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21/04/2001
-
03h34
FERNANDO DE BARROS E SILVA e RAYMUNDO COSTA da Folha de S.Paulo
O PSDB está desorientado e dividido sobre o que fazer com o senador José Roberto Arruda (DF), ameaçado de ter o mandato cassado. A maneira com que o presidente Fernando Henrique se livrou do senador, aconselhando-o a deixar a liderança do governo imediatamente após a eclosão do escândalo, desencadeou uma reação negativa de setores do tucanato. Teme-se que Arruda, uma vez rifado, resolva fazer revelações que possam comprometer a já arranhada imagem do governo.
No papel de líder no Congresso, que exerceu durante certo período, e no Senado, Arruda seria uma espécie de "arquivo ambulante". Teve acesso a muitos segredos. Inclusive sobre EJ, o ex-secretário-geral da Presidência Eduardo Jorge Caldas Pereira, que apoiou os adversários do senador em eleições de Brasília.
A ação de FHC para se livrar de Arruda conta com o apoio de tucanos graúdos, como o ministro José Serra (Saúde) e o governador Dante de Oliveira (MT). O presidente esteve com Serra e foi aconselhado antes de dizer pessoalmente a Arruda que seria melhor que se afastasse da liderança.
Anteontem à noite, porém, horas depois do depoimento de Regina Borges ao Conselho de Ética do Senado, parte do tucanato reunido no casamento da filha de Serra criticava o "açodamento" de FHC.
Ainda na igreja, durante os cumprimentos aos noivos, os governadores Tasso Jereissati (CE) e Marconi Perillo (GO), além de Pimenta da Veiga (Comunicações) e José Aníbal (Ciência e Tecnologia de São Paulo), se fecharam numa sala. Pimenta relatou aos demais que FHC havia sido apressado ao rifar o senador e que isso poderia ter efeitos nocivos sobre o PSDB. Houve consenso de que Arruda havia cometido uma "bobagem enorme", mas também de que não se deveria "entregá-lo às feras". O desalento era geral.
Amigo pessoal de Arruda, Pimenta esteve ontem à tarde com o senador para lhe dar apoio. O encontro foi sigiloso. Muito magoado, Arruda teria exposto suas queixas e decepções com alguns tucanos. Ouviu de Pimenta que a situação é muito delicada, mas que não há a intenção de abandoná-lo.
No casamento, porém, o secretário-geral do PSDB, Márcio Fortes, dizia que estava orientando amigos a aconselhar Arruda a se licenciar do partido.
Ontem, Tasso almoçou em São Paulo com o presidente da Câmara, Aécio Neves (MG). Preocupados, abordaram o caso Arruda. A conversa terminou num impasse: avaliaram que não há espaço para nenhuma operação abafa, mas que o partido também não deve crucificar o senador.
A Executiva Nacional do PSDB recebeu de pelo menos uma seção da legenda o pedido de expulsão de Arruda. A tendência é que as bases tucanas pressionem a cúpula cada vez mais nesse sentido.
O caso Arruda atinge o PSDB e o governo num momento delicado. Na reunião
que fez em Belém (PA), no fim de março, a cúpula do partido havia desencadeado uma operação de limpeza de imagem para separar-se de PMDB e PFL. Os tucanos, porém, cancelaram a próxima reunião, que fariam no dia 28, em Maceió (AL).
Atingido pelo escândalo, o PSDB não conseguiu chegar a um entendimento em torno da sucessão do senador Teotônio Vilela Filho na presidência da legenda.
Leia mais sobre o Congresso Nacional
Dividido, PSDB teme ônus de rifar Arruda
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O PSDB está desorientado e dividido sobre o que fazer com o senador José Roberto Arruda (DF), ameaçado de ter o mandato cassado. A maneira com que o presidente Fernando Henrique se livrou do senador, aconselhando-o a deixar a liderança do governo imediatamente após a eclosão do escândalo, desencadeou uma reação negativa de setores do tucanato. Teme-se que Arruda, uma vez rifado, resolva fazer revelações que possam comprometer a já arranhada imagem do governo.
No papel de líder no Congresso, que exerceu durante certo período, e no Senado, Arruda seria uma espécie de "arquivo ambulante". Teve acesso a muitos segredos. Inclusive sobre EJ, o ex-secretário-geral da Presidência Eduardo Jorge Caldas Pereira, que apoiou os adversários do senador em eleições de Brasília.
A ação de FHC para se livrar de Arruda conta com o apoio de tucanos graúdos, como o ministro José Serra (Saúde) e o governador Dante de Oliveira (MT). O presidente esteve com Serra e foi aconselhado antes de dizer pessoalmente a Arruda que seria melhor que se afastasse da liderança.
Anteontem à noite, porém, horas depois do depoimento de Regina Borges ao Conselho de Ética do Senado, parte do tucanato reunido no casamento da filha de Serra criticava o "açodamento" de FHC.
Ainda na igreja, durante os cumprimentos aos noivos, os governadores Tasso Jereissati (CE) e Marconi Perillo (GO), além de Pimenta da Veiga (Comunicações) e José Aníbal (Ciência e Tecnologia de São Paulo), se fecharam numa sala. Pimenta relatou aos demais que FHC havia sido apressado ao rifar o senador e que isso poderia ter efeitos nocivos sobre o PSDB. Houve consenso de que Arruda havia cometido uma "bobagem enorme", mas também de que não se deveria "entregá-lo às feras". O desalento era geral.
Amigo pessoal de Arruda, Pimenta esteve ontem à tarde com o senador para lhe dar apoio. O encontro foi sigiloso. Muito magoado, Arruda teria exposto suas queixas e decepções com alguns tucanos. Ouviu de Pimenta que a situação é muito delicada, mas que não há a intenção de abandoná-lo.
No casamento, porém, o secretário-geral do PSDB, Márcio Fortes, dizia que estava orientando amigos a aconselhar Arruda a se licenciar do partido.
Ontem, Tasso almoçou em São Paulo com o presidente da Câmara, Aécio Neves (MG). Preocupados, abordaram o caso Arruda. A conversa terminou num impasse: avaliaram que não há espaço para nenhuma operação abafa, mas que o partido também não deve crucificar o senador.
A Executiva Nacional do PSDB recebeu de pelo menos uma seção da legenda o pedido de expulsão de Arruda. A tendência é que as bases tucanas pressionem a cúpula cada vez mais nesse sentido.
O caso Arruda atinge o PSDB e o governo num momento delicado. Na reunião
que fez em Belém (PA), no fim de março, a cúpula do partido havia desencadeado uma operação de limpeza de imagem para separar-se de PMDB e PFL. Os tucanos, porém, cancelaram a próxima reunião, que fariam no dia 28, em Maceió (AL).
Atingido pelo escândalo, o PSDB não conseguiu chegar a um entendimento em torno da sucessão do senador Teotônio Vilela Filho na presidência da legenda.
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