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21/04/2001 - 03h22

ACM intimidava com lista, dizem senadores

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da Folha de S.Paulo, em Brasília

O ex-presidente do Senado Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e o ex-líder do governo José Roberto Arruda (PSDB-DF) violaram o painel de votações para demonstrar poder e intimidar adversários políticos, segundo senadores. Para eles, ACM não conteve a vaidade e espalhou a história de que possuía a lista, motivando as investigações que confirmaram a fraude.

Um aliado de ACM contou à Folha que Arruda levou a lista de votações ao gabinete da presidência do Senado depois da sessão em que foi aprovada a cassação de Luiz Estevão (PMDB-DF). O tucano teria dito ao senador baiano: "O senhor está sentado?". "É claro. Você não está vendo?", respondeu ACM. Imediatamente, segundo o carlista, Arruda lhe entregou a lista.

A partir daí, ACM começou a apontar senadores que votaram a favor de Luiz Estevão, na maioria das vezes referindo-se a eles com termos depreciativos, como "sacana" e "canalha". A Folha apurou que o senador falava da lista a grupos de políticos, sem preocupação com o sigilo da história.

Um senador de oposição, que pediu para não ter seu nome revelado, disse que ACM agiu como se estivesse na Bahia, onde ele "faz e desfaz" sem ser contestado. O deputado Luís Eduardo Magalhães, morto há três anos, costumava dizer que seu pai pensava que Brasília era uma grande Bahia.

O deputado dizia que algumas vezes alertou o senador sobre o estilo de fazer política em Brasília: com mais negociações e menos agressividade em relação aos adversários.

Depois de ter acesso à lista, o primeiro alvo do senador baiano foi a então líder da oposição, Heloísa Helena (PT-AL). ACM comentava entre gargalhadas a nota publicada no jornal "O Globo" do dia 9 de agosto do ano passado, pelo colunista Ricardo Boechat, segundo a qual um defeito no painel havia possibilitado a identificação dos votos.

ACM costumava argumentar que a petista não teria como acusá-lo, porque que ele foi ao plenário fazer discurso em solidariedade a ela. Quando queria atacar o PT, ACM afirmava que o partido dizia ter controle sobre seus filiados, mas que a senadora havia votado a favor de Luiz Estevão.

A Folha apurou que, numa conversa com outros senadores, ACM se referiu a Eduardo Siqueira Campos (PFL-TO) como o "sacana que votou a favor de Luiz Estevão". Assessores de ACM, preocupados com o vazamento de votos, alertaram o senador de que ele deveria ser mais discreto.

No início deste ano, quando percebeu que a candidatura de José Sarney (PMDB-AP) à presidência do Senado não emplacaria, ACM começou a espalhar que o peemedebista não tinha votado a favor da cassação de Luiz Estevão.

Ele contou a amigos que teria tido um diálogo ríspido com Sarney, quando presidia uma sessão do Senado. ACM teria chamado Sarney de "canalha" e dito que ele o traiu, mas que os dois estariam juntos mais na frente, referindo-se à disputa pela presidência do Senado. Sarney nega o episódio.

Segundo senadores, Arruda foi mais discreto e falou com poucos sobre a possibilidade de violação do painel eletrônico. Um dos seus interlocutores foi o líder do bloco de oposição, José Eduardo Dutra (PT-SE), que narrou o diálogo entre os dois na reunião do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar.

Dutra disse que Arruda o abordou na véspera da sessão de cassação do mandato de Luiz Estevão e afirmou que nenhum sistema de informática é seguro.

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