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20/04/2001
-
03h26
KENNEDY ALENCAR e RAQUEL ULHÔA , da Folha de S.Paulo
O depoimento de Regina Célia Peres Borges, ex-diretora do Prodasen, ao Conselho de Ética desencadeou entre os senadores a convicção de que será inevitável iniciar processos de cassação contra o pefelista Antonio Carlos Magalhães (BA) e o tucano José Roberto Arruda (DF) por quebra de decoro parlamentar.
Essa foi a avaliação de lideranças do Congresso e de auxiliares e ministros do presidente Fernando Henrique Cardoso. Para eles, Regina convenceu ao relatar com riqueza de detalhes que ACM, ex-presidente do Senado, e Arruda, ex-líder do governo na Casa, planejaram e ordenaram a violação do sigilo do painel de votação em 28 de junho passado, dia da cassação de Luiz Estevão (PMDB-DF).
Anteontem, véspera de seu embarque para o Canadá, FHC já manifestava a interlocutores do Congresso a impressão de que a ex-diretora do Prodasen diz a verdade e que ACM e Arruda deverão perder seus mandatos.
Segundo um ministro, FHC estaria torcendo pela cassação de ACM. O Planalto avaliaria que isso desviaria do Executivo o foco das denúncias de corrupção.
Para os congressistas que viram o depoimento de Regina, o Senado se desmoralizará se não cassar Arruda e ACM -este a principal figura individual da Casa. Convenceram-se de que não há saída política indolor para o que julgam a maior crise do Senado.
Pedro Simon (PMDB-RS) disse que a violação do painel é o caso mais grave de irregularidade da história do Congresso, pior do que a descoberta dos ""pianistas" na Câmara dos Deputados (parlamentares que votaram por outros): ""Que um caso como esse pode acabar em cassação, pode".
Um dos membros da direção do Senado disse que ACM, com uma carreira de 40 anos, superdimensionou a crise, o que abortou tentativa de operação abafa envolvendo governistas e oposição.
"A sociedade não aceitará que se varra para baixo do tapete essa sujeira. É ingênuo pensar em "rede de proteção" ou "operação abafa" a essa altura do campeonato", disse o líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA).
"O PT não aceitará pizza ou tentativa de proteção. Confia em seus senadores e não teme investigação", disse o presidente do PT, o deputado José Dirceu. Ele negou que o PT tenha interesse em abafar a investigação sobre o painel para proteger seus filiados.
Para os membros do Conselho de Ética e da direção do Senado, todos os partidos sairão perdendo com a crise.
Além de ACM de Arruda, são alvos também os petistas José Eduardo Dutra (SE), que afirmou que Arruda lhe disse ser possível violar o painel, e Heloísa Helena (AL), acusada de ter votado contra a cassação de Estevão.
O presidente do Senado, Jader Barbalho, segundo a Folha apurou, sabe que poderá se tornar "a bola da vez". Ele não está envolvido na violação do painel, mas pode ser atingido pelas fraudes na Sudam e pelo relatório que aponta desvio de recursos no Banpará, entregue ontem à Procuradoria Geral da República.
Aliados de Jader, porém, têm difundido a versão de que as denúncias de envolvimento dele com corrupção não podem ser comparadas ao caso de ACM e Arruda, por não caracterizar quebra de decoro parlamentar.
A Folha apurou que Jader e senadores do Conselho de Ética deram garantias aos funcionários envolvidos de que não serão os únicos responsabilizados.
Senadores disseram não saber prever a reação de ACM e Arruda ao depoimento da ex-diretora do Prodasen (Centro de Informática e Serviço de Dados do Senado).
Para FHC e Senado, processo de cassação será inevitável
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O depoimento de Regina Célia Peres Borges, ex-diretora do Prodasen, ao Conselho de Ética desencadeou entre os senadores a convicção de que será inevitável iniciar processos de cassação contra o pefelista Antonio Carlos Magalhães (BA) e o tucano José Roberto Arruda (DF) por quebra de decoro parlamentar.
Essa foi a avaliação de lideranças do Congresso e de auxiliares e ministros do presidente Fernando Henrique Cardoso. Para eles, Regina convenceu ao relatar com riqueza de detalhes que ACM, ex-presidente do Senado, e Arruda, ex-líder do governo na Casa, planejaram e ordenaram a violação do sigilo do painel de votação em 28 de junho passado, dia da cassação de Luiz Estevão (PMDB-DF).
Anteontem, véspera de seu embarque para o Canadá, FHC já manifestava a interlocutores do Congresso a impressão de que a ex-diretora do Prodasen diz a verdade e que ACM e Arruda deverão perder seus mandatos.
Segundo um ministro, FHC estaria torcendo pela cassação de ACM. O Planalto avaliaria que isso desviaria do Executivo o foco das denúncias de corrupção.
Para os congressistas que viram o depoimento de Regina, o Senado se desmoralizará se não cassar Arruda e ACM -este a principal figura individual da Casa. Convenceram-se de que não há saída política indolor para o que julgam a maior crise do Senado.
Pedro Simon (PMDB-RS) disse que a violação do painel é o caso mais grave de irregularidade da história do Congresso, pior do que a descoberta dos ""pianistas" na Câmara dos Deputados (parlamentares que votaram por outros): ""Que um caso como esse pode acabar em cassação, pode".
Um dos membros da direção do Senado disse que ACM, com uma carreira de 40 anos, superdimensionou a crise, o que abortou tentativa de operação abafa envolvendo governistas e oposição.
"A sociedade não aceitará que se varra para baixo do tapete essa sujeira. É ingênuo pensar em "rede de proteção" ou "operação abafa" a essa altura do campeonato", disse o líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA).
"O PT não aceitará pizza ou tentativa de proteção. Confia em seus senadores e não teme investigação", disse o presidente do PT, o deputado José Dirceu. Ele negou que o PT tenha interesse em abafar a investigação sobre o painel para proteger seus filiados.
Para os membros do Conselho de Ética e da direção do Senado, todos os partidos sairão perdendo com a crise.
Além de ACM de Arruda, são alvos também os petistas José Eduardo Dutra (SE), que afirmou que Arruda lhe disse ser possível violar o painel, e Heloísa Helena (AL), acusada de ter votado contra a cassação de Estevão.
O presidente do Senado, Jader Barbalho, segundo a Folha apurou, sabe que poderá se tornar "a bola da vez". Ele não está envolvido na violação do painel, mas pode ser atingido pelas fraudes na Sudam e pelo relatório que aponta desvio de recursos no Banpará, entregue ontem à Procuradoria Geral da República.
Aliados de Jader, porém, têm difundido a versão de que as denúncias de envolvimento dele com corrupção não podem ser comparadas ao caso de ACM e Arruda, por não caracterizar quebra de decoro parlamentar.
A Folha apurou que Jader e senadores do Conselho de Ética deram garantias aos funcionários envolvidos de que não serão os únicos responsabilizados.
Senadores disseram não saber prever a reação de ACM e Arruda ao depoimento da ex-diretora do Prodasen (Centro de Informática e Serviço de Dados do Senado).
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