Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
16/04/2001 - 07h38

MST vai invadir capitais a partir de hoje

Publicidade

ELIANE SILVA
da Agência Folha, em Ribeirão Preto

Milhares de sem-terra devem invadir as capitais de 23 Estados a partir de hoje em protestos organizados pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) contra a política agrária do governo federal. Estão previstas marchas, vigílias e concentrações.

A invasão de prédios públicos não está descartada. "Cada Estado vai construir o modelo de luta conforme a sua realidade e necessidade", diz Roberto Baggio, da direção nacional do movimento.

A "jornada de lutas" do MST tem como pano de fundo a data de 17 de abril (amanhã), que marca os cinco anos do massacre de Eldorado do Carajás (PA). Na ocasião, 19 sem-terra morreram em confronto com a Polícia Militar. Até agora, ninguém foi condenado pelo episódio.

Neste final de semana, os militantes promoveram invasões em fazendas no Pará e em São Paulo. Na semana passada, eles invadiram e depredaram um engenho em Pernambuco e bloquearam uma rodovia em Alagoas.

"A tendência é pipocar muitas ocupações para denunciar os cinco anos de impunidade de Eldorado do Carajás e essa política do governo que só privilegia os ricos do campo", diz Nonato de Souza, da coordenação estadual do MST no Pará. "O caldo certamente vai engrossar esta semana", diz Itelvina Masioli, da direção nacional.

Entre hoje e amanhã devem estar chegando às capitais marchas de sem-terra que partiram do interior do Pernambuco, Mato Grosso, Alagoas e Bahia.

Na capital paulista, o protesto do MST será conduzido por cerca de mil camponesas ligadas à Articulação Nacional das Mulheres Trabalhadoras Rurais. Elas devem ficar acampadas na cidade dos dias 17 a 19. Na pauta de reivindicações, além de mais verbas para assentados e mais terras para reforma agrária, estão as lutas contra os transgênicos e a Alca.

Franca
Um grupo de cerca de 700 pessoas de 250 famílias ligadas ao MLST (Movimento de Libertação dos Sem-Terra) invadiu na madrugada de anteontem a fazenda Santana do Guaraciaba, em Franca. Foi a primeira invasão organizada pelo movimento no Estado.

Os invasores, que começaram a chegar ao local à 1h, estão convocando todos os interessados da região a se dirigirem ao local.

"Já temos umas 200 famílias e queremos chegar a 400", afirmou Vilmar da Silva, um dos coordenadores da invasão. A PM confirmou ontem a presença de 250 famílias. Silva disse ainda que a fazenda é improdutiva e que eles não vão sair do local.

"Só tem 70 cabeças de gado aqui e o resto está abandonado há mais de dois anos. Se o proprietário quiser negociar com o Incra, tudo bem. Caso contrário, não vamos desistir."

O dono da área, Milton Jacinto Guimarães, disse que vai pedir hoje a reintegração de posse da área. Ele disse que a fazenda é produtiva e que não há chance de negociação com os invasores.

Jacareí
O advogado da Fazenda Santana do Rio Abaixo, invadida na última sexta-feira por 180 sem-terra, Jairo dos Santos Rocha, vai entrar com o pedido de reintegração de posse hoje pela manhã.

A fazenda, de 840 alqueires, situada em Jacareí (SP), foi invadida pelas famílias, que montaram um acampamento na propriedade. A invasão foi coordenada pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).


Colaboraram a Folha Ribeirão e a Folha Vale



  • Leia mais sobre o MST no especial
    Reforma Agrária
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página