), teve o mandato cassado em junho do ano passado, após ser afastado três vezes do cargo.

O de Maringá, Gianoto, foi afastado do cargo por decisão judicial em outubro do ano passado. Ambos respondem a ação na Justiça e negaram, na época, envolvimento com corrupção.

Nas alegações que apresentou à Justiça na semana retrasada, referentes à ação de improbidade administrativa a que responde, Gianoto declarou que os R$ 549 mil que foram desviados da Prefeitura de Maringá e apareceram em sua conta eram referentes a serviços prestados para Paolicchi, cuja fazenda o ex-prefeito teria administrado.
 

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