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22/04/2001 - 03h52

Arruda, ameaçado, pode falar de outras supostas fraudes

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RAYMUNDO COSTA, da Folha de S.Paulo, em Brasília

Isolado em uma chácara nos arredores de Brasília, transtornado e sentindo-se abandonado pelo Planalto, o senador José Roberto Arruda (PSDB-DF) ameaça não cair sozinho e fazer revelações que comprometeriam o governo, caso o Conselho de Ética do Senado leve adiante o processo de
cassação de seu mandato.

Arruda passou a última sexta-feira reunido com seus advogados, que teriam desaconselhado a estratégia de defesa inicialmente pensada pelo tucano: dizer que a violação do painel eletrônico ocorreu outras vezes e é uma prática que antecede a ele na liderança do governo no Senado.

Na gestão de Arruda, a quebra de sigilo do voto dos senadores teria ocorrido em pelo menos uma outra ocasião: na votação do nome de Tereza Grossi para o Departamento de Fiscalização do Banco Central. As articulações para a aprovação do nome de Tereza estenderam-se por vários meses. Arruda, segundo tucanos, estaria ameaçando contar detalhes da operação.

No governo, o ministro Pimenta da Veiga (Comunicações) assumiu a tarefa de tentar acalmar Arruda, que se sente abandonado pelo Palácio do Planalto e pelos tucanos. O líder do PSDB no Senado, Sérgio Machado, também tem conversado com o senador.

Arruda teme ser o único responsabilizado pela violação do painel eletrônico. O ex-líder acha que a linha de defesa do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que teria encomendado a lista com os votos, segue nessa direção. "Não ficarei sozinho nisso", teria dito Arruda a tucanos.

No PSDB, estuda-se uma forma para que Arruda não tenha o mandato cassado, mas suspenso. O problema é a falta de quem conduza a negociação. FHC não quer se envolver, e o presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), que seria a pessoa indicada, é alvo de outras denúncias.

Outra hipótese considerada entre os tucanos é a renúncia de Arruda, o que permitiria que ele resguardasse seus direitos políticos e pudesse concorrer na próxima eleição. "Ele está muito emocionado. É difícil conversar", conta um dos tucanos envolvidos na operação para acalmar Arruda.

FHC, segundo pessoas próximas, está decidido a não interferir na crise, que considera exclusiva do Senado, e não teria nada a temer sobre supostas revelações que Arruda ameaça fazer.

ACM
O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) pediu ontem que FHC não faça nenhum tipo de pressão, "como tem feito em alguns casos", nos debates sobre a violação do painel do Senado.

"Fernando Henrique Cardoso quer fragilizar o Congresso no momento em que a economia dá sinais de fraqueza. Colocando o Congresso mais fraco, evidentemente que ele (presidente) fica mais forte", disse ACM.

Após visitar no final da manhã o Memorial Luís Eduardo Magalhães, o senador disse que vai apresentar ao Conselho de Ética um depoimento irrefutável. "Vou mostrar fatos totalmente diferentes dos apresentados pela ex-diretora do Prodasen (Regina Borges), que cometeu uma atitude criminosa".

De acordo com ACM, alguns senadores da oposição, a opinião pública e a imprensa estão fazendo um prejulgamento baseado apenas nos fatos apresentados por Regina Borges.

"Quero ver como vai ficar a situação quando tiver o contraditório. Não temo a verdade e não acredito que outro senador (no caso Arruda) tenha solicitado a violação do painel".

"O que eu acho esquisito é que todas essas denúncias apareceram justamente no momento em que eu fiz uma campanha violenta contra o governo federal. É claro que alguém que tem ou teve interesse naquela votação (processo de cassação de Luiz Estevão) deve estar por trás de tudo isso".

"Vou apresentar as minhas armas no momento certo. Se eu falar antes, muitas coisas podem ser desvirtuadas dentro do contexto", declarou o senador.

Colaborou LUIZ FRANCISCO, da Agência Folha, em Salvador
 

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