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26/03/2001
-
18h33
FÁBIO GUIBU
da Folha de S.Paulo, em Recife
Lavradores ligados ao MST inauguraram no fim-de-semana uma nova estratégia para pressionar o governo. Em vez de invadir, os agricultores estão acampando nos limites das propriedades, gerando tensão entre os fazendeiros de áreas vizinhas.
Em Pernambuco, nove propriedades rurais no sertão, agreste e Zona da Mata foram cercadas entre a manhã de domingo e a tarde de ontem. A meta, segundo o movimento, é sitiar pelo menos mais 20 fazendas até o fim da semana.
Segundo o líder do MST no Estado, Jaime Amorim, o objetivo da ação é pressionar o governo a revogar a medida provisória 2.109, que impede a realização de vistorias para fins de reforma agrária nas áreas invadidas.
"Podemos ocupar, sem dúvida nenhuma, qualquer fazenda próxima aos acampamentos", declarou Amorim. "O governo é que não pode querer fazer reforma agrária no Brasil por medida provisória", disse.
De acordo com Amorim, 30 mil trabalhadores rurais acampados em Pernambuco podem ser mobilizados a qualquer instante para aumentar a pressão sobre os fazendeiros. "Vamos mostrar que as idéias do governo só servem para gerar violência", declarou.
Não há uma avaliação independente do número de militantes "mobilizáveis".
Segundo Amorim, a tensão entre os proprietários aumentou com a nova estratégia adotada pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
"Eles se irritam porque nos vêem perto, mas não podem nos despejar, não têm o recurso da reintegração", afirmou Amorim. "Sabemos que eles estão se armando porque já houve ameaças nos municípios de Barra de Guabiraba e Feira Nova", disse.
O superintendente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) em Recife, José Geraldo Eugênio de França, confirmou a estratégia do MST e disse ter conhecimento dos acampamentos montados nos arredores das fazendas.
"O movimento quer acabar com a medida provisória porque ela deu um freio pesado nas invasões", afirmou. "E o MST usava as invasões para dar visibilidade às suas reivindicações."
Para o superintendente, as ações representam uma queda de braços com o governo. "O movimento perdeu com a MP, mas o Incra não ficou imobilizado, nem se acomodou com a situação", afirmou.
Segundo França, o órgão deverá vistoriar este ano em Pernambuco 59 áreas reivindicadas por várias entidades que lutam pela reforma agrária no Estado. Desse total, declarou, cerca da metade foi solicitada pelo MST.
O movimento, disse o superintendente do Incra, pede prioridade na vistoria de aproximadamente 90 áreas em Pernambuco. Nenhuma delas, porém, integra a lista de fazendas cercadas pelos sem-terra nos últimos dois dias.
"Isso nos leva a crer que o MST vai incluir mais algumas propriedades em sua lista nos próximos dias", afirmou França. De acordo com o superintendente, funcionários do Incra visitarão as áreas onde foram erguidos os acampamentos a partir de hoje.
"Vamos monitorar a situação e chamar os líderes para conversar conosco até o fim da semana", declarou. França adiantou, no entanto, que a revogação da MP não poderá ser discutida. "O assunto foge de nossa alçada."
MST muda estratégia de ação e acampa próximo a fazendas
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da Folha de S.Paulo, em Recife
Lavradores ligados ao MST inauguraram no fim-de-semana uma nova estratégia para pressionar o governo. Em vez de invadir, os agricultores estão acampando nos limites das propriedades, gerando tensão entre os fazendeiros de áreas vizinhas.
Em Pernambuco, nove propriedades rurais no sertão, agreste e Zona da Mata foram cercadas entre a manhã de domingo e a tarde de ontem. A meta, segundo o movimento, é sitiar pelo menos mais 20 fazendas até o fim da semana.
Segundo o líder do MST no Estado, Jaime Amorim, o objetivo da ação é pressionar o governo a revogar a medida provisória 2.109, que impede a realização de vistorias para fins de reforma agrária nas áreas invadidas.
"Podemos ocupar, sem dúvida nenhuma, qualquer fazenda próxima aos acampamentos", declarou Amorim. "O governo é que não pode querer fazer reforma agrária no Brasil por medida provisória", disse.
De acordo com Amorim, 30 mil trabalhadores rurais acampados em Pernambuco podem ser mobilizados a qualquer instante para aumentar a pressão sobre os fazendeiros. "Vamos mostrar que as idéias do governo só servem para gerar violência", declarou.
Não há uma avaliação independente do número de militantes "mobilizáveis".
Segundo Amorim, a tensão entre os proprietários aumentou com a nova estratégia adotada pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
"Eles se irritam porque nos vêem perto, mas não podem nos despejar, não têm o recurso da reintegração", afirmou Amorim. "Sabemos que eles estão se armando porque já houve ameaças nos municípios de Barra de Guabiraba e Feira Nova", disse.
O superintendente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) em Recife, José Geraldo Eugênio de França, confirmou a estratégia do MST e disse ter conhecimento dos acampamentos montados nos arredores das fazendas.
"O movimento quer acabar com a medida provisória porque ela deu um freio pesado nas invasões", afirmou. "E o MST usava as invasões para dar visibilidade às suas reivindicações."
Para o superintendente, as ações representam uma queda de braços com o governo. "O movimento perdeu com a MP, mas o Incra não ficou imobilizado, nem se acomodou com a situação", afirmou.
Segundo França, o órgão deverá vistoriar este ano em Pernambuco 59 áreas reivindicadas por várias entidades que lutam pela reforma agrária no Estado. Desse total, declarou, cerca da metade foi solicitada pelo MST.
O movimento, disse o superintendente do Incra, pede prioridade na vistoria de aproximadamente 90 áreas em Pernambuco. Nenhuma delas, porém, integra a lista de fazendas cercadas pelos sem-terra nos últimos dois dias.
"Isso nos leva a crer que o MST vai incluir mais algumas propriedades em sua lista nos próximos dias", afirmou França. De acordo com o superintendente, funcionários do Incra visitarão as áreas onde foram erguidos os acampamentos a partir de hoje.
"Vamos monitorar a situação e chamar os líderes para conversar conosco até o fim da semana", declarou. França adiantou, no entanto, que a revogação da MP não poderá ser discutida. "O assunto foge de nossa alçada."
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