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18/04/2001 - 13h58

Unicamp coloca em xeque sistema de votação no Senado

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MÁRIO TONOCCHI
da Folha Online, em Campinas

O sistema de votação eletrônica no Senado Federal é vulnerável à violação e adulteração de votos. A conclusão é da comissão da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) que analisou se houve violação da votação secreta do dia 28 de junho de 2000 que cassou o senador Luiz Estevão.

Sobre a votação do dia 28, o relatório da Unicamp aponta que há "vários indícios" de que houve violação.

"Não encontramos, no entanto, nenhum indício de que houve realmente a alteração de votos, mas há registros de que houve manipulação da lista", afirmou o professor Alvaro Penteado Crósta, coordenador da Comissão.

Para Crósta, o sistema de votação no Senado tem "falhas" que se não forem corrigidas podem prejudicar todas as votações pois oferece brechas para a manipulação.

"Existem pontos como a permanência de arquivos temporários que registram a qualidade de votos [como votou cada senador] que pode ser acessado por qualquer pessoa", observa o professor.

Além disso, qualquer pessoa que possua a senha do operador do sistema pode alterar qualquer dado das votações. "O Senado tem que estabelecer privilégios de acesso aos arquivos", completou Crósta. A comissão identificou 18 pontos de violabilidade do sistema.

Luiz Estevão

A descoberta da violação no dia 28 segue uma cronologia de ações no sistema que integra cinco computadores do painel de votação.

Na manhã do dia 28, por volta das 8h, depois de um backup do sistema ter sido feito, dois arquivos com módulos de de programas-fontes de o sistema de controle de votação foram editados. Esses dois arquivos são os responsáveis pela garantia do sigilo na votação secreta.

O sistema registra o voto de cada senador e imediatamente terminada a votação é feita a contagem passando os votos sim, não e abstenção para apenas um "X", impedindo assim a identificação do voto.

Logo depois da alteração houve um teste simulando a votação secreta. Com a alteração dos arquivos o programa passou a registrar os votos mas não alterava os sim, não e abstenção, mantendo como cada senador votou.

A comissão da Unicamp descobriu também que por volta das 18h do mesmo dia foi utilizado um disquete que copiou o arquivo "Prs66_00.txt", que continha a votação.

Durante dois dias a pessoa que alterou o sistema tentou voltar o programa ao normal. Para os especialistas isso não foi possível pois o sistema ainda estava em funcionamento durante as sessões.

O sistema só voltou ao normal no dia 30, por volta das 16h, quando foram realizadas reedições dos dois arquivos que tinham sido modificados na manhã do dia 28.

A secretaria do Senador recebe cópias das votações. Nos casos de votações secretas essa lista aparece com o nome e os "X" no lugar de como cada um votou.

Nesse caso, descobriram os técnicos, a lista que estava no sistema alterado foi refeita à mão utilizando-se um programa de edição de textos TXT. "A ferramenta de edição está no próprio sistema. Isso não deveria acontecer", observou Crósta.

A Comissão não sabe determinar o nível que técnica da pessoa que violou a votação quwe cassou Luiz Estevão.

Para os professores, no entando, a pessoa que anterou os arquivos preferiu "arrombar a janela, deixando vestígios, ao invés de entrar pela porta aberta", observa Crósta. Pelas análises, apesar da alteração no sistema, os rastros derivados da ação não foram apagados de forma eficiente.

A comissão da Unicamp que analisou o painel na votação do dia 28 é formada pelos professores Alvaro Penteado Crósta, José Raimundo de Oliveira, Marco Aurélio Amaral Henrique e Mario Jino.

  • Veja o relato de como foi o esquema que violou o painel do Senado

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